Entrevistas

VERTHEBRAL – Fuerza metal del Paraguay

Fomos conversar com o “hermano” Daniel Larroza, guitarrista da banda de Death Metal Verthebral de Ciudade del Leste.(Py) Além, de Daniel, a banda é formada por : Alberto Flores(G), Denis Viveiros(D) e Cristian Rojas vocal/baixo.”A cena no Paraguai está sempre crescendo, existe uma constante renovação na cena, o bom disso é que as bandas estão mudando a forma de pensar…”

Saudações hermanos da Verthebral !  É uma honra tê – los por aqui. Para começar gostaria de saber como vocês aí no Paraguai  estão enfrentando esse caos pandêmico ? Como seguem as atividades da banda, algumas novidades em relação a um novo trabalho ?

Daniel larozza: Ola Walter e amigos, é um prazer responder as perguntas dessa entrevista, bom essa situação de lockdown a nível mundial provocada pela pandemia é algo inédito para todo mundo, nunca tínhamos passado por algo parecido, é uma nova realidade a qual nós estamos acostumando, é bem complicado, pois a banda está em um modo stand by, não temos ainda nenhum plano com relação a gravação de um trabalho novo, está tudo muito complicado, até para nós encontrarmos e ensaiar como antigamente está difícil. Mas sim, temos o objetivo de compor novas músicas para o próximo álbum, mas tudo ainda é meio prematuro, acho que o processo dessa vez vai ser um pouco mais lento.

Infelizmente,muitos Metalheads aqui do Brasil não conhecem muito da cena metálica do Paraguai. Gostaria de saber como vocês conseguiram assinar com dois selos de outros continentes, o  russo Satanath Records e o Indiano Transcending Obscurity Records ? Vocês estão contentes com o trabalho deles ?

Daniel larozza: Cara estamos mais que satisfeitos por termos alcançado essa projeção a nível internacional, esse sempre foi o nosso objetivo, desde o começo da banda já tínhamos esse pensamento de fazer um lance mais profissional, tudo bem planejado, e tudo o que conseguimos é apenas o resultado desse esforço e dedicação, acredito que conseguimos esses contratos para lançar em outros continentes pela qualidade do nosso trabalho, nesse sentido tanto a Satanath Records quanto a Transcending Obscurity fizeram um ótimo trabalho de divulgação e distribuição a nível mundial, tanto é que conseguimos lançar no Brasil os dois discos, dessa forma temos também! duas edições sulamericanas, isso foi muito importante. O objetivo da banda é sempre crescer, sempre procuramos nos superar, então o novo disco será um  grande desafio.

Em 2015, vocês lançaram o EP ” Adultery Of Soul”. ”  Aliás, um destruidor e matador cartão de visitas. O debut – Cd” Regeneration “(2017) saiu na Europa e depois ganhou uma versão brasileira e de bônus o EP. Assim nós Metalheads brasileiros tivemos acesso aos dois primeiros trabalhos da banda. Foi um esforço da união de vários selos brasileiros  para lançá – los no Brasil. Eu sei que tu és um grande admirador e profundo conhecedor da cena brasileira. Como rolou essa parceria e o que representa para o Verthebral ter seus trabalhos lançados no Brasil ?

Daniel larozza: Bom pra gente isso é motivo de muito orgulho e satisfação ter conseguido lançar nossos discos na terra de bandas como Sepultura, Sarcófago, Krisiun, bandas das quais gostamos muito e crescemos ouvindo seus trabalhos, é como um sonho sendo realizado. A forma como surgiu a possibilidade de lançar o Regeneration no Brasil foi através do João Eduardo da Cogumelo Records, a história é há seguinte, o nosso baterista Denis Viveros foi de férias para Belo Horizonte, ele já tinha a idéia de ir visitar a Cogumelo, então ele levou uma cópia do cd da edição Russa da Satanath Records e conheceu o João Eduardo lá na loja dele e ficaram ouvindo o disco, O João gostou muito da banda e falou que ia mandar nosso cd para o Filipe da Tales from the Pit Records também de Belo Horizonte, falou que iria nos recomendar para ele, esse foi o grande empurrão que precisávamos para que possamos lançar nosso disco aí no Brasil, foi uma ajuda e tanto, então o agradecimento ao João Eduardo da Cogumelo Records é eterno, ficamos muito contentes quando saiu a versão do Regeneration no Brasil.

