Entrevistas

VOLKMORT – Com o famigerado death/doom correndo nas veias…

Fomos conversar com Tuka Deathos, baixista da banda de Death Doom Metal catarinense Volkmort e ele nos fala um pouco mais sobre planos e futuros da banda. ” Na banda cada integrante ouve gêneros de metal diferentes, mas todos apreciam muito a trinca Black, death e doom metal…”

Saudações Doomers da Volkmort!  Obrigado por aceitarem participar do The Old Conffin Spirit zine & Portal.  Eu gostaria de saber se vocês estão satisfeitos com o Debut – CD ” Battle Desolation ”  lançado em 2019? Foi opção da banda lançá-lo independente e assim ter mais controle sobre  a obra da banda?

Tuka “Deathos”:  Obrigado Waltinho e o The Old Conffin Spirit  em nome dos meus irmãos agradeço o espaço para divulgar um pouco mais sobre a banda. Sobre o lançamento do disco, estamos satisfeitos com o resultado, pois ele sintetiza bem o som que fazemos, conseguimos conectar bem as ideias por trás das letras com a músicas. Em relação a nossa decisão de lançá-lo naquele momento, entendemos que era hora, já tínhamos um bom material composto e ensaiado, faltavam alguns detalhes importantes para inclusão de uma segunda guitarra, eram músicas inéditas, composições mais maduras, sendo assim, para coroar a entrada do nosso irmão Eduardo “ Necro Abhorrence “ que somou ativamente em todas as composições, assim como no processo de gravação e mixagem, materializamos esse disco.

A banda chegou a fazer muitos shows para divulgá-los?  Como foi a aceitação desse trabalho pelos insanos Metalheads e mídia especializada ?

Tuka “Deathos”:  Sobre os shows, não somos uma banda que prioriza shows ao vivo, mas em 2019 que foi o ano de lançamento, fizemos muitas apresentações para divulgá-lo e recebemos muitas resenhas positivas, inclusive sendo eleito como o melhor lançamento do gênero naquele ano por diversas mídias, o que nos mostrou que havíamos feito algo de qualidade.

Eu realmente queria parabenizá-los pelo ótimo trabalho!  Battle Desolation é um ótimo trabalho. Carregado de peso, passagens lentas, ríspidas e que nos remete a velha escolha do Death Doom Metal e com uma ótima produção.  Para mim, me traz  lembranças dos primeiros My Dying Bride e Incantation. Mas são influências e não meras  cópias descaradas. Gostaria de saber que outras bandas passam por suas influências na hora de compor para a  banda ?

Tuka “Deathos”:  Obrigado pelo reconhecimento, realmente nós gostamos de fazer música com esses elementos que você citou, pra nós é algo natural e estimulante, a coisa realmente flui. Na banda cada integrante ouve gêneros de metal diferentes, mas todos apreciam muito a trinca black, death e doom metal, a escola do death e doom do final dos anos 80 e que tomou forma nos anos 90 fundindo-se naquilo que hoje é um subgênero do doom metal, o famigerado DEATH/DOOM, isso realmente sempre nos influenciou na hora de compor, porque é o que corre nas nossas veias.

Em dezembro de 2020  a  banda lançou um Single chamado : Doomology Of War. Porque lançar um Single e qual o conceito lírico por trás da letra? A banda já está trabalhando em um futuro  CD ?  O que pode nos adiantar sob o mesmo?

Tuka “Deathos”:  Como 2020 foi um ano morto em termos de shows, aproveitamos para compor, fizemos pouquíssimos ensaios devido às restrições sanitárias e no meio disso decidimos que tínhamos uma música inédita pronta, então lançamos esse single para adiantar algo sobre o próximo trabalho que está no forno, ainda sem formato definido. Sobre o novo disco, estamos trabalhando nas demais composições e faremos ensaios para deixar tudo pronto para quem sabe em 2022. Sobre o conceito por trás da letra, ela é narrada em primeira pessoa, e fala sobre um soldado que caminha como prisioneiro após uma batalha, vagando pelas estradas, sem conhecer o seu destino, demente, ferido, atormentado pelo horror do combate, enquanto é observado pelos seus captores.

