A gravadora nacional RAPTURE RECORDS havia anunciado recentemente o lançamento de uma boa parte da discografia do SINISTER e isso foi motivo de alegria para os fãs de death metal, pois qualquer um que tenha acompanhado esses lançamentos na época em que saíram sabe que tratam-se de álbuns de referência para a cena death metal mundial. Esses dois primeiros trabalhos da banda trouxeram uma visão diferente do death metal que pipocava, por exemplo, na Flórida.
Enquanto as produções americanas e de demais países europeus buscava mais clareza e peso, ouvir “Cross the Styx” e “Diabolical Summoning” pode trazer estranheza ao ouvinte, pois temos exatamente o oposto. A banda buscou um som cru, uma gravação em que não há nada lapidado. É sujo, cru e direto, porém em ambos os álbuns a qualidade técnica é gritante.
Os riffs de guitarra , principalmente em “Cross the Styx” são em vários momentos, bem complexos e o SINISTER conseguiu impor uma qualidade realmente marcante à sua música, que soava pesada, mas quase primitiva em sua apresentação, mas nunca em sua execução. Essas duas edições nacionais são sensacionais, pois trazem um trabalho gráfico preciso e matador realizado pela Lucifer Rising Design (Luis Lozano) e isso fica refletido na escolha do material do digipack, com uma camada envernizada que deixa os álbuns luxuosos em sua apresentação.
Letras e fotos completam o pacote, que não seria nada se não trouxesse petardos do nível da cacetada de “Perennial Mourning”, “Sacramental Carnage” e seu início icônico e dois bumbos matadores. “Spiritual Immolation” tinha um grande clima criado em seu início e preparava o caminho para a intrincada e pesada faixa-título. “Cross the Styx” era um verdadeiro cartão de visitas para a música do Sinister. As guitarras certeiras de “Putrefying Remains” também saltavam aos ouvidos logo em sua primeira audição. E as duas últimas músicas do álbum “Epoch of Denial” (que riff matador ! Isso era um hino da época) e “Perpetual Damnation” (uma música que tinha um andamento mais arrastado, mas incrível) fechavam um trabalho irrepreensível.
Já em “Diabolical Summoning” a produção continuou a soa primitiva e crua, mas as músicas deram um passo à frente, ficando mais pesadas e com mais partes cadenciadas. A banda foi achando seu som e esse álbum é uma prova disso. “Sadistic Intent” vem abrir os trabalhos e mostrava esse lado mais pesado, ainda que partes rápidas estivessem presentes. O mesmo ocorria com a fudida “Magnified Wrath”, que ainda trazia um trampo de guitarra mais visceral. A faixa título “Diabolical Summoning” lembra mais a pegada do primeiro álbum, sendo mais rápida, mas com peso de sobra. Uma das melhores músicas dessa fase da banda era a poderosa “Leviathan” e o peso aqui era descomunal.
As outras músicas mantinham o nível lá em cima e fechavam o segundo álbum da banda, mostrando que o SINISTER tinha passado pelo teste de sobrevivência em uma cena que lançava clássicos atrás de clássicos naquele período. Definitivamente e Rapture Records ofereceu aqui dois trabalhos definitivos do death metal holandês dos anos 90. Resta agora esperarmos o restante dos álbuns serem lançados. Vindo nessa qualidade dos dois primeiros já são itens obrigatórios. Lembrando que os dois álbuns vem em versões separadas, digipack e com tratamento de alto luxo. Não durmam no ponto e adquiram logo antes que se torne item de colecionador.