WISDOM – Saint Algolagnia Immaculate (CD 2024)

 Infelizmente na América do Sul não é fácil viver de Heavy Metal e pior ainda é fazer parte da cena extrema, seja aqui no Brasil ou no Paraguai, toda a miséria social e espiritual que existem no  continente, fortemente influenciado pelo cristianismo e contestar esses valores através da arte é pior ainda.

 Diretamente de Asunción, Paraguai, vem a horda Wisdom, comemorando 35 anos de lutas no submundo e hasteando a bandeira do metal negro sul-americano, lançaram em 2024 o seu quarto artefato intitulado “Saint Algolagnia Immaculate”.

 Los hermanos, demoraram 16 anos para lançar o sucessor de “Sacra Privata”, (2009) mas garanto que para quem é admirador da banda ou quem aprecia um metal negro bem feito e executado, com raízes no submundo e comprometimento com a suprema arte negra, eis aqui um artefato perfeito em todos os quesitos! 

O play contém 9 salmos negros  aqui um Black Metal muito bem trabalhado e executado, com partes rápidas e outras cadenciadas, com partes sinfônicos em algumas músicas e passagens progressivas, atmosféricas e furiosas.

O play abre com uma introdução  chamada: “157”. E pela intro você já sabe que vêm coisa boa por aí…É uma peça no piano, que me remeteu ao compositor polonês Chopin, mas é uma composição própria da musicista Analía Torres (Ánima) que se encarregou das partes de pianos e teclados, e que agregou muito a sonoridade da banda.

E aí temos uma sequência matadora com as faixas: “Totentanz”, “Sun Made Flesh” e “Creatrix”. Sinceramente é até difícil escolher um destaque, porque são faixas matadoras! Tudo aqui é bem feito, bem elaborado e lapidado. Excelente qualidade musical e uma ótima produção. Composições bem arranjadas  e bem executadas, mostrando que o trio formado por: Khaos,na guitarra, Pomber RG, que gravou também as guitarras e baixo, além de Seldrack L.K., nos vocais e bateria, estamos diante de músicos capacitados e gabaritados em seus instrumentos, que gostam e vivem o que se propuseram a fazer. Ou seja: Black Metal! 

A sonoridade deles tem muito do velho Metal Negro dos anos 90, só para vocês terem uma referência: tem muito dos primeiros discos do Dimmu Borgir dos início dos anos 90, bastante de Dissection, principalmente nas partes de  guitarras mais  trabalhadas e melódicas, além de Limbonic Art, na parte mais técnica, progressiva e viajante. Mas como sempre friso: essas bandas são influências e não chupação das mesmas. O Wisdom tem identidade própria. Tem essas influências, mas com o jeito sul-americano de fazer Metal Extremo, visceral e frio!

A próxima faixa, “Amavasha”, tem  convidados especiais além de Anália Torres no teclado e vocais adicionais, tem também o vocalista Zethyaz, do Sabbaoth,  e um solo de George Emmanuel, (Lucifer’s Child, ex-Rotting Christ) que ficou uma maravilha. Essa faixa é poderosa! Com partes mais aceleradas e os vocais rasgados e partes lentas e brutais.

E seguimos para o final desse trabalho com mais hinos negros: “Black Psalm”, “Qliphotic Womb”, “Kelippath Nogah” e “Saint Algolagnia Immaculate”. “Black Psalm” é mais rápida e violenta, assim como Qliphotic Womb vai nessa vibe mais brutal principalmente pela pegada da bateria mais reta e brutal.

Aquele Black Metal frio e ríspido dos anos 90, com guitarras e bases magníficas, e no final da música passagens de piano, cria um clima de trilha sonora e nos passa um sentimento frio e de desespero. As duas últimas, “Kelippath Nogah” e “Saint Algolagnia Immacule”, são duas faixas matadoras! Parabéns para a dupla de guitarristas que comandam as 6 cordas com maestria bases, solos e riffs intensos,trabalhados, gélidos e técnicos. Sinceramente fazia muito tempo que um álbum de Black Metal não me chamava tanto atenção. Um pouco mais de 45 minutos, nove hinos negros versando sobre ocultismo, filosofia e misantropia, com muita brutalidade, melodia, técnica e um trabalho que não enjoa e te leva para uma dimensão fria e obscura. Tudo neste trabalho é harmonioso, é magnífico!

 Achei interessante os teclados e pianos, adicionado ao trabalho cria um clima tétrico, sinfônico sem ser chato, mantendo a fúria e a aura obscura do estilo, tudo isso com um vocalista que mescla vocais mais limpos, vocais rasgados, vocais áspero e coros bem encaixados. Realmente o Wisdom lançou um grande trabalho que mantém sua identidade, porém deu um passo à frente, na sua jornada e na sua evolução musical, sem perder suas raízes no submundo. Com produção da banda em parceria com o produtor Gabriel Colmán. Gravação, mixagem e masterização, no Mix Recording Studio, por Colmán. Arte e design do álbum por Luigi Benítez. Eis a besta do sul!

