Pútrido, primitivo, abismal e profano. Se são esses os “adjetivos” que você procura num lançamento enquadrado como Death/Doom Metal, eis o novo evangelho da imundice, concebido pela mente insana dos tailandeses SHAMBLES.
O SHAMBLES surgiu em 1997 e vem lançando trabalhos desde 1998. Sua discografia consiste em 04 demos, 04 splits, dois EPS, uma compilação e dois registros cheios: “Realm Of Darkness Shrine” (2016) e “Oneiric Visions”, lançado no fim de fevereiro pela polonesa Old Temple em formato digital e mídia física (CD e K₇).
A princípio a banda investia num Brutal Death Metal/Grindcore, posteriormente migrando para o Black Metal e estacionando, por fim, numa forma primitiva, escatológica e avassaladora de Death/Doom Metal. Aviso, se você está habituado a essa versão atual do gênero, então passe longe do Shambles. Eles não são fofos e nem irremediáveis românticos a tecer odes à lua tomando vinho tinto suave em meio aos prantos. A sonoridade não tem encantos melódicos, ambientações etéreas ou outras belezas, pelo contrário, ela é perturbadora, maligna e altamente insalubre.
“Oneiric Visions” entrega 05 composições imundas e um curto, mas tenebroso interlúdio, “Gate Of The Occult”. O material foi masterizado no Moontower Studios, em Barcelona, por Javier Félez (Verbum, Onirophagus, Graveyard, Hipoxia, Famishgod, Devotion, Atavisma, Conjureth e muitos outros). Aliás, essa maniaco sabe como poucos como produzir esse tipo de conjuração sonora.
A descida ao submundo começa com “The Ophidian Way”, e se você espera algo moroso e de lentos avanços, sinto muito. A bateria dita a ignorância da faixa — blast beats selvagens, velocidades à la Bolt Thrower e muito caos. As guitarras não ficam para trás e entregam o que de melhor há em riffs doentios e passagens brutais. Os vocais são abismais e muito contribuem na atmosfera negra e claustrofóbica que permeia todo álbum. O baixo, infelizmente pouco aparece, mas ele está lá tornando o peso já grande das composições em algo colossal. “Formulas Of Magic Death” começa lenta e fria tal qual uma fera a espreita de sua vítima. A bateria novamente dispara o ataque, alucinante e precisamente selvagem, impetuosa como mandam as regras da velha escola.
A faixa título, “Oneiric Visions”, é puro Old School — nada técnica, nada polida, nada desse modismo patético de ser rápido a todo custo, apenas a boa e velha putrefação espalhando seus odores no ambiente. Imunda, mas sensacional! “Ex Isis Mors” e “Mother Of Luminous Blood” são os dois derradeiros épicos de nosso doentio artefato de 46 minutos. Ambas cuspindo desgosto, bestialidades e muita distopia. E que fique claro, nada aqui soa moderno ou plástico, não há tentativas de inovação ou subterfúgios, aqui, apenas o arcaico e sepulcral são louvados.
A quem cultua o Incantation, Anatomia, Coffins, Autopsy, Encoffination, Disembowelment e outras abominações semelhantes, fica essa recomendação — “Oneiric Visions” do profano e nada elegante SHAMBLES.
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