CD/EP/LP

SHAPE OF DESPAIR – Monotony Fields (2020)

SHAPE OF DESPAIR (Finlândia)
“Monotony Fields” – CD 2020
Cold Art Industry / Death Cult Records / Season of Mist –
Nacional
9/10

Melancolia: “estado mórbido caracterizado pelo abatimento mental e físico que pode ser manifestação de vários problemas psiquiátricos, hoje considerado mais como uma das fases da psicose maníaco-depressiva. Estado de grande tristeza e desencanto geral; depressão.”


Essas definições do que é a melancolia podem levar a uma interpretação extrema do que seria o sentimento ligado a um estilo sonoro como o doom metal, mas é inegável que a melancolia explica de forma perfeita também o que é a música feita por bandas como o SHAPE OF DESPAIR.

O doom metal nunca foi apenas sobre peso ou técnica. Sempre foi sobre feeling, sobre o expor de sentimentos que nos atingem e que muitas vezes nos definem. Uma banda de doom metal que não passe esse sentimento está fazendo algo muito errado ou simplesmente está no lugar errado. O SHAPE OF DESPAIR está exatamente onde deveria estar com a carga emocional que emana de sua música, representada aqui por esse novo álbum intitulado “Monotony Fields”, lançado recentemente no Brasil pela Cold Art Industry e pela Death Cult Records.

São oito músicas onde todo esse peso e melancolia irradiam e te atingem, envolvendo o ambiente de forma muito densa. Musicalmente a banda cria um clima muito envolvente, com bons arranjos, alguns experimentos com vocais cantados, mas sempre colocando o foco em um som mais tradicional. Faixas como “Descending Inner Nights” oferecem uma esmagadora sensação de opressão, de que o ambiente ao seu redor está cada vez menor. É quase claustrofóbica, mas é ao mesmo tempo belíssima. E é durante todo o álbum que essa beleza marcante impede das músicas soarem apenas estéreis. Há um equilíbrio e faz de “Monotony Fields” um grande álbum de doom metal.

Ouça “Withdrawn” para entender sobre o que estou falando ou “Written in My Scars”. Há também de ser citada a qualidade dessa versão nacional que traz um slipcase, poster, letras em dourado, enfim, um material que dá gosto de se ter na coleção e vai cada vez mais derrubando o velho mito de que apenas versões importadas prestam. Se os selos brasileiros envolvidos em todos esses lançamentos forem apoiados de verdade a tendência é ver versões e edições cada vez melhores por aqui.

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