Arranjos meticulosos, ambientação fria e sombria — construções melódicas interessantes, técnica, precisão, peso e agressividade. Se são esses adjetivos que você procura num trabalho, seja bem-vindo, “Capital Phase Of Karma”, o terceiro álbum da banda colombiana ALTARS OF REBELLION é exatamente o que você precisa ouvir.
A banda foi formada em 1999, com o nome de Rebellion, nome esse que perdurou até 2007 e comportou dois lançamentos: “Fuerzas Ocultas” (demo de 2001) e “Infernal Paradise” (full-lenght de 2003). O segundo full-lenght, intitulado “The Dominant Material Origin” foi lançado em 2011 e marca a troca de nome, na verdade, apenas um acréscimo “Altars Of”. Em 2018 foi a vez do single “Flesh Made Greed” e finalmente três anos depois deste, chega “Capital Phase Of Karma” (lançado oficialmente no início de julho através da mexicana Helvete Records).
Conceitual, o composto disserta sobre os Sete Pecados Capitais — os tais vícios de conduta, formalizados no século VI, quando o papa Gregório Magno, tomando por base as Epístolas de São Paulo, definiu como sendo: gula, luxúria, avareza, ira, soberba, preguiça e inveja. A lista tornou-se “oficial” na Igreja Católica no século XIII, com a Suma Teológica, documento publicado pelo teólogo são Tomás de Aquino. (antes que apareçam dúvidas; não, a banda não é cristã).
Em termos musicais, o trabalho do trio abarca o Symphonic Black e o Death Metal, transitando entre ambos com desenvoltura, com ênfase nos detalhes, nuances e melodias. A produção é propícia, volumosa e nitida, elegante nos momentos mais estudados do disco, como na abertura “Overture Of Sins” e potente no restante das malhas, onde a banda explora técnica e projeta ataques ferozes e precisos.
Precisão e fúria que é desencadeada logo na primeira faixa “Wrath: The Loss Of The Sense”: A bateria guia o ataque acompanhada por riffs certeiros, melodias sabiamente encaixadas nos momentos certos, as orquestrações seguem a mesma lógica, presentes, mas nunca roubando holofotes — completando apenas. Sem qualquer aviso “Avarice: Flesh Made Greed” avança; impiedosa e letal, mas, em simultâneo, grandiosa. As linhas de baixo junto a bateria são matematicamente mortais. “Arrogance: Intuitive” é autoexplicativa, uma aula de como utilizar bem os recursos melódicos em meio ao caos do Metal Extremo.
“Lust: Low Spheres” e “Envy: The Source Particle” dão sequencia ao trabalho: a primeira de maneira mais contida, mas não menos intrincada; a segunda é um puro frenesi; guitarras efusivas e bateria animalesca. “Gluttony: Thirst for Your Throne” é praticamente a siamesa da última citada, porem, com alas sinfônicas e trechos atmosféricos. A bateria novamente rouba a cena, chegando a níveis infernais de velocidade e brutalidade.
“Sloth: The Mother Of All Vices” encerra o disco, e ouvindo e reouvindo o mesmo chego a conclusão que preguiça é algo que esse trio não conhece. Nos primeiros segundos há uma pseudo calmaria, texturas e climas sendo criados, pura farsa, logo a destruição se rompe e tome mais agressão sonora. Perfeito!
“Capital Phase Of Karma” é um lançamento poderoso, altamente técnico e mortífero. Suas composições remetem aos feitos de diversas bandas — ao Dimmu Borgir (em sua época relevante), ao italiano Fleshgod Apocalypse e até mesmo aos gregos do Septiflesh, pós “Sumerian Daemons”. Todavia, não precisamos ir tão longe para ouvir qualidade, a América Latina em sua totalidade possui bandas surpreendentes e o Altars Of Rebellion é uma delas com toda certeza.
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