Tracklist:

-157
-Totentanz
-Sun Made Flesh
-Creatrix
-Amavasha
-Black Psalm
-Qliphotic Womb
-Kelippath Nogah
-Saint Algolagnia Immaculate

ENGLISH VERSION:

Unfortunately, in South America it’s not easy to make a living from heavy metal and even worse to be part of the extreme scene, whether here in Brazil or in Paraguay, all the social and spiritual misery that exists on the continent, strongly influenced by Christianity, and challenging these values through art is even worse.

 Directly from Asunción, Paraguay, comes the Wisdom horde, celebrating 35 years of fighting in the underworld and flying the flag for South American black metal, who in 2024 released their fourth artifact entitled “Saint Algolagnia Immaculate”.

 It took Los Hermanos 16 years to release the successor to “Sacra Privata” (2009), but I can assure you that for anyone who is an admirer of the band or who appreciates well-made and executed black metal, with roots in the underworld and a commitment to the supreme black art, here is an artifact that is perfect in every respect!  The play contains 9 black psalms, here a very well crafted and executed black metal, with fast and slow parts, with symphonic parts in some songs and progressive, atmospheric and furious passages.

The play opens with an intro called “157”. It’s a piano piece, which reminded me of the Polish composer Chopin, but it’s a composition by the musician Analía Torres (Ánima) who was in charge of the piano and keyboard parts, and which added a lot to the band’s sound.

And then we have a killer sequence with the tracks: “Totentanz”, “Sun Made Flesh” and “Creatrix”. Honestly, it’s hard to choose a highlight, because these are killer tracks! Everything here is well done, well crafted and polished. Excellent musical quality and great production. Well arranged and well executed compositions, showing that the trio formed by: Khaos, on guitar, Pomber RG, who also recorded the guitars and bass, as well as Seldrack L.K., on vocals and drums, we are faced with musicians who are qualified and skilled in their instruments, who enjoy and live what they set out to do. In other words: Black Metal! 

Their sound has a lot of the old Black Metal of the 90s, just so you have a reference: there’s a lot of Dimmu Borgir‘s first albums from the early 90s, a lot of Dissection, especially in the more elaborate and melodic guitar parts, as well as Limbonic Art, in the more technical, progressive and traveling part. But as I always emphasize: these bands are influences and don’t suck. Wisdom has its own identity. It has these influences, but with the South American way of doing extreme metal, visceral and cold!

The next track, “Amavasha”, has special guests in addition to Anália Torres on keyboards and additional vocals, as well as vocalist Zethyaz, from Sabbaoth, and a solo by George Emmanuel, (Lucifer’s Child, ex-Rotting Christ) which is wonderful. This track is powerful! With faster parts and raspy vocals and slow, brutal parts.

And we move on to the end of this work with more black anthems: “Black Psalm”, “Qliphotic Womb”, “Kelippath Nogah” and “Saint Algolagnia Immaculate”. “Black Psalm” is faster and more violent, while ‘Qliphotic Womb’ has a more brutal vibe, mainly due to the straight and brutal drumming.

That cold, harsh Black Metal from the 90s, with magnificent guitars and basslines, and piano passages at the end of the song, creates a soundtrack atmosphere and gives us a cold, desperate feeling. The last two, “Kelippath Nogah” and “Saint Algolagnia Immacule”, are two killer tracks! Congratulations to the duo of guitarists who masterfully command the 6-string with intense, hard-working, icy and technical bases, solos and riffs. Honestly, it’s been a long time since a black metal album caught my attention. A little over 45 minutes, nine dark hymns about the occult, philosophy and misanthropy, with a lot of brutality, melody, technique and a work that doesn’t bore you and takes you to a cold, dark dimension. Everything about this work is harmonious, it’s magnificent!

 I found the keyboards and pianos interesting, adding to the work and creating a tetrical, symphonic atmosphere without being boring, maintaining the fury and obscure aura of the style, all with a vocalist who mixes cleaner vocals, raspy vocals, harsh vocals and well-placed choruses. Wisdom has really released a great piece of work that maintains its identity, but has taken a step forward in its journey and musical evolution, without losing its roots in the underworld. Produced by the band in partnership with producer Gabriel Colmán. Recording, mixing and mastering by Colmán at Mix Recording Studio. Album artwork and design by Luigi Benítez. Behold the beast from the south!

Tracklist:

-157
-Totentanz
-Sun Made Flesh
-Creatrix
-Amavasha
-Black Psalm
-Qliphotic Womb
-Kelippath Nogah
-Saint Algolagnia Immaculate