Desde 2008, o FATHER BEFOULED vem se consolidando como um dos pilares do Death Metal profano e tenebroso dos Estados Unidos. O quarteto de Atlanta, no Estado da Geórgia, é uma espécie de bola de segurança, preservando sua abordagem intacta e não decepcionando nunca.
A espera pelo quinto álbum de estúdio, após quase cinco anos do sólido “Desolate Gods”, de 2017, enfim encerrou-se. A banda disponibilizou o excepcional “Crowned in Veneficum” para streaming em 25/03, com as versões físicas e digital lançadas pelo selo italiano “Everlasting Spew Records”.
Começando pela capa, a arte obscura do canadense “Kevin Rita” tem traços abstratos, mas resulta em um retrato blasfemo facilmente reconhecível. Forma uma paleta mórbida de tons de azul e dourado, cercados por muito preto, claro. Combina perfeitamente com o título do álbum e garante o primeiro impacto, mantendo a heresia da velha escola.
A escolha de “Unheavenly Catechesis” para abrir o disco foi decididamente acertada, já que esse som tem um pouco de tudo que se espera do FATHER BEFOULED: Atmosfera vil e decaída, bateria truculenta, alternando blasts implacáveis e partes lentas e venenosas bem Doom, guitarras superpotentes e pútridas, conjurando riffs em tremolo, leads e solos hipnóticos, e os vocais das profundezas a la “John McEntee”.
O baterista “Amos Rifkin” (DECEASED, ENCOFFINATION) estreou no lineup da banda em 2018, sendo este o seu primeiro registro completo de estúdio gravado com o FATHER BEFOULED. Sua expertise fica evidente ao longo da obra, técnico e vibrante, independente do ritmo.
As acelerações brutais são exploradas com perfeição, e em diversos momentos, interrompidas de súbito pelos segmentos lentos e de peso absurdo, irresistíveis e típicos do clássico Death Doom Metal. Algumas das levadas mais lentas beiram o Funeral Doom, como em “Dethroned Enslavement” e “Utter Abomination”.
“Salivating Faithlessness” é outro destaque individual, composição que balanceia engenhosamente os ataques repletos de fúria do Death old school com a podridão e tom ameaçador do Death Doom Metal.
“Katabatic Deliverance” também empolga pela insanidade das levadas e dos solos de guitarra, que por vezes embrenham-se em meio aos riffs, gerando a partir dessa fusão uma monstruosidade abjeta e sórdida. Ou seja, perfeição aos nossos ouvidos.
Os vocais permanentemente guturais do fundador e guitarrista “Justin Stubbs” também valem menção. A imundície da sonoridade da banda perderia muito sem suas entoações convincentemente sobrenaturais e atrozes.
Concluindo, “Crowned in Veneficum” é memorável. Uma aula do genuíno Death Metal formulado e celebrado pela escola de instituições como INCANTATION e IMMOLATION. Além destas, são referências: DEAD CONGREGATION (GRE), CRUCIAMENTUM (GBR), IGNIVOMOUS (AUS), GRAVE MIASMA (GBR), ENCOFFINATION (EUA), DRAWN AND QUARTERED (EUA), MALIGNANT ALTAR (EUA).
Tracklist abaixo, duração total de 36:16 minutos:
1 – “Unheavenly Catechesis”
2 – “Salivating Faithlessness”
3 – “Dethroned Enslavement”
4 – “His Throne Decayed” (Instrumental)
5 – “Miasmas of Sodom”
6 – “Katabatic Deliverance”
7 – “Enlightenment of Torture”
8 – “Euphoria of Accepted Suffering” (Instrumental)
9 – “Utter Abomination”