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O The Old Coffin Spirit teve acesso à mente brilhante de “S.”, que nos contou sobre a história da banda, o novo álbum gravado com formação estelar, elevadas doses de demência, complexidade e perversidade. Imperdível, confira a seguir:
Saudações “S.”e bem-vindo ao The Old Coffin Spirit Zine / Portal.Você poderia por favor nos contar um pouco sobre a criação do QRIXKUOR e o seu histórico como músico?
S.: O QRIXKUOR foi criado em 2011/12 por quatro indivíduos com o pulso latejante da loucura em nossas veias, nos unindo para materializar os nossos sonhos de morte. Essa formação foi responsável por duas demos e o mini álbum “Three Devils Dance”, bem como por diversas aparições vitoriosas ao vivo. Prioridades mudaram para alguns, e eu tornei-me o único membro permanente da banda após a turnê norte-americana com o BLOOD INCANTATION, no verão de 2017. Parece ser notório atualmente que eu tenho um histórico de treinamento musical, tanto para performance quanto em composição. O quanto a educação em si influencia o meu trabalho hoje em dia, em oposição simplesmente à centelha contínua, que inicialmente alimentou a minha paixão ardente por tais aspectos do som, está aberto a interpretação, e quase que definitivamente exagerado, mas ela certamente mostrou-se genuinamente útil quando estava arranjando as seções orquestradas do “Poison Palinopsia”, por exemplo. Foi uma boa base para aprender o que fazer, bem como o que não fazer, no mínimo.
A banda mudou a sua formação, adicionando “VK” do VASSAFOR (Nova Zelândia) no baixo, e o seu companheiro “DBH” do ADORIOR (Reino Unido) na bateria. Soa como uma reunião das mais poderosas, e uma que funcionou com perfeição no novo álbum. Como foi a experiência? Podemos esperar ver essa formação produzindo mais música adiante?
A experiência foi como você poderia imaginar, com indivíduos tão inimitáveis e distintos. Ambos excederam as minhas expectativas com suas contribuições, e foram vitais na concretização do potencial massivo do álbum. Ambos têm sido companheiros de confiança por muitos anos a esse ponto, e quando eles ofereceram seus serviços para o disco, eu sabia que eles dariam nada menos que o seu melhor absoluto. Uma combinação única de talentos. Essa formação foi reunida com o propósito único de gravar o “Poison Palinopsia” – o futuro ainda está por ser decidido. Fazer algo melhor que ele seria certamente um desafio.
O “Poison Palinopsia” finalmente foi lançado, e ele soa tão brilhante e desafiador quanto alguém poderia esperar, para aqueles familiarizados com as obras anteriores da banda. É definitivamente também recompensador, e o vejo como um competidor verdadeiro pelo Álbum do Ano. Quais são as suas visões e sentimentos em relação às duas músicas que o compõe?
Obrigado pelas suas palavras gentis. Eu sinto que as duas faixas, e o álbum como um todo, juntamente com a arte, produção, layout, etc, funcionam perfeitamente para expressar a narrativa pretendida, e estou muito satisfeito com o resultado do nosso trabalho árduo. Acho que ouvir o álbum finalizado espelha efetivamente a intensidade da provação emocional que foi elaborá-