Tenho visto muita gente criticando os relançamentos gringos e as gravadoras que os fazem. Mas sinceramente a única coisa possível a se dizer nessas horas é: “pegue o seu dinheiro e invista nas bandas nacionais que você quer”. Cada um escolhe seu caminho e TODOS, acabam ajudando a cena de alguma forma. Não entendeu como ? Bom, amiguinho, não serei eu o “coach” que irá lhe esclarecer esse ponto. Enquanto você não entende, eu tiro o meu chapéu para cada selo envolvido em lançamentos nesse país, já que é dinheiro suado investido para um retorno limitado. Amor pelo estilo ? Também. Mas a My Dark Desires Records e a Nihil Productions tem feito lançamentos incríveis e feito a alegria de muito marmanjo desprovido de centenas de euros para comprar álbuns como esse.
Só posso agradecer a esses dois selos nacionais que trouxeram um dos álbuns mais icônicos do death metal dos anos 90 e que era uma absoluta raridade. Ainda mais trazendo a capa original do álbum. O UNANIMATED foi formado em 1988, mas apenas em 1993 chegou ao lançamento do seu primeiro álbum de estúdio, esse incrível “In the Forest of the Dreaming Dead”, lançado originalmente pela lendária No Fashion Records, que lançou alguns álbuns clássicos daquele período. Apesar de ser uma banda de death metal sueca, as suas influências não se pautavam tanto no som mais sujo e porrada do Entombed.
O UNANIMATED tem nesse álbum mais classe em sua abordagem, uma produção mais limpa e músicas que se aproximariam muito mais de bandas como Dismember, Tiamat, Dissection, mas com um toque bem próprio da banda. Acredito que a produção fez essa diferença. Ao fugir do típico som sueco, esses caras conseguiram imprimir mais personalidade à sua própria música. Durante anos eu sempre via as raríssimas cópias desse álbum surgindo com a capa contendo a fotografia da banda, mas nunca vi pessoalmente, por exemplo, nenhuma cópia do álbum com a capa original, contendo o logo. “In the Forest of Dreaming Dead” tem algumas músicas que, quando tive a chance de gravar esse álbum diretamente de um cd, sempre voltava e tocava novamente.
Posso citar as matadoras “Whispering Shadows”, “Blackness of the Fallen Star”, com um riff principal e tema perfeito. Outra faixa muito boa é “Storm from the Skies of Grief”, que tem uma sonoridade muita próxima do que o Tiamat fazia, mais cadenciada, riffs menos obscuros e uma vocalização menos death metal, mas ainda assim uma grande música. Se você quer mais velocidade, “Through the Gates”. Uma faixa que sempre curti muito foi “Wind of a Dismal Past”. Rápida, pesada, melódica, cadenciada… há vários elementos se unindo e proporcionando uma experiência completa na audição dessa composição. Não há dúvidas que a melhor música (para mim, é claro) é a faixa título “In the Forest of the Dreaming Dead”. Uso inteligente das melodias para criar uma atmosfera mais envolvente, mas mantendo tudo com um nível de agressividade no ponto certo.
Como término, a banda fez uma versão de respeito para “Buried Alive” do Venom, que ficou muito foda. Essa edição nacional, como tem se tornado uma tradição, traz como bônus a demo tape “Fire Storm”, de 1991, que permite ao ouvinte ouvir como a banda soava antes do primeiro álbum, incluindo aí versões que seriam regravadas no álbum e aqui soam muito mais rápidas e undergrounds. Obviamente a produção é bem inferior, mas se trata de um resgate musical histórico e só por isso já vale a conferência para quem não conhecia a banda. Um lançamento realmente imperdível de um álbum clássico dos velhos tempos do death metal sueco. E deixemos os críticos reclamando….