Conversamos com Daniel Olaisen “DØD” sobre sua nova empreitada no Black MetalVALDAUDR, seus projetos e bandas diversas, a paixão por metal e a expectativa pela volta ao Brasil com o BLOOD RED THRONE.
Saudações DØD, bem-vindo ao The Old Coffin Spirit Zine / Portal. Como estão as coisas? Por favor, apresente-se aos nossos leitores nos contando um pouco sobre o seu histórico, suas bandas e projetos:
DØD: Olá, meu nome é Daniel, e eu tenho participado da cena metal desde 1993. Minha primeira banda foi o SATYRICON, e eu fui o guitarrista ao vivo deles entre 1996 e 1999. Desde então, eu lancei 25 álbuns de estúdio com as minhas próprias bandas, de diferentes gêneros do metal. De fato, eu estou com 4 álbuns sendo lançados em 2021, então tenho me mantido bastante ocupado (risadas). Minha banda principal, o BLOOD RED THRONE, já tocou pelo mundo todo, e você provavelmente já me viu no palco (ou no bar) alguma vez.
(OBS: Além de BLOOD RED THRONE e VALDAUDR, a qual originou-se da COBOLT 60, ele também possui a ZEROZONIC de Groove Metal e a BIG CITY de Hard/Heavy anos 80. Teve o projeto TRIOXIN (Thrash/Groove) que lançou um EP, e a SCARIOT, sua primeira banda própria, de Death/Thrash/Power, e que lançou 4 discos de estúdio, o último deles contando com “Steve DiGiorgio” de DEATH,TESTAMENT, dentre outras, no baixo).
O VALDAUDR mantém vivo o legado da COBOLT 60, que foi a sua banda de Black Thrash por 18 anos. Existem diferenças entre as duas, além, claro, das suas formações? Além disso, qual é o significado do nome da banda nova?
DØD: Então, eu já tinha um monte de riffs e músicas para o terceiro disco do COBOLT 60. Só que, depois de 18 anos, o meu parceiro no crime, o “Sr. Hustler” (vocalista original do BLOOD RED THRONE), decidiu sair da cena musical. Ele não tinha nenhuma objeção quanto a minha utilização do material novo, mas eu não achei correto manter o nome da banda. O “Vald” (segundo vocalista do BLOOD RED THRONE) nos ajudou ao vivo No COBOLT 60, nos vocais e no baixo. Ele é um grande fã de Black Metal, e um ótimo amigo meu, então era meio óbvio convidá-lo para o VALDAUDR. O nome verdadeiro dele é “Osvald”, e o artístico “Vald”. O meu é “Død“ (Morte), e eu queria uma combinação desses nomes. “Daudr” é a forma arcaica em norueguês para “Død”, e “Vald” significa algo como força, ou poder. Então “DeathForce” seria a tradução para o inglês, e “Poder da Morte” seria uma tradução em português. Também é uma forma de demonstrar que esse é um projeto meu e do “Vald”.
“Drapsdalen” foi lançado em fevereiro por intermédio da “Soulseller Records”. Você está contente com a recepção do disco e com sua parceria com o selo holandês?
DØD: Muito contente. Na verdade, eu tinha planejado lançá-lo por conta própria, mas os meus amigos do GEHENNA me recomendaram a “Soulseller Records” e quando eu entrei em contato, eles demonstraram interesse imediatamente, e o selo se encaixa perfeitamente com o VALDAUDR. Eles são dedicados, e fazem uma boa promoção. Eles sabem que nós não somos uma banda de turnê, e isso não é problema para eles. Tem sempre alguns imbecis por aí que não entendem que eu cresci ouvindo Black Metal no começo dos anos 90, e é assim que eu quero tocar o meu Black Metal. Eu não estou tentando soar original. Eu só quero retornar a 1993. Felizmente, boa parte dos ouvintes compreende isso, e curtem o VALDAUDR pelo que ele é. O álbum é oldschool e é só isso.
O álbum contém diversos elementos interessantes de Metal Extremo. Quais são as suas principais influências na hora de forjar a sonoridade do VALDAUDR, e que tipo de atmosfera você procura capturar com a sua arte?
DØD: Eu fiz parte da cena Black Metal nos anos 90. Eu ouvi “A Blaze in the Northern Sky” quando ele saiu em 92. No ano seguinte, eu comecei a escrever o meu próprio material de Black Metal, e produzi a minha primeira Demo em 94. Em 1996 eu me juntei ao SATYRICON. Eu estava sempre no “Elm Street Bar” em Oslo, onde todos os “Black Metalheads” famosos davam seus rolês e curtiam. Eu gostava pra caralho da atmosfera daquela época. Ela nunca vai voltar, mas a música ainda pode ser criada. É exatamente isso que eu faço com o VALDAUDR quase 30 anos depois!
Como você costuma trabalhar a composição das músicas? E como foi o processo de criação e gravação do “Drapsdalen”?
