Já não é de hoje que os ingleses do NAPALM DEATH se aventuram em terrenos musicais fora do convencional, talvez como forma de expressão não limitante de sua própria proposta, mas também é fato que isso criou uma discografia com muitos altos e baixos, onde ainda que a liberdade artística seja uma constante digna de nota, o resultado final nem sempre seja o mais satisfatório para os fãs da banda, principalmente os mais antigos.
“Throes of Joy in the Jaws of Defeatism” é mais um desses álbuns que transita livremente entre diversos estilos, criando experiências musicais muitas vezes contraditórias. Musicalmente temos um álbum que vai em direções onde o grind mais tradicional cruza constantemente com elementos de industrial e até mesmo coisas mais afastadas desse espectro sonoro como pós-punk, isso ficando muito evidente em algumas experiências vocais. E são exatamente nesses momentos de amplitude musical que o álbum cai em qualidade. Faixas como “Fuck the Factoid”, “That Curse of Being in Thrall” (a melhor música do álbum disparada) e “Acting in Gouged Faith” seguram o álbum com sua selvageria, brutalidade e elementos grindcore misturados a uma energia totalmente punk.
Essas três faixas são realmente foda. Mas há momentos totalmente redundantes como em “Backlash Just Because” com um começo legal, mas que se perde totalmente em boa parte de sua duração, se reencontrando novamente quando a velocidade se impõe. “The Contagion” poderia ser uma das melhores faixas, mas quando a coisa se torna quase um Fear Factory aí realmente ela deixa de ser interessante, mas ainda assim é bem melhor do que a totalmente desnecessária “Joie de ne pas Vivre”, uma música que mesmo escutando algumas vezes sumiu totalmente da minha cabeça. O andamento hipnótico de “Invigorating Clutch” a faz uma faixa bem cansativa. Felizmente “Zero Gravitas Chamber” vem jogar adrenalina nessa audição e sua energia e caos sobem o nível novamente. Me pergunto porque não focar nessa energia ? (a resposta até pode ser óbvia).
As outras músicas do álbum vem crescendo ou se apagando a depender do nível de experimentalismos que oferecem. “Fluxing of the Muscle” e “Amoral” são momentos interessantes, enquanto “A Bellyful of Salt and Spleen” é uma música que realmente me fez perder mais de 4 minutos de vida. Totalmente desnecessária. Logicamente não tenho aqui uma receita de como se fazer um disco “foda” do Napalm Death, pois essa é uma decisão da banda e apenas da banda, mas o velho fã fala mais alto e espera sempre um disco à altura dessas expectativas. Saudosismo ? Recusa de enxergar além do óbvio ? Sim.
Ainda lembro com alegria dos momentos em que minha vizinha ia a loucura enquanto eu ouvir “F.E.T.O.” em volumes cada vez mais proibitivos como vingança por ela me acordar aos domingos ouvindo músicas católicas. hehehehe
Mas como eu sempre digo em reviews onde talvez a minha opinião não coincida com a da massa, ouça e tire suas conclusões. Agora uma coisa que realmente achei incrível nesse novo álbum foi a arte da capa, que traz uma mensagem poderosa.