CD/EP/LP

AMNUTSEBA – Emanatism (CD 2020)

AMNUTSEBA (França)
“Emanatism” – CD 2020
Iron Bonehead Productions – Importado
9/10

Essa entidade francesa intitulada AMNUTSEBA é um daqueles casos onde o mistério proporciona o pano de fundo necessário para que, de certa forma, a música se torne o elemento mais importante na audição de um material. Primeiramente não há informações sobre quando a banda (ou one-man band ?) foi criada, depois não temos imagens do (s) membros e a única informação real é que o AMNUTSEBA foi criado em Paris, na França.

A certeza inegável na audição desse primeiro e curto álbum de estúdio é que a música aqui se baseia em destruição, em sentimentos negativos em doses não recomendadas e em um caos que vai além do permitido para ouvidos mais sensíveis. Definitivamente “Emanatism” não é um álbum de fácil assimilação, muito menos de agradável audição e aqui as duas situações não são colocadas do ponto de vista negativo, mas como um confirmação de que a estranheza cria experiências sensoriais das mais diversas, proporcionando que a mente se envolva em algo fora do compreensível.

Musicalmente falando o AMNUTSEBA embarca em uma bizarra travessia que traz referências a nomes como Deathspell Omega, Portal, Beherit, Antediluvian e isso por si só os coloca num patamar de criação que foge do convencional, apresentando músicas disformes, dissonantes, absolutamente rudes. A agressividade é imensa, assim como o uso das repetições na criação de uma atmosfera opressora. É como uma representação musical de uma versão Lovecraftiana de “Alice no País das Maravilhosas”, onde criaturas disformes se alternam na tentativa de levar a nenhum pouco inocente Alice às beiras da loucura.

Não há beleza aqui, nenhuma. Há desespero em cada nota e uma sensação de mal estar que fica após a audição do álbum inteiro. Cinco faixas em 36:12 minutos e com títulos como “Abstinence”, “Ungrund”, “.” (sim, o título é apenas um ponto), “Dislumen” e “Tabul”. Lançado em Março do ano passado, esse álbum é uma trilha sonora perfeita para o momento quase esquizofrênico que temos vivenciado.

Não se engane, as piores sensações são evocadas enquanto essa manifestação musical se propaga via ondas sonoras. E o grande trunfo de “Emanatism” é esse. A música não é apenas música, são sensações. E essa percepção faz toda a diferença entre o amar e odiar essa obra. A própria capa do álbum é um testemunho gráfico da obscuridade dessa obra. A distorção e falta de clareza é como a música do AMNUTSEBA. Uma representação da falta da ordem.

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