DØD: Eu escrevo e gravo todas as guitarras e baixo no meu estúdio, em casa. Todas as músicas foram escritas ao longo de um período de 4 a 5 anos. Eu sempre programo a bateria, e aí envio as músicas ao “Vald”. Depois de um tempo, ele grava os vocais no meu estúdio. Aí eu removo a bateria programada e mando o material ao baterista, que adiciona basicamente a mesma merda, só que utilizando uma bateria real no estúdio dele. Nós fizemos audições com vários bateristas, mas não houve dúvidas, e o “Rune” (baterista ao vivo do TAAKE) nos ajudou gravando a percussão, e também mixou o álbum.
Você tem músicas preferidas, e destaques no disco? Pessoalmente, minhas preferidas são “Liketskullevaertbrent” e “Trassogvrede”, mas o álbum todo é honestamente memorável, eu acho que ele é muito bem balanceado, e coeso.
DØD: Eu realmente gosto do álbum como um todo. Há boa variação, e todas as coisas que eu gosto no Black Metal estão representadas nesse disco. Neste momento, as minhas músicas favoritas são “Kom, Bestig Vaare Fjell” e “EvigLangt Inn I Tiden”. A “Liketskullevaertbrent” foi a primeira música que eu escrevi para esse trabalho, e isso foi há uns 5 anos atrás.
O VALDAUDR é uma banda primordialmente de estúdio, ou você pretende tocar ao vivo também?
DØD: O COBOLT 60 fez apenas 4 shows ao vivo em 18 anos, e nos últimos anos nós decidimos que não tocaríamos mais ao vivo. Isso vai mudar com o VALDAUDR. Eu sinto falta de tocar Black Metal e o “Vald” também quer levar esse trabalho aos palcos. Nós nunca faremos nenhum tipo de turnê gigante, nem tocaremos em tudo que é bar pequeno por aí, mas em festivais legais e, talvez, em alguma turnê especial, com certeza. O “Vald” ficará encarregado do baixo e vocais, e temos esperança de que o “Rune” (baterista) possa juntar-se a nós em alguns shows.
Suas bandas e projetos exploram lados distintos do Metal Extremo. Você tem um subgênero preferido no Metal?
DØD: Meu gênero definitivamente favorito no metal será sempre o Death Metal. Mas eu curto e toco de tudo, desde baladas acústicas ao Metal Extremo. Entretanto, quando mais velho eu fico, mais difícil se torna para as bandas despertarem meu interesse. Eu ainda acho que os melhores discos foram feitos nos anos 80 e 90. Eu também tenho uma banda de Hard Rock / Heavy Metalanos 80, caso você não saiba (OBS: A banda é a BIG CITY). Eu preciso de tudo um pouco!
Como você enxerga a situação atual do Black Metal, e a cena na Noruega?Nós sabemos que há um monte de bandas subestimadas por aí. Você gostaria de nos indicar outras bandas norueguesas jovens e interessantes, das quais você goste?
DØD: Eu realmente não acompanho. Todo mundo está tocando Black Metal. Algumas são interessantes, outras não. Eu só quero tocar o meu Black Metal e, de fato, não procuro descobrir novas bandas. Eu nem percebo quando alguma das bandas antigas, clássicas, lançam coisa nova (gargalhadas). Exceto o DARKTHRONE, haha. Não é Black Metal, mas eu recomendaria os meus amigos do DECEPTION. Eles fazem um Death Metal foda!
Como um fanático por metal, quais são os seus 10 álbuns favoritos? Tem lugar para alguma banda brasileira? (não necessariamente entre o seu top 10):
DØD: Eu poderia listar todos os discos do DEATH, mas vamos lá…
- DEATH – “Human”
- PANTERA – “FarBeyondDriven”
- DARKTHRONE – “Soulside Journey”
- GORGUTS – “ConsideredDead”
- DREAM POLICE – “Dream Police”
- DEICIDE – “OnceUpon A Cross”
- JOE SATRIANI – “SurfingWiththe Alien”
- SEPULTURA – “Arise”
- DISSECTION – “The Somberlain”
- CANNIBAL CORPSE – “TomboftheMutilated”
O BLOOD RED THRONE deverá vir a São Paulo para o próximo “Setembro Negro Festival”, programado para 2022. Você está ansioso pra voltar, após o show épico de 2014, quando você jogou do palco uma das suas guitarras para um fã?
DØD: Porra, já faz todo esse tempo? Nós tocamos no México poucos anos atrás, e eu gosto pra caralho dos fãs latinos em geral, e dos malucos da América do Sul. Fato divertido sobre a guitarra que eu joguei para o público: Alguns anos mais tarde, eu toquei no “Inferno Festival” na Noruega, e durante o dia, no meio da rua, esse cara me para e fala…“Oi, eu tenho a sua guitarra!” E eu pensei, porra, quais são as probabilidades de eu realmente encontrar esse cara do outro lado do planeta??? Totalmente épico!
DØD, o espaço agora é seu para que deixe uma mensagem aos nossos leitores. Muito obrigado pelo seu tempo, e espero poder vê-lo em breve sobre o palco!
DØD: Se você quiser viajar de volta aos anos 90 e sentir a atmosfera mágica que o Black Metal criou naquela época, o VALDAUDR é a sua parada certa. Apoie qualidade, e com certeza nós nos veremos no palco um dia!
VALDAUDR online: https://www.facebook.com/valdaudr/?ref=page_internal