CD/EP/LP

DREAD SOVEREIGN – Alchemical Warfare (CD 2021)

DREAD SOVEREIGN (Irlanda)
“Alchemical Warfare” – CD 2021
Metal Blade Records – Importado
8,5/10

O prolífico Adam Averill “Nemtheanga” é um artista irlandês multifacetado, atuando como jornalista (escreve para a Zero Tolerance Magazine, revista britânica especializada em Metal Extremo com edições impressas bimensais), compositor, engenheiro de som, desenhista e ilustrador de backdrops e banners para bandas, fotógrafo e… músico!

DREAD SOVEREIGN é o projeto que ele fundou em 2013 em Dublin, capital irlandesa, com o intuito de produzir Doom Metal de elevados níveis de qualidade e pureza, já que o som contém poucos elementos estranhos ao subgênero. Os esforços de “Nemtheanga” como compositor, vocalista e baixista somam-se aos de Johnny “Con Ri” King (Bateria) e “Bones Huse” (Guitarra), materializando seu antigo desejo de tocar algo diferente do Pagan / Folk de sua banda principal, o aclamado PRIMORDIAL.

Até o momento, o projeto rendeu um EP em 2013 (Pray to the Devil in Man) e três álbuns Full Length, o primeiro em 2014 (All Hell’s Martyrs), o segundo em 2017 (For Doom the Bell Tolls) e o atual “Alchemical Warfare”, lançado em janeiro de 2021, primeiro fruto da migração da banda para a Metal Blade Records.

Sob oespectro musical é certo afirmar que o Doom Metal destilado pela banda é puro,o que não se aplica aos temas líricos. O foco é dividido entre assuntos antirreligiosos e satânicos (condizentes com a origem Black Metal do líder) e medievais, como bruxaria e a relação de poder desproporcional entre clero / estado e população subjugada.

Exemplificando, um trecho pinçado da quarta e grandiosa faixa “Nature is the Devil’s Church” com tradução livre sob parênteses:

The Philosopher’s Stone the devil’s plan” (A pedra filosofal, o plano do diabo)

“The alchemy within each woman and man” (a alquimia dentro de cada mulher e homem)

“The spark of life the clenched fist” (a centelha da vida, o punho cerrado)

“The beating heart of all that exists” (o coração pulsante de tudo que existe)

“Nature is the devil’s church” (a natureza é a igreja do diabo)

“So give praise and do his work” (então dê louvores e faça o trabalho dele)

A sonoridade está fundamentada na abordagem direta ao Doom, com atmosfera densa e intimidadora, instrumental épico onde destaca-se o trabalho de guitarras (muito peso, timbres graves, riffs titânicos e belíssimos solos), bateria e baixo corretos e performados com classe. Os vocais de “Nemtheanga” são sempre marcantes, carregados de emoção e teatrais, e incorporam uma aura única a quaisquer projetos dos quais ele participe. No DREAD SOVEREIGN eles são ultra potentes e colocam-se merecidamente à frente, conferindo grande impacto à obra. No campo do Doom, pode-se associar ao som da banda àquele desenvolvido por SAINT VITUS (Estados Unidos),MAEL MÓRDHA (Irlanda), REVEREND BIZARRE (Finlândia), PAGAN ALTAR (Reino Unido) e algumas bandas que gravitam em torno do Epic Heavy Metal/Doom, como THE WEIRD LORD SLOUGH FEG, DAWNBRINGER e BROCAS HELM (todas dos Estados Unidos), 

O chute inicial se dá com a curta instrumental “A Curse of Man” que conta com algumas vozes murmurando palavras ininteligíveis e uma gargalhada diabólica.“She Wolves of the Savage Season” abre propriamente o tão aguardado Doom com ritmo cadenciado e ameaçador até a entrada triunfal dos vocais de Nemtheanga. É a faixa mais extensa do play, bastante diversa em ritmos e impetuosa, dona de lindos solos de guitarra que a trazem de volta ao ritmo mais arrastado e tétrico. “The Great Beasts We Serve” é mais curta, calcada em riffs majestosos e novos solos impressionantes. “Nature isthe Devil’s Church” equivale a uma obra-prima do estilo, traz à tona o som uptempo de alguns clássicos do CANDLEMASS. Foi promovida como single pela banda. “Her Master’s Voice” é tipicamente Doom, e cresce de maneira épica no decorrer dos seus oito minutos. “Viral Tomb” é um breve interlúdio de um minuto, serve apenas para gerar mais expectativa. “Devil’s Bane” é a sétima faixa, composta com uma das letras mais blasfemas do álbum eum show das guitarras de “Bones”. “Ruin Upon the Temple Mount” é a última autoral do disco, um monumento de atmosfera desafiadora, peso e agressividade; “You Don’t Move Me (I Don’t Give a Fuck)” encerra os trabalhos, um ótimo cover com veia Black / Thrash / Crustdo seminal BATHORY(Suécia).

O álbum é provavelmente o melhor do DREAD SOVEREIGN até o momento. Composto pelas primeiras oito faixas autorais e a nona e última, um cover deum som de 1983 do BATHORY que só foi lançado em 1992 na compilação Jubileum – Volume I:

1 – “A Curse on Man”

2 – “She Wolves of the Savage Season”

3 – “The Great Beast We Serve”

4 – “Natureis the Devil’s Church”

5 – “Her Master’s Voice”

6 – “Viral Tomb”

7 – “Devil’s Bane”

8 – “Ruin Upon the Temple Mount”

9 – “YouDon’t Move Me (I don’t Give a Fuck) – Bathory Cover””

Duração Total: 51:52 minutos

Destaques: “Nature is the Devil’s Church” e “Her Master’s Voice” são faixas individualmente muito fortes, criadas com todos os traços essenciais às melhores músicas do Doom Metal.

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