Por muitos anos uma das coisas que sempre senti falta no cenário nacional era a diversidade sonora no metal nacional. Apesar da qualidade de nossas bandas, tínhamos bandas calcadas em sonoridades muito específicas, mas isso hoje em dia mudou totalmente, o que é realmente benéfico para o crescimento da cena musical pesada e para um amadurecimento da cena como um todo. Podemos encontrar grandes bandas tocando os mais diversos tipos de metal.
O LITOSTH é oriundo de Caxias do Sul e detona um melodic death/black metal de qualidade gigantesca. A começar pela produção excelente, “Crossed Parallels of Self Refraction” é um álbum de uma banda madura e isso é inegável. As composições da banda fluem e a melodia perpassa por todas as músicas criando uma conexão muito natural entre elas. “Desertis Translaticiis (Foundling Wheels and Baby Hatches)” abre o álbum de forma magnífica, mas é na segunda composição “Vivid Flatliners” que tudo vai para outro patamar. Música belíssima, com uma linha melódica muito envolvente e totalmente emocional. O uso de vocais limpos foi feito de forma perfeita e semelhanças com o Borknagar não podem deixar de serem percebidas, mas são apenas detalhes aqui e ali.
A qualidade se mantém na quase delicada “The Ashes of our Discontent”. O baterista Leonardo Pagani (MYSTERIIS/RJ – músico convidado) fez um belíssimo trabalho aqui com arranjos muito interessantes com o seu instrumento. Aliás, os arranjos dessa música são de um bom gosto ímpar. Até momento é a música que mais gostei. “Kharmic Meditations” apresenta mais velocidade e mostra que o LITOSTH também se aventura por praias mais extremas, mas sempre mantendo sua música dentro de seu controle e linha musical.
Outra música que gostei muito foi a cadenciada “Inanis Carnis” (que feeling), assim como “400-790 Terahertz Landscapes” que soa como na fase mais atual do Rotting Christ em alguns arranjos e melodias. “Litosth I” começa de forma melancólica e oferece um feeling gigantesco. “Litosth II” mantém o feeling, mas coloca mais energia e alguns vocais cantados sensacionais. Fechando o álbum vem uma das faixas bônus mais fodas que já vi em um álbum.
O que já poderoso nas faixas do disco vai a outro nível com a belíssima “Universe of Me”, que une de forma orgânica o belo e o extremo. Uma coisa é fato, se esses caras estivessem na Europa iriam crescer muito e estariam tocando em todos aqueles festivais. Então não seja um cego, abra os olhos para o que tem sido feito no nosso país. Apoie essas bandas, adquira o material. Não espero que os outros digam que é bom para só então aceitar um fato. Soberbo !