Um pouco antes da banda entrar em estúdio para lançar o segundo trabalho, vocês lançaram em K7 ” Brutality Of Souls : Live. ! ”  O debut – Cd Regeneration também ganhou uma versão em K7, certo. Foram lançados por quais selos e em quais países ? O que vocês acham dessa volta das K7 e existe a possibilidade de vocês relançarem os dois trabalhos em vinil em um futuro próximo?

Daniel larozza: O Brutality Of Souls foi idéia do selo americano Contaminated Tones, eles se especializam em lançamentos de shows ao vivo em formato fita cassette, então surgiu essa idéia, e nós tínhamos os áudios gravados de um show nosso no festival Old School Attack que aconteceu em Asuncion, então mandamos os áudios para ele, e ele adorou, então decidimos liberar para ele poder lançar, e foi legal, pois só saiu em fita cassette e hoje em dia já está esgotado, virou item raríssimo. É muito legal ter os nossos materiais nesse formato analógico, muita gente coleciona e tem toda essa nostalgia que envolve as fitas. O Regeneration teve 3 versões em fita cassete e ainda tem uma nova versão que está para sair este ano, às versões que já saíram são da Grécia com o selo Spawn of Flesh, da Malasia com o selo Qalaqas Black Art, da Noruega com o selo Snake Oil. O Abysmal Decay saiu uma versão em fita cassette pelo  selo americano Acid Redux, e tem ainda mais duas versões que estão para sair esse ano, enquanto a possibilidade do vinil ainda está em negociação, mas ainda não há nada de concreto.

Em 2019 a banda lança o segundo trabalho ” Abismal Decay ” lançado simultaneamente na Europa e Estados Unidos. Em seguida ganhou também uma versão brasileira. Como a mídia especializada e os insanos Metalheads receberam este trabalho ? Vocês estão felizes com os resultados finais do mesmo ?

Daniel larozza: A recepção foi excelente, recebemos ótimas resenhas de vários meios especializados ao redor do mundo, também recebemos um excelente feedback por parte do público em geral, muitos bangers de vários Países entraram em contato através da fanpage e também pelo email elogiando o Abysmal Decay, acho que evoluímos bastante musicalmente nesse álbum, também apostamos numa melhor produção, o processo  de mixagem e masterização esteve a cargo do mestre Sebastian Carsin nos Estúdios Hurricane, e a parte gráfica sem palavras, um fenomenal trabalho do gênio Marcos Miller representada na capa do disco, tanto musicalmente quanto visualmente conseguimos o impacto que procurávamos, então só temos a agradecer a todas às pessoas que nos ajudaram para conseguir esse ótimo resultado.

A banda é bem requisitada para shows em solo Paraguaio,né ?  Vocês já se apresentaram inclusive em cidades do oeste  paranaense,como : Foz do Iguaçu e Cascavel. Como os Metalheads dessas regiões do Brasil têm recebido vocês ? Com quais bandas brasileiras já dividiram o palco?

Daniel larozza: Nós costumávamos tocar regularmente antes dessa pandemia aparecer, se bem não somos uma banda que toca com tanta frequência, nós  não tocamos em qualquer show que pintar por ai, a gente sempre analisa as condições oferecidas antes de tocar. Mas nós tínhamos vários shows agendados e que depois tivemos que cancelar. A gente já dividiu o palco com várias bandas brasileiras, as que lembro agora são Ratos de Porão, Evildead, Wargore, Flagelador, Espiritual, Orgia Nuclear, Hell Abyss, Exylle, Bronca, March to Die,  Beyond the Grave.

Em 2020, um pouco antes do caos pandêmico a banda foi confirmada para tocar no ” Deathkult Fest ” em Santa Catarina. Festival já de tradição do Metal extremo em SC. Organizado por  Leandrinho um grande incentivador, apoiador e produtor da cena catarinense. Ele já trouxe grandes bandas tocar por aqui como : Mystifier, impurity entre outros. Mas o que houve para vocês cancelarem a participação do Verthebral no festival ?  Aqui pelo estado já tivemos o prazer de ver ao vivo bandas paraguaia do nível de Kuazar, Arcano e The Force. Quando os Metalheads catarinense vão poder vê – los, ao vivo em terras catarinense ? Aproveitando o gancho, depois que essa pandemia passar existe alguma conversa de vocês fazerem uma tur pela Europa ou Estados Unidos  por exemplo ?

