Guitarras colossais, peso obsceno, escuridão absoluta, criaturas dos confins e 5 devastadoras árias dedicadas ao caos. Em “Abominion”, o mais novo álbum dos americanos do ABSTRACTER, todos os caminhos levam ao fim, e esperança é só uma palavra usada para aumentar a venda das edições de bolso dos dispensáveis livros de autoajuda. Conforto, tréguas ou flâmulas pacifistas simplesmente inexistem nesse trabalho.
A banda foi fundada em 2010 na cidade de Oakland, Califórnia e pratica uma sonoridade assustadoramente letal que soma o Black e o Doom Metal à porcentagens vigorosas de Crust e Sludge Metal. “Abominion” (Sentient Ruin Laboratories) é seu quarto lançamento e revela não apenas uma banda madura, de musicalidade coesa e sólida, mas também dotada de uma inteligência cada vez mais aguçada e expansiva. Equilibrar esses elementos é sempre um dilema — a intenção, por vezes, não se reflete no resultado e o que foi pensado para ser um trabalho singular, acaba por revelar-se como um engodo. Uma sinfonia de disparidades e sobreposições.
Esse dilema simplesmente não existe no universo musical sem luzes do ABSTRACTER, onde tudo é impactante, insólito, obsidiano e bruto, mas milimetricamente pensado e encaixado.
“Eclipse Born” é a perfeita oposição a tudo que é belo, delicado e onírico. Guitarras corrosivas, ambientações conflituosas e momentos que vão da pura intransigência do caos a uma calmaria acinzentada, fria e insípida. “Warhead Twilight” é lava negra em movimento — sufocante e negativa em medidas ainda não estabelecidas pela matemática.
“Tenebrae” e “Abyss Above” são temas não recomendados para quem recorre à ansiolíticos e antidepressivos, na verdade, elas causam efeitos que são totalmente opostos aos mesmos. São altamente amargas e opressivas. “Lighteater” é a derradeira pá de miséria e angústia lançada sobre o ouvinte. Literalmente e genuinamente, uma ode ao declínio.
Tudo em “Abominion” é tóxico, repulsivo e desesperançoso. Do primeiro segundo de “Eclipse Born” até o último suspiro da supracitada “Lighteater”, tudo que se ouve é a degradação e a miséria da humanidade embaladas em riffs cáusticos e vocalizações torturantes. Temas introspectivos, momentos de doce melancolia, fragmentos poéticos e estâncias melífluas simplesmente não existem aqui. Sem suavizações ou mentiras reconfortantes, sem pílulas sorridentes ou anestésicos, apenas o fim inevitável em seus grotescos trajes de gala.
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