O STARGAZER é uma das bandas mais respeitadas do underground australiano, e retorna com o seu quinto disco de estúdio, o monolítico “Psychic Secretions”, disponibilizado ao mercado em fevereiro deste ano pelo selo norte-americano “Nuclear War Now” em diversos formatos físicos (CD, Vinil e Fitas Cassete).
A banda está ativa desde 1995, e foi fundada em Adelaide, bem ao sul da Austrália. Apesar de terem lançado apenas cinco álbuns full, a discografia é extensa. São diversas Demos, Splits, EPs e compilações ao longo desses vinte e seis anos de estrada.
Aos leitores não familiarizados com a banda, segue uma tentativa de explicar do que se trata o som (tarefa ingrata): Eles praticam um híbrido de TechDeath / Black Metal com elementos progressivos, e ênfase no Tech (extremamente técnico mesmo). Há momentos em que o som descamba para um quase Jazz. É difícil compará-los a outras bandas. A sonoridade é Avant Garde e sofisticada, complexa, pesada e ousada, de beleza única. Se após essa descrição o leitor ainda quiser algo que possa ser utilizado como comparação, é mais ou menos como se o ATHEIST ou o CYNIC (ambas norte-americanas) decidissem tocar um som bem mais extremo e envenenado. Uma outra banda Australiana faz algo que lembra o STARGAZER, que é a PORTAL (ouso dizer que eles soam ainda mais esquizofrênicos, de uma forma boa).
A formação atual é um super trio que conta com “The Serpent Inquisitor” nos Vocais e Guitarras, “The Great Righteous Destroyer” nos Vocais e Baixo e “Khronomancer” na Bateria.
“Simulacrum” é a curta intro, atmosférica e tranquila. Disfarça bem a tempestade que está por vir; “Lash of theTitans” abre de fato com início climático, mas os riffs potentes e o som furioso de baixo e bateria não tardam a aparecer. Os vocais são extremos, mas excepcionais, encaixam com perfeição no tipo de som da banda. As passagens polirítmicas e dissonantes chegam com tudo, está formado o caos com a marca registrada do STARGAZER. Destacam-se, imediatamente, o som espetacularmente encorpado do baixo e a bateria infernal, complexa e insana.
“Evil Olde Sol” desacelera o ritmo e agrega características de Sludge e Post-Rock ao mix já naturalmente caótico da sua sonoridade. A aceleração da música é brutal e brilhante, uma aula de Metal Extremo e prova cabal de que os músicos que transitam por esse universo estão no topo da cadeia alimentar. Os riffs desse som e as linhas de baixo são inacreditáveis.
“Star Vassal” é igualmente delirante e progressiva, de aura misteriosa e tenebrosa. O trabalho de bateria é provavelmente o de maior destaque nessa faixa, absolutamente impressionante. Após uma passagem mais climática e com cara de “Occult Rock” há uma retomada apoteótica e jazzística que encerra a faixa.
“Hooves” vê a banda retornando por curto período ao planeta Terra, após a incursão intergaláctica nas músicas anteriores. Faixa pouco mais direta, mas não menos impressionante. O que o nosso amigo “The Great Righteous Destroyer” faz com o seu baixo aqui é de cair o queixo. Outro som espetacular da banda.
“The Occidental Scourge” prossegue com a quebradeira de ritmos e possui riffs em tremolo e passagens hipnóticas. O solo de guitarra ais legal do álbum está nesse som. A parte final da música tem uma pegada Thrash bem curiosa e inesperada.
“All Knowing Cold” inicia-se mais cadenciada, com passagens muito técnicas e executadas com precisão descomunal. A variação e o número de riffs diferentes deixariam qualquer músico de Prog e Jazz orgulhoso.
“Pilgrimage” dá números finais ao Play, e apresenta-se de forma bem diferente das demais. Com vocais limpos, atmosfera mais densa e serena… até a retomada do som mais extremo, ainda que menos técnico e mais direto, mais sóbrio (porém não menos brilhante).
Uma audição única, verdadeira viagem gratuita e sem a necessidade do uso de aditivos alucinógenos. Concorrente a melhor do ano? Sem sombra de dúvidas, é material de top 10 do ano. Como estamos no meio de 2021, tem muita água pra rolar. A se confirmar. Criou-se, agora, o sonho para este mortal de testemunhar a banda ao vivo.
A obra é composta pelas oito faixas a seguir:
1 – “Simulacrum”
2 – “Lash of theTitans”
3 – “Evil Olde Sol”
4 – “Star Vassal”
5 – “Hooves”
6 – “The Occidental Scourge”
7 – “All Knowing Cold”
8 – “Pilgrimage”
Tempo total de duração: 38:41 Minutos
Destaques: Faça um favor a si mesmo e ouça o trabalho completo. Caso deseje uma amostra, recomenda-se a segunda faixa, “Lash of the Titans”.