O TROLLDOM é uma das múltiplas encarnações do produtivo “Swartadauþuz”, músico Sueco proprietário dos selos “Ancient Records” e “Mysticism Productions”. Esse cara direciona toda sua inspiração e criatividade a diversas bandas, algumas mais conhecidas dos Hellbangers brasileiros, como MUSMAHHU, BEKËTH NËXËHMÜ, AZELISASSATH, GNIPAHÅLAN, dentre várias outras.
Falando especificamente do TROLLDOM, ele havia lançado apenas uma demo em 2016, com duas músicas extensas. O renascimento do projeto ocorre agora, e em grande estilo, já que o músico decidiu lançar, simultaneamente, este “Av Gudars Ätt” (Da Linhagem dos Deuses, em tradução livre) e um segundo álbum completo, o “I nattens sken (Genom hemligheternas dunkel)”, sobre o qual falarei separadamente.
A maior parte dos projetos criados por “Swartadauþuz” é voltada ao Black Metal, cada qual explorando aspectos e ambientações específicos, que acabam por diferenciá-los. Em comum, apresentam nível de musicalidade muito acima da média, personalidade marcante, atmosferas extremamente bem trabalhadas e uma recorrente aura doentia, marca registrada do músico.
“Av Gudars Ätt” foi composto entre 2014 e 2017, e gravado em 2018. É um trabalho com presença forte de teclados, que apesar da agressividade latente do play, não ficam soterrados abaixo da instrumentação extrema, e nem inundam de forma comprometedora as músicas. A utilização dos teclados é exemplar, e agrava exponencialmente o caráter desolador, mórbido e perturbador do álbum.
Nossa jornada tem início com a colossal “Av nagelbyggt, från döda män”. Teclados criam uma melodia ao mesmo tempo amena e inquietante. A atmosfera atormentada é desenvolvida sem pressa, baseada em guitarras relativamente limpas, teclados soberbos e bateria insana, em alguns momentos superveloz e recheada de blasts.
Os vocais são multifacetados, variando sempre dentro de um espectro esquizofrênico, emocionalmente impactante e depressivo. Ao longo desse som, o ouvinte sente-se perdido na floresta da capa do álbum, em noite gélida, vulnerável e completamente subjugado pelas forças naturais (e sobrenaturais) em ação.
A seguir temos “Avtryck i tiden, vävens sista stycke”, ainda mais agressiva, épica e imprevisível. O assalto propiciado por guitarras e percussão é devastador, complementado brilhantemente pelos teclados. “Tomma ögonhalor spå tidens ände” é um interlúdio curtinho, que só aprofunda a noção kafkiana do disco.
“En eldbeklädd begravningsritual…” tem um pique inicial arrebatador, com ares triunfantes sob trampo excepcional de bateria. É uma faixa que acena ao melhor do Black Sinfônico com maestria, provando ser possível criar uma ambientação emocionante sem soar piegas. Brilhante.
Fechando o trabalho, a colérica “Ur nattsvart dimma, mot mossens mörka vatten”. Peça mais intensa e impetuosa. A névoa negra do título da faixa é quase palpável, e ajuda a formar a inexpugnável parede de som. Respirar? Só após o minuto nove, brevemente.
Memorável álbum do TROLLDOM. Black genuíno da segunda onda com elementos atmosféricos de altíssimo nível, potente, pesado, e que desperta emoções negativas todo o tempo, cresce a cada audição e exige repetições seguidas. Imperdível aos fãs dos outros projetos já mencionados do artista, mas também aos fãs de PAYSAGE D’HIVER (SUI), ARMAGEDDA (SUE), KATHARSIS (ALE), BURZUM (NOR), CRAFT (SUE), PEST (SUE), GEHENNA (NOR), TROLL (NOR).
Tracklist abaixo, duração total de 47:27 minutos:
1 – “Av nagelbyggt, från döda män…”
2 – “Avtryck i tiden, vävens sista stycke”
3 – “Tomma ögonhalor spå tidens ände”
4 – “En eldbeklädd begravningsritual…”
5 – “Ur nattsvart dimma, mot mossens mörka vatten”
ENGLISH VERSION:
TROLLDOM is one of the multiple incarnations of the profilic artist known as “Swartadauþuz”, Swedish musician and owner of labels “Ancient Records” and “Mysticism Productions”. The man channels all his inspiration and creativity to several bands and projects, such as MUSMAHHU, BEKËTH NËXËHMÜ, AZELISASSATH, GNIPAHÅLAN, among others.
Speaking specifically about TROLLDOM, he had only released one demo in 2016, featuring two lengthy songs. The project’s rebirth takes place now, in style, as he decided to simultaneously release this “Av Gudars Ätt” (From the Lineage of the Gods, in free translation) and a second full album, named “I nattens sken (Genom hemligheternas dunkel)”, which I’ll be addressing separately.
Most of the projects developed by “Swartadauþuz” are focused on Black Metal, each one exploring specific aspects and environment, which end up distinguishing them. In common, they all present a high level of musicianship, striking personality, well-crafted atmospheres, and a recurring sick aura, perhaps his best trademark.
“Av Gudars Ätt” was composed between 2014 and 2017 and recorded in 2018. It showcases a strong presence of keyboards, which are neither buried under the extreme instrumentation, nor do they flood the songs in a compromising way, despite the album’s latent aggressiveness. Use of keyboards is exemplary, and exponentially exacerbates its desolate, morbid and disturbing character.
Our journey begins with colossal “Av nagelbyggt, från döda män”. Keyboards create a melody that, somehow, manages to sound both soothing and unsettling. The tormented atmosphere is developed without haste, based on relatively clean guitars, superb keyboards, and insane drums, at times super-fast and filled with blast beats.
Vocals are multifaceted, always ranging within a schizophrenic, emotionally impactful and depressing spectrum. Throughout this track, listener feels lost in the forest depicted on the album cover, during an icy night, vulnerable and completely overwhelmed by the natural (and supernatural) forces at work.
Then we have “Avtryck i tiden, vävens sista stycke”, even more aggressive, epic, and unpredictable. The assault provided by guitars and percussion is devastating, tastefully complemented by the keys. “Tomma ögonhalor spå tidens ände” is a short interlude, which only deepens the record’s Kafkaesque impression.
“En eldbeklädd begravningsritual…” has a ravishing opening, triumphant under an exceptional percussion work. It’s a track that masterfully nods to the best of Symphonic Black, proving it possible to create an exciting ambiance without sounding corny. Great track.
Closing the opus, the fierce “Ur nattsvart dimma, mot mossens mörka vatten”, a more intense and impetuous piece. The black fog of the track’s title is almost palpable, as it certainly helps building the impregnable wall of sound. Room for taking a breath? Briefly, only after minute nine.
A memorable TROLLDOM release. Bona fide second wave black metal with top-notch atmospheric elements, powerful, heavier than life. It instigates negative emotions all the time, grows with each listen and demands repeated spins. A must for fans of the artist’s other aforementioned projects, but also for fans of PAYSAGE D’HIVER (SWI), ARMAGEDDA (SWE), KATHARSIS (GER), BURZUM (NOR), CRAFT (SWE), PEST (SWE), GEHENNA (NOR), TROLL (NOR).
Full track listing, total running time 47:27
1 – “Av nagelbyggt, från döda män…”
2 – “Avtryck i tiden, vävens sista stycke”
3 – “Tomma ögonhalor spå tidens ände”
4 – “En eldbeklädd begravningsritual…”
5 – “Ur nattsvart dimma, mot mossens mörka vatten”