Apresentando o UNGFELL a quem não os conhece, trata-se de banda formada em 2014 em Zurique por um Suíço, que atende pelo pseudônimo Menetekel(Vocais, Guitarras, Baixo e Acordeão). Atualmente, o trabalho de Bateria é desempenhado por Vâlant. Desde sua criação, foram lançados uma Demo, um Split com o DAKHMA (outro duo suíço, porém este produz Black / Death) e três álbuns de estúdio.
O primeiro Full intitulado “Tôtbringære” saiu em 2017 e rapidamente elevou o nome do UNGFELL ao status de banda cult na Europa. Foi aqui que o som característico deles ficou patente, a mistura de Black Metal vigoroso e que alterna momentos ríspidos e ferozes com belas melodias, com Pagan Folk obscuro, melancólico e com uso recorrente de temas medievais e de feitiçaria. As partes Folk não só dão uma quebrada no ritmo massacrante, elas são efetivas e criam uma atmosfera diferenciada e muito interessante.
Em seguida, houve o lançamento de “Mythen, Mären, Pestilenz”em 2018,quando a banda deu um passo à frente em termos de utilização das passagens atmosféricas e dos interlúdios Folk, com instrumentos como Violas, Flautas, violoncelos e Acordeões, além do emprego de vocais limpos e coros em determinados trechos.
O terceiro e atual trabalho full foi lançado recentemente, em 30/04/21, sob o título “Es Grauet”. A belíssima capa é obra de Robbie C. Ward, ilustrador do Colorado, nos Estados Unidos. Aos fãs de arte em geral, é altamente recomendada uma visita ao site dele, o portfólio do cara é incrível. Os demônios de inspiração medieval da capa contrastam com cores vivas, é uma arte memorável.
Aqui os Suíços novamente não decepcionam, o Black Metal apresentado é mais melódico que em momentos anteriores, produção mais limpa e de extrema qualidade e as passagens Folk e interlúdios mais presentes e marcantes que nunca. Dentre os sons adicionados para criar a atmosfera, há até os de animais, sinos distantes e de chuva. Ótimos corais masculinos e femininos durante as passagens Folk.
Vale acrescentar que “Es Grauet” é um trabalho conceitual. Para a maioria absoluta dos ouvintes, porém, isso não faria diferença, uma vez que o artista escreveu em dialeto “High Allemanic German” e somou termos de dialetos do alemão suíço. A história é sobre uma vila medieval, um assassinato e uma subsequente caça às bruxas originada pelas mentes religiosas no poder.
A característica mais destacada em termos de Black Metal no trabalho é, sem dúvidas, a qualidade dos Riffs de Menetekel, bem como suas melodias de guitarra, com o tradicional uso de tremolo. Diferentemente de boa parte dos álbuns do estilo, o som de baixo é perfeitamente audível e bem distribuído no mix. Som de bateria excepcional, o atual músico a cargo das baquetas fez um ótimo trabalho.
Como referências principais, a sonoridade do UNGFELL se assemelha ou remete o ouvinte a bandas como WINDIR (Noruega), DRUDKH (Ucrânia), SÜHNOPFER(França), PESTE NOIRE(França)e até ao ABIGOR(Áustria) em alguns momentos.
Mais importante que as características e inspirações ou referências, é a forma como o álbum flui com a mescla improvável de elementos tão distintos como o Black Metal (ainda que em suas versões mais melódicas) e o som Folk Pagão. Felizmente, a fórmula criada pela banda funciona e muito bem, resultando em um dos discos mais legais lançados até aqui em 2021.
O álbum contém oito faixas que totalizam 38:34 minutos de duração:
1 – “Es grauetübermDorf (Wie s niemerthetchönneahne)”
2 – “TyfelsAntlitz (Wie e HueräzweiChindempfanget)”
3 – “D Schwarzamslä (WieusdäneGoofePfaffäwärdet)”
4 – “MordimTobel (WieenhinterhältigeMordbegangewird)”
5 – “S Chnochelied (Wie e Beschuldigtigfolteredwirdund Visione bechunnt)”
6 – “Stossgebätt (Wie das WybalsHäxhygrichtetwird)”
7 – “D UnheilspfaffävomHeinzäbärg (WieTodundVerdärbe uf das Dorfiistürzt)”
8 – “S Fälsebräche(Wies Bösebegrabewird)”
Destaques: A quinta faixa – “S Chnochelied (Wie e Beschuldigtigfolteredwirdund Visione bechunnt)”é um dos pontos mais altos em uma obra que foi criada, idealmente, para ser ouvida e absorvida por completo.
Curiosidade Bônus: O UNGFELL é membro de um grupo de bandas de Black Metal Suíças, chamado “Helvetic Underground Committee”, atualmente os onze nomes reunidos são: “Arkhaaik”, “Ateiggär”, “Bruthuur”, “Dakhma”, “Death.Void.Terror”, “Harpax”, “Kvelgeyst”, “Lykhaeon”, “Ungfell”, “Urgeist” e “Wyrgher”.