“Omnes Nihil” – EP 2021
Independente – Digital
8,5/10
A entidade denominada VUKARI foi formada em 2013 em Chicago, e vem desde então produzindo uma forma agressiva e pungente de Black Metal Atmosférico, dotado de elementos, características e tendências menos ortodoxas e mais atuais, como o Blackgaze e o Post-Metal. É, também, lar do talentoso músico polonês ”Marek Cimochowicz”, que aqui atua como vocalista, guitarrista e tecladista.
Os três álbuns de estúdio já lançados apresentam nível ascendente de qualidade, culminando no excelente “Aevum”, de 2019. Recomendo muito ao leitor que conheça esse trabalho. Esse ano vemos o retorno deles aos holofotes, com o lançamento recente do EP “Omnes Nihil”, realizado independentemente, apesar do vínculo da banda ao selo “Vendetta Records”, da Alemanha.
Interessante pontuar que, o fato de os músicos desenvolverem um estilo menos tradicional de Black Metal não implica, em nenhum momento, que a sua sonoridade fique comprometida, perca em qualidade de atmosfera, ou até mesmo dos pontos de vista de intensidade e peso.
A primeira prova disso é a faixa de abertura do Play, a intensa “Despondent”. A agressividade evidente parte, sobretudo, do trabalho de percussão de “Mike DeStefano” e dos vocais de “Cimochowicz”. As guitarras (“Jace Kiburz” completa a dupla de seis cordas) e teclados conjuram a atmosfera densa e de extrema tensão, que prospera mediante a sobreposição inteligente de camadas Post-Black, fazendo contraponto à cólera da seção rítmica.
“Omnes Nihil” divide o título em latim com a obra, que pode ser traduzida como “Tudo e Nada”. Os blasts prosseguem conduzindo o som com brutalidade, enquanto as guitarras disparam leads dissonantes, ora doentios e de melodias que se sobressaem pela beleza e melancolia. O baixo de “Spenser Morris” ganha destaque e aprofunda a sensação claustrofóbica, de pesadelo digno dos filmes recentes de grandes diretores atuais do Horror, como a trinca “Eggers”, “Aster” e “Peele”.
“The Weight of Dejection” é a faixa mais atmosférica de fato, desde o seu início enigmático e cadenciado, onde se destacam os riffs mais climáticos, os ótimos sintetizadores e o baixo pulsante. É também a faixa mais curta, que funciona quase como uma espécie de portal, em transição para a épica peça de encerramento.
“Saturn in the Eighth House” emenda na antecessora, e ganha corpo lentamente, tornando-se cada vez mais magnífica e ameaçadora, tal qual a vista em aproximação do corpo celeste do seu título (assista ao filme “Interestelar” e você entenderá melhor a referência). Do alto dos seus nove minutos, não há pressa em afirmar-se. Os riffs encorpam a partir dos três minutos, e indicam o ponto de virada, onde o som ganha velocidade e natureza hipnótica. Quando o ouvinte imagina estar totalmente imobilizado pelo transe, a direção muda novamente, e o som volta a marchar lentamente, e com grandiosidade, finalizando a audição com impacto positivo inegável.
EP de excelente qualidade do VUKARI, dando prosseguimento à construção de uma discografia cada vez mais sólida, e criando expectativa pela próxima obra completa de estúdio. Recomendável aos fãs de bandas como ASH BORER (EUA), FELL VOICES (EUA), WEAKLING (EUA), SKAGOS (CAN), DEATHSPELL OMEGA (FRA), PANOPTICON (EUA), ALTAR OF PLAGUES (IRL), DARKSPACE (SUI).
Tracklist do EP a seguir, totalizando 24:59 minutos de duração:
1 – “Despondent”
2 – “Omnes Nihil”
3 – “The Weight of Dejection”
4 – “Saturn in the Eighth House”
