Um dos temas mais interessantes, e abordados com certa frequência pelos artistas praticantes de metal extremo, é o das grandes guerras. O SOMME é uma banda recente da Finlândia, que executa Raw Black Metal com temática voltada à Primeira Guerra Mundial.
A banda recebeu o nome do rio francês onde houve uma das maiores batalhas de toda a história, em 1916, envolvendo as forças francesas e britânicas contra as alemãs, com mais de três milhões de homens no front ao longo de 140 dias. As vítimas fatais, somados os lados, chegam próximas a 500 mil, com as baixas totais (mortos e feridos) chegando a um milhão.
Por enquanto, há dois registros oficiais, ambos EPs: O mini álbum homônimo lançado no ano passado, e o recente “Prussian Blood”, de março de 2021, lançado via “Death Kvlt Productions”, selo britânico especializado em Black Metal. Até o momento, há as versões digital e fita cassete, com o vinil previsto para sair até o final do ano.
“Prussian Blood” mostra a dupla “Argonui” (Composição e todos os instrumentos) e “Myst” (Vocais) mais afiada, e desenvolvendo um som superior ao do primeiro EP. A produção, principalmente, ficou muito melhor no trabalho atual.
O Black Metal aqui soa extremamente cru, ríspido e quase sempre veloz, ditando um senso de urgência e agressividade constantes. Em contrapartida, há melodias interessantes que rompem com a monotonia hipnótica que o som pode gerar em alguns momentos.
Os vocais demoníacos e perturbadores colocam-se em segundo plano, algo distantes. A bateria pune o ouvinte com crueza e força bruta, atacando os pratos implacavelmente. Nada de pirotecnias, como manda o estilo. O baixo é quase imperceptível no mix (se é que ele existe, de fato). As guitarras soam potentes, e criam ótimos riffs, como os que conduzem a faixa “Sieg oder Tod!”.
“Prussian Blood”, a música título, é provavelmente a mais cativante do play, altamente hipnótica e viciante. “The August Sun” é um som onde a banda diminui a velocidade, e agrega riffs melódicos, apostando em uma atmosfera menos gélida, mais densa e emotiva, com um tom fúnebre e pesaroso.
Certamente, um dos sons que podem ser tomados como referência para a obra do SOMME é o da rica cena canadense, mais especificamente das bandas de Quebec. Artistas como DÉLÉTÈRE, FORTERESSE, MONARQUE, CSEJTHE e HAK-ED DAMM. Cabe, também, mencionar a lembrança do excepcional MINENWERFER (EUA) da sua fase mais primordial, e do KANONENFIEBER (ALE).
Ótimo segundo EP do SOMME. Banda nova, em ascensão, e que já demonstra boa evolução em relação ao primeiro registro. O tipo de som dos finlandeses combina bem com formatos mais curtos, portanto fica a dúvida e a expectativa quanto ao lançamento de um álbum completo. Será que a banda continuará investindo nos EPs por enquanto? Faz sentido.
Relação das seis faixas que compõem o mini álbum, somando 20:50 minutos de duração.
1 – “Forwards, Ever Forwards”
2 – “Iron Kingdom”
3 – “Sieg oder Tod!”
4 – “Prussian Blood”
5 – “The August Sun”
6 – “Song of Prussia”
Destaques: Os vinte minutos do play voam, e alguns dos sons têm o poder de atrair e prender o ouvinte quase que magneticamente. As duas melhores músicas são a quarta (a que dá nome ao play), e a quinta “The August Sun”.