O VALDAUDR é uma nova entidade de Black Thrash Metal da Noruega, ou melhor, uma nova encarnação do COBOLT 60 (que existiu de 2000 a 2018), liderada por “Død”, conhecido ser um dos guitarristas do BLOOD RED THRONE, veterana banda de Death Metal, além de ter sido membro ao vivo do SATYRICON, além de possuir outros projetos.
Em fevereiro desse ano, houve o lançamento do primeiro álbum de estúdio, nomeado “Drapsdalen”, via “Soulseller Records”. Além de “Død” nas guitarras e baixo, participaram da gravação seu novo companheiro de banda “Vald” nos vocais e o baterista contratado “Rune Nesse”.
O Black Metal praticado pelos noruegueses é rico em alternativas e influências. A base do som é fiel à segunda onda, mas há diversos momentos do mais puro Black Thrash que fazem alusão a bandas como AURA NOIR e DESASTER antigo. Também se ouvem passagens Black n’ Roll da melhor qualidade, lembrando KHOLD, SATYRICON e KVELERTAK. Finalmente, há elementos Folk sutis e menos constantes que os demais.
Essa mistura de elementos torna o som um tanto distinto, divertido e de fácil assimilação. A competência dos músicos envolvidos garante uma experiência ainda melhor, porque as composições trazem consigo a verdadeira e única chama do som norueguês.
“Liket skulle vaert brent” os primeiros acordes apontam para um som totalmente Black Metal dos anos 90, com riffs assombrosos e percussão de intensa bateria antiaérea. O som de baixo, encorpado e suntuoso, se incorpora magistralmente às passagens de ritmo médio, até que surgem seções Black n’ Roll insanas e empolgantes, daquelas que incentivam perigosamente o ouvinte a sair chutando tudo. Que abertura, senhoras e senhores.
“Trass og vrede” tem ritmo médio, que se acelera rapidamente em meio a vocais extremos cortantes e cheios de ódio, muito bem postados. Aqui também há ótimas variações e levadas cativantes de Black n’ Roll, outra faixa equilibrada e que se destaca positivamente.
“Evig lang tinn i tiden” os riffs atmosféricos iniciais criam grande expectativa por uma faixa cadenciada, frustrada pela parede de som que se impõe brevemente. O som oscila com grande contraste e muita competência entre essas duas realidades. Por fim, estabiliza-se de fato como uma música de ritmo predominantemente médio, do tipo que traz à memória o TAAKE de obras recentes.
“Den evige ild” abre com uma pegada Thrash / Speed envenenada (Crust) e muito legal. Tipo do som contagiante e que tem o potencial, ao vivo, de criar um verdadeiro caos. A exemplo das faixas anteriores, mais uma carregada de variações e mudanças de rumo inesperadas e muito bem compostas e executadas. Os toques Folk são discretos, mas bem interessantes.
“Du vantro og vrange slekt” retoma a vibe “TNBM” dos anos 90, com os riffs em tremolo e a bateria marcial, conferindo agressividade extra ao som. Faixa menos extensa, direta e eficaz em relação ao seu propósito.
“Drapsdalen” a música tema desacelera um pouco o ritmo e acrescenta em atmosfera, com o som contundente de baixo e ótimas melodias das guitarras se destacando no mix. Ao acelerar, torna-se uma das mais letais e viciantes do disco.
“Kom, bestig vaare fjell” a última do trabalho abre de forma acústica, com violões. O instrumental extremo e bestial não tarda, e se impõe com dominância. O vocal rasgado de “Vald” ganha a companhia e intenso contraste de um coral, e elementos Folk. Sendo a faixa mais extensa, seria de esperar uma variação razoável em tempo e ritmos, e os músicos a entregam com louvor.
Estreia extremamente bem-sucedida do VALDAUDR. O disco apresenta tudo que se poderia esperar, em termos de qualidade, de uma entidade norueguesa voltada ao Black Metal. Deixa ótima impressão e gera expectativa por futuros lançamentos.
O disco passa muito rápido, são sete as músicas que o compõem somando os 38:01 minutos de duração. Abaixo a relação e a tradução de cada títulos sob parênteses:
1 – “Liket skulle vaert brent” (O corpo deveria ter sido queimado)
2 – “Trass og vrede”(Desafio e Raiva)
3 – “Evig langt inn i tiden” (Eternamente longe no tempo)
4 – “Den evige ild” (O fogo eterno)
5 – “Du vantro og vrange slekt” (Você, descrente e parentes corruptos)
6 – “Drapsdalen”(O vale do assassinato)
7 – “Kom, bestig vaare fjell” (Venha, escale as nossas montanhas)
Destaques: Álbum equilibrado, coerente, com músicas memoráveis e muito divertido. A dupla que abre o trabalho vale destaque, são ambas excelentes e dão um pique incrível ao disco.