Mais um álbum de estreia a agraciar as páginas do “The Old Coffin Spirit”. Dessa vez, a obra perturbadora, radioativa, insana e magistral da dupla irlandesa conhecida como SERMON OF FLAMES.
O duo maldito havia lançado apenas uma demo em 2019 (rapidamente esgotada) chamada “Heralds of the Untruth”, quando chamou atenção pela fusão doentia e sinistra de Death e Black Metal com elementos de Harsh Noise, Industrial, Powerviolence e Sludge.
Poucos selos no mundo combinariam melhor com tal atrocidade que o italiano “I, Voidhanger Records”. A gravadora, especializada nos híbridos experimentais de Black e Death Metal, lançou no começo de setembro o disco “I Have Seen the Light, and It Was Repulsive” em CD versão Digipack super limitada, de apenas 200 cópias, e em vinil, com edições coloridas igualmente limitadas.
Esse ano tem visto o lançamento de obras excelentes em todos os subgêneros da música extrema, e este não é exceção. A sonoridade do duo já seria estupidamente brutal sem os efeitos sonoros acrescentados, de natureza Industrial e Noise. Estes só fazem aprofundar a experiência de pesadelo e, em certos momentos, chegam a causar real desconforto.
O álbum é de uma intensidade ímpar, mas a fórmula utilizada mantém a fluência irretocável. Isso deve-se, em muito, aos interlúdios e faixas atmosféricas, que funcionam quase como portais, separando os círculos diferentes de um mesmo inferno.
Honestamente, é até difícil comparar a fúria e o nível de caos atingidos por este trabalho com outras consideradas similares. O disco é carregado de imundície, maldade, caos dissonante e criativo nos melhores moldes do DEATHSPELL OMEGA (FRA). Os vocais são extremos ao longo de toda a obra, oscilando entre as abordagens mais voltadas ao Death ou ao Black Metal.
Na sua página do Bandcamp, pode-se ler em inglês em certo ponto que “o álbum está centrado na maldição da vida e na rejeição da fé”. Complementado por “Uma visão niilista insuportável para muitos, mas certamente um bálsamo para os olhos de quem está fugindo constantemente da luz”. Creio que seria quase impossível descrevê-lo com maior eloquência.
Disco de estreia memorável e monstruoso do SERMON OF FLAMES, prova de que a gravadora apostou corretamente na dupla após a demo doentia de dois anos atrás. Álbum para maníacos fãs de coisas como VESSEL OF INIQUITY (ING), QRIXKUOR (ING), TEITANBLOOD (ESP), FULL OF HELL (EUA), DEATHSPELL OMEGA (FRA), NAILS (EUA) e ANAAL NATHRAKH (ING).
O álbum é composto pelas doze faixas abaixo, totalizando 37:30 minutos de duração:
1 – “To Behead One’s Desire”
2 – “Cauldrons of Boiling Piss”
3 – “Chords Wrung from the Ribs of the Earth”
4 – “I//H//D//O//D//E//S//I//W//A//C”
5 – “G.O.D.”
6 – “Vacuous & Disjointed”
7 – “Seething Radiance”
8 – “Mephitic Seraph”
9 – “Vehemence”
10 – “Jahr Null”
11 – “Hymn of Apotheosis”
12 – “Dancer of the 6 Agonies.”
Destaques: A segunda faixa, logo após a intro, dá uma ideia honesta do tamanho do pesadelo. Um misto escabroso de Death Black acrescido de efeitos sonoros extremamente perturbadores e desconcertantes. A terceira segue essa pegada, e sobe o tom em termos de extremismo e horror (Vide o som que lembra uma furadeira ao seu final, que parecia perfurar diretamente o crânio deste redator).