Em tempos de propostas musicais ditas “revolucionárias”, onde o desconexo precisa ser encarado como expressão artística é realmente um bálsamo ouvir bandas como o KATAVASIA que lançam música onde o feeling comanda a música. Esse novo álbum desses gregos é realmente mágico em sua proposta, pois traz o que de melhor o metal extremo helênico foi capaz de criar desdes seus primórdios.
Apesar de uma capa que tem sido bastante criticada (e que eu realmente achei bem legal) esse “Magnus Venator” é um álbum que oferece tudo aquilo que esperamos de uma verdadeira banda do black metal grego. Há velocidade com melodia como na incrível e belíssima faixa “Daughter of Darkness”, onde o feeling transborda, inclusive com referências ao heavy metal mais tradicional. Nessa mesma linha ainda temos uma que considero das melhores músicas do álbum, a poderosa “Cthonic Oracle”. O riff principal dessa música é lindo.
Para quem aprecia aquela velha bateria prensada (ou jogada como chamávamos na época em que conhecemos essa cena) “Blood be My Crown” vai te mostrar o metal grego em sua glória. Ainda seguindo esse lado épico “The Tyrant” também se apresenta de forma magnífica. A faixa “Saturnalia Magnus Cult” é uma viagem étnica pelas brumas do tempos, quando os rituais e festividades do mês de dezembro honravam o deus Saturno, festa essa que seria usurpada e deturpada pelo pernicioso cristianismo. Uma das faixas mais diferentes é “Triumphant Fate” que me remeteu aos velhos tempos da antiga Holy Records, com influências um pouco mais diversas, mas ainda assim evocando o espírito ancestral de bandas como Varathron e Rotting Christ.
“Sinistral Covenant” e “Hordes of Obliveon” ditam seu ritmo de forma equilibrada, criando uma combinação perfeita de partes mais rápidas com momentos mais épicos, mas realmente o ápice desse álbum está reservado a quem chega à sua última música, e épica black e heavy metal “Babylon (Sammu-rawat)”. Não posso afirmar quantas vezes voltei e ouvi novamente essa pequena obra-prima, mas foram muitas.
É improvável que outro álbum de black metal lançado em 2020 supere a majestade de “Magnus Venator”, pois não se trata apenas de uma estética visual ou pseudo ideológica, mas de uma manifestação de pura magia musical calcada em milênios de tradições e melodias passadas de pai para filho. Soberbo !