A banda não pensa em lançar uma edição com os dois primeiros trabalhos ” Supreme Evolution of Fear” (2011) e The Beginning Of The End de 2013 em um CD só? Já que os amantes do Doom Metal e da banda não encontram mais esses trabalhos nos subterrâneos.

Tuka “Deathos”:  Já pensamos sim, essas músicas tem potencial para compor um disco, porém, não é algo que esteja nos nossos planos no curto prazo, para lançar esse material nós teríamos que trabalhar essas músicas para deixá-las com a pegada atual do nosso som. Esses materiais antigos ainda podem ser adquiridos conosco.

Vocês poderiam nos contar como rolou o convite da gravadora americana Wohrt Records, para lançar em tape o ” Traces  Of Doom ” em 2019 ?  Nos fale mais sobre esse trabalho? Já que passou meio despercebido pelos insanos Metalheads brasileiros.

Tuka “Deathos”:  O convite rolou pelo proprietário do selo, ele conhecia a banda e nos fez uma proposta, aceitamos, o material foi lançado como uma compilação de músicas das fases iniciais, especialmente da demo e do EP e foi lançado em formato de tape. Esse material foi lançado e divulgado nos EUA e na Europa, por isso passou despercebido por aqui, mas lá fora esgotou muito rápido, houve uma ótima aceitação, além disso, as cópias da banda, aquelas as quais nós teríamos direito foram extraviadas pelos correios em 2015 e nunca mais as vimos.

No Brasil infelizmente, não é fácil manter uma banda. Mesmo ela habitando os subterrâneos. Custa caro uma banda. Normalmente as bandas sofrem  com constantes trocas de integrantes.  A Volkmort conta com uma formação que tem : Deathos (B), Unorthodox (G), Sepulchral (D) e Dunkel Traum nos vocais. O último Doomers a adentrar esse círculo de guerras e mortes foi Necro Abhorrence (Sodamned, Goatpenis e ex – Fuzilador) em 2018. O que ele trouxe de novo e influências para a banda ?

Tuka “Deathos”:  Realmente não é nada fácil manter uma banda nos tempos atuais, conseguir comprometer a todos de modo que a coisa toda funcione, porém a banda vem com uma formação estável a pelo menos 10 anos, o que é muito bom e nada convencional. O Eduardo “Necro Abhorrence” entrou em 2018 como novo membro, estávamos adicionando mais uma guitarra ao time, o que também nos trouxe uma certa insegurança no início, o convite se deu através de mim e do Junior “Unorthodox”, sabíamos o que queríamos e ele reunia essas características, foi algo pensado, não foi por acaso, ele trouxe pra banda algo que já discutíamos ser necessário, renovação, experiência de outras bandas, empenho e evolução técnica.

Na Volkmort todos os músicos já têm uma grande experiência de vida e lutas  na cena catarinense, com outras bandas. Gostaria de saber o que mudou para melhor e o que continua na mesma? E sobre a cena  brasileira?

Tuka “Deathos”:  Acredito que melhorou o acesso à informação e a divulgação dos materiais das bandas, aqui no nosso estado de SC, vejo um crescimentos das apresentações tanto em festivais como em casas de shows, eu não consigo falar em termos de país, porque as opiniões divergem.

Em 2020 o Brasil e o mundo  sofreram  com a covid-19. Em 2021 a pandemia piorou com quase 360 mil mortes, aqui no Brasil. Perdemos muitos Metalheads que lutavam e apoiavam o cenário metálico. Entre essas perdas, perdemos o Evandro Sabbaoth da Goatpenis. Sei que vocês eram grandes amigos. Tuka principalmente. Gostaria de saber como tu se sente em relação a essa  perda ?  Tudo que envolve Goatpenis/Sabbaoth gera polêmicas. Muitos o atacam e muitos outros o defendem. Gostando ou não, eles fizeram sua história e levaram o Metal catarinense e do Brasil , mundo afora. O que representa essa perda para SC? Tu acha que a banda continuará sem o seu mentor?

Tuka “Deathos”:  Com certeza essa pandemia está atrasando tudo, nós não podemos negar que ela existe e está matando muita gente por aí, quando não mata, detona e deixa sequelas. A morte do Evandro foi muito sentida na cena, é inegável a importância dele e dos caras como banda no desenvolvimento do metal extremo no brasil e no mundo, principalmente dentro do death/black metal, eles definiram muitas características que são reverenciadas e seguidas por inúmeras bandas. Polêmicas à parte, eles nunca apoiaram nenhuma bandeira ou ideologia política, como o próprio Evandro afirmava. Quem o conheceu sabe da sua integridade, para mim, além de perder um mestre que realmente sempre apoiou a Volkmort, eu perdi um amigo, um cara culto, íntegro, dedicado ao metal, e  sempre muito solícito, alguém com quem eu apreciava conversar durante horas, ainda não consigo digerir essa perda, mas mesmo assim temos que seguir em frente, fazendo o melhor de acordo com as lições do mestre.

Ano passado, para  comemorar os 30 anos dos “Mestres do  Doom Metal”, o grande My Dying Bride, foi lançado o tributo brasileiro aos ingleses. Porque vocês escolheram a música “God is Alone”? E o que representa o My Dying Bride para a Volkmort?

Tuka “Deathos”:  Nós nos sentimos honrados em receber o convite para celebrar os 30 anos da banda, sempre foram uma fonte de inspiração pra nós principalmente nos primórdios. Escolhemos a música “God Is Alone” porque ela representa bem a fase não melancólica e mais voltada para o death metal da banda, o que também nos representa, uma vez que não praticamos o tipo de som que o MDB faz hoje em dia, também escolhemos essa música porque ela tem em torno de 30 anos, e enquanto a maioria das bandas focou nas músicas que o MDB passou a fazer na metade dos anos 90 pra frente, nós quisemos também homenagear aquele passado glorioso e longínquo.

Para finalizar. O que vocês andam escutando de Metal nesse mundo caótico e pandêmico  para não enlouquecer? Algumas bandas que chamaram atenção de vocês e que possam indicar aos leitores ? Espaço para vocês. Abraço e cuidem-se !!!

Tuka “Deathos”:  Na banda a gente ouve muita coisa, principalmente dentro do doom, death e black metal como eu já citei, mas estamos sempre atentos e buscando conhecer bandas novas dentro dessas vertentes, muita coisa nos é indicada através da mídias digitais, além de buscarmos pela net assim como nos próprios zines. O que é comum é sempre ouvirmos bandas como CANDLEMASS, BOLT THROWER, AUTOPSY, CELTIC FROST, DISEMBOWELMENT, DECOMPOSED, CIANIDE, DELIRIUM, ENCHANTMENT, RIPPIKOULO, RUNEMAGICK, DERKÉTA, WINTER, MYTHOLOGICAL COLD TOWERS, SERPENT RISE, THE CROSS, PARADISE LOST, ANATHEMA (antigo), MY DYING BRIDE, da nova safra podemos citar, MORBID STENCH, BLOODSAKED NECROVOID, ANATOMIA, SPECTRAL VOICE, MORTIFERUM e várias outras. Em nome dos meus parceiros de banda, agradeço pelo convite para esta entrevista, nós nos sentimos honrados por isso, é sempre gratificante pra nós.

VOLKMORT online: https://www.facebook.com/volkmortband

Related posts

OPEN THE COFFIN – Dos menores caixões saem os mais nojentos cadáveres… que a sepultura seja violada !

Walter Bacckus

DESGRAÇA ZINE – O underground em palavras diretas, duras e verdadeiras

Walter Bacckus

CEMETERY FILTH – Death Metal verdadeiro e sem concessões, do sudeste dos EUA para o mundo.

Daniel Bitencourt