Eu pessoalmente não lembro de ter ouvido esse álbum na época em que foi lançado, em 2016, mas diante de uma cena mundial que revela milhares de bandas anualmente, isso não deveria ser uma grande surpresa. O SARCASM é uma banda que a primeira vista irá te enganar. Quando você pega esse álbum você imagina que se trata de um grupo de brutal death metal.
O nome, o logo e até mesmo a capa te levam a essa conclusão, mas nada mais distante da realidade do que essa afirmação. O quinteto sueco lançou um excelente trabalho de um blackened death metal com forte apelo melódico e aquela sujeira característica das bandas suecas dos anos 90. Obviamente quando você entende que mesmo saindo em 2016, esse material foi composto e gravado em 1994, no auge da explosão do metal escandinavo e o fato de ficar esse tempo todo engavetado se deve a circunstâncias que são explicadas no encante desse lançamento.
Musicalmente falando o SARCARM teria tido uma boa repercussão na época da gravação, pois estamos falando de uma banda com um excelente trabalho instrumental e ainda que para os padrões atuais a gravação não seja tão boa, era o retrato de jovens totalmente voltados ao death metal com elementos mais melódicos em sua essência. Mas falando do trabalho em si, o CD abre com a excelente faixa “Through Tears of Gold”, uma composição rápida e com uma linha de guitarras cortante e melódica. Talvez uma banda que serviria de norte para entender o que o SARCASM criou nessa época seja o Unanimated.
A próxima faixa é “Dark” e soa bem similar à primeira música do álbum. É bastante climática e com ótimos riffs. O primeiro grande destaque fica para a música “Scattered Ashes” que é mais compassada, mas possui uma baita atmosfera em torno de si. O peso reflete algumas influências do velho Celtic Frost e do Samael. Muito boa composição, assim como “You Bleed (I Enjoy)”, que possui uma sonoridade semelhante, mas com mais velocidade.
O piano que se inicia em “Upon the Mountains of Glory” é poderoso e ao se unir à guitarras apenas prepara o caminho para uma música ríspida e que possui um riff principal meio Mayhem, ainda mais por causa da forma como os vocais são vociferados.
A música mais violenta é a matadora “A Touch of the Burning Red Sunset”, uma baita composição de blackened death metal com toda aquela melodia obscura de bandas como o Dissection e Necrophobic. A penúltima faixa do álbum é “Pile of Bodies”, uma música com um começo estranho e até dissonante, mas que logo se torna algo mais pesado e perfeito para se bater cabeça. Finalmente tudo se encerra com “Never After”. Essa música é mais intensa e até mesmo podrona, ainda que a linha melódica esteja presente por baixo de tudo.
A versão nacional ainda traz a demo tape “A Touch of the Burning Red Sunset”, lançada em 1994 e que traz uma banda absolutamente mais crua em termos de produção. A qualidade e a pegada estão lá, mas existe muito mais presente aquela não lapidação do som, típica das demo tapes. “Burial Dimensions” é realmente um álbum excelente e que deveria ter sido lançado na época.