Os poloneses veteranos do DECAPITATED têm muita história pra contar, incluindo algumas trágicas, como a que envolveu o acidente automobilístico e posterior falecimento do batera “Vitek” em 2007; mudanças de line up e na sonoridade. O Death Metal oldschool dos primórdios, aliado ao Tech Death impecável do final dos anos 90 até mais ou menos 2006 (quando saiu o bom disco “Organic Hallucinosis”) se transformou num som com muito mais Groove, ainda virtuoso, porém bem mais acessível nos discos mais recentes.
A trinca “Winds of Creation”, “Nihility” e “The Negation” é fantástica, e possui muitas das melhores músicas que marcam o estilo Tech Death. Uma diferença fundamental do DECAPITATED em relação ao monte de bandas produzindo o som ultra técnico, é que aos poloneses nunca faltou inspiração e bom gosto nas composições (ao menos naquele ponto). As músicas são brutais, desafiadoras, mas possuem alma. Não soam como meras máquinas tocando, e são centradas nos riffs fantásticos e melodias contagiantes do “Vogg”, que nessa época tocava e compunha como poucos. O timbre de guitarra desse cara é um dos melhores que eu já ouvi.
Esse relançamento da “The First Damned” é mais que bem-vindo. Trata-se de uma compilação que saiu originalmente em 2000 pelo selo polonês “Metal Mind Productions”, e que ganha uma reedição atual caprichada pela gigante “Nuclear Blast” em CDs, discos de vinil, versão digital e em fitas cassete.
O material abrange as duas demos fudidas da banda, “Cemetereal Gardens” de 1997 e “The Eye of Horus” de 1998. A ordem cronológica foi invertida na compilação, a demo mais recente abre o CD, com as sete primeiras músicas. As cinco finais representam a mais antiga.
A beleza desse play é justamente o fato de contar com o material primordial da banda, quando a fome e o sangue nos olhos se uniam à técnica fora de série dos caras, que inacreditavelmente eram adolescentes com idades variando entre 12 e 16 anos. Além disso, havia muito mais campo a ser desbravado no Tech Death Metal.
Não é difícil entender por que as gravadoras colocaram a segunda demo pra tocar primeiro. A demo “The Eye of Horus” é boa demais. A sequência apresentada com a música título, “Blessed”, “The First Damned” e “Nine Steps” é absolutamente devastadora.
A outra demo “Cemetereal Gardens”, apesar de mais curta, é quase tão boa quanto. Somando-se as duas, temos a base do álbum de estreia dos caras em 2000, o hoje clássico “Winds of Creation”. Vale destacar que o som dessa compilação supera em qualidade o do disco…
Algumas das músicas não saíram nos álbuns de estúdio, como “Destiny”, “Ereshkigal” e “Cemetereal Gardens”. São sons com a marca registrada da banda, ótimas e tecnicamente impressionantes. Por outro lado, soam mais voltadas ao Death Metal tradicional, são menos pirotécnicas (mais que compreensível, pela idade média dos meninos). A quantidade de riffs contida nessa compilação seria suficiente, no mínimo, para a gravação de dois álbuns.
Excelente compilação, material muito legal de se ter. A qualidade é absurda, tanto das músicas quanto das gravações. Incrível ouvir como eles, ainda moleques, detonavam e se destacavam em termos de composição e performance. Para fãs de NILE (EUA), HATE ETERNAL (EUA), NECROPHAGIST (ALE), PSYCROPTIC (AUS), SPAWN OF POSSESSION (SUE), CRYPTOPSY (CAN), GORGUTS (CAN).
Relação das doze faixas que integram a compilação,totalizandoos 46:43 minutos de duração:
1 – “Intro”
2 – “The Eye of Horus”
3 – “Blessed”
4 – “The First Damned”
5 – “Nine Steps”
6 – “Dance Macabre”
7 – “Mandatory Suicide” (Cover do SLAYER)
8 – “Intro”
9 – “Destiny”
10 – “Way to Salvation”
11 – “Ereshkigal”
12 – “Cemetereal Gardens”
Destaques: A sequência abrangendo “The Eye of Horus” até “Nine Steps” é matadora. São quatro pedradas que simbolizam o melhor já produzido no mundo em termos de Death Metal Técnico e, ao mesmo tempo, brutal. O cover do SLAYER ficou muito bom, a estrutura da música foi respeitada e a brutalidade foi adicionada com sucesso, sem desfigurá-la.