Daniel larozza: Nós cancelamos nossa participação naquele festival devido a falta de comunicação com a organização respeito aos detalhes de logistica, nós não viajamos pois não tivemos respostas no devido tempo, o organizador se pronunciou faltando só 2 dias para o fest, sendo que nós somos uma banda estrangeira, e iríamos fazer uma viagem longa de várias horas dentro de uma van, e sem falar que várias bandas já haviam anunciado seu cancelamento, então nós não iríamos correr o risco de passar por os mesmos problemas como justamente teve a banda Kulto Maldito da Bolivia, foi uma pena, não teve jeito.

Na última vez que nos falamos foi para  entrevista para a segunda edição do Maléfica Existência zine. (2017) Naquele bate papo falamos bastante da sua admiração pelas bandas e pela cena brasileira. Hoje gostaria que tu nos apresentasse  um pouco mais a cena do teu país. Como anda a cena  do Paraguai ? Nos fale dos festivais, zines, bandas e público ? Como foi a sua passagem pela banda Arimãn ? Nos indique outras bandas daí para nossos leitores que têm o apoio da Verthebral ?

Daniel larozza: A cena no Paraguai está sempre crescendo, existe uma constante renovação na cena, o bom disso é que às bandas estão mudando a forma de pensar, hoje em dia muitas bandas investem mais em produção e estão procurando fazer um trabalho mais profissional, isso é muito bom, assim podemos almejar coisas mais grandes no futuro, as bandas que posso citar e que estão apresentando um bom trabalho na atualidade são: Abomination, Ablaze, Vehement, Old Curse, Caligula, Master of Cruelty, Nidaros Desecration, Sadistic Art, Via Dolorosa, Die at War, Massive Execution, Malefic Horde, Reign of Terror, Sturmtiger, Furious Dog. Enquanto a minha passagem pela banda Ariman, acredito que foi muito positiva, gravei com eles a primeira demo e os dois álbuns, depois já tive que dar mais atenção pra minha banda que estava começando a crescer, exigindo-me cada vez mais atenção e tempo.

Eu fiquei sabendo que está saindo em julho/2021 um tributo chamado : Signs Of Corrosion. Para a lenda do Death/Thrash Metal paraguaio,  Corrosion. Lá em 1997 eu vi eles ao vivo em um show em Foz Do Iguaçu e foi devastador. Vocês vão participar com a música ” Tesay Ro” certo ? Nos fale mais sobre esse tributo e o que representa o Corrosion para  vocês como Metalheads e para a cena metal de seu país ?

Daniel larozza: Cara para gente é motivo de muito orgulho fazer parte desse tributo ao Corrosion, banda lendária  dos anos 90 no Paraguai, eu ouvia muito  a fita cassette “Report of Exploitation” quando estava no colégio, era muito complicado naquela época para uma banda paraguaia lançar um disco daquela envergadura como eles fizeram, tanto é que foi o primeiro lançamento profissional de uma banda de metal do Paraguai, eles são muito respeitados pelos bangers paraguaios, e quando nós recebemos o convite para participar desse tributo ficamos muito honrados ainda mais depois que nos deram para que gravasemos a música Tesay Ro, é uma música com a letra toda cantada em Guarani, o significado do título é Lagrima Acida.

Outra lenda importante da cena Paraguaia é o grande Funeral. Inclusive tenho a demo – tape ” Suffer The People ” (1995) e o Full Length ” Marching To The Fire “(2006) e tive a sorte de vê – los, muitas vezes ao vivo nos anos 90, na tríplice fronteira de  Foz do Iguaçu. Já que na cena  do oeste paranaense com a cena Paraguaia sempre houve esse intercâmbio. Abraço aos hermanos Leo e Carlos Paredes. O que o Funeral representa para a cena Paraguaia e SulAmérica ?  Para vocês o que representa ?

Daniel larozza: O Funeral e outra banda muito representativa do Paraguai, ao lado do Slow Agony, Disincarnated, The Suffer foram as primeiras bandas de Death Metal do Paraguai, é claro que gostamos muito de todas essas bandas, eles foram muito importantes pelo fato de terem começado todo o movimento Death Metal no Paraguai, também é importante sempre mencionar o Rawhide, os precursores do Thrash Metal no Paraguai, assim como os representantes do Black Metal Sabaoth, Diabolical, Wisdom.

Meus hermanos obrigado pela atenção. Espaço é de vocês. Fuerza ao metal del Paraguay ! Força sempre !!!

Daniel larozza: Walter muito obrigado pela entrevista e por todo o apoio que você sempre deu ao Verthebral e pelo respeito e admiração que você tem pelo metal feito no Paraguay, muchas gracias hermano del metal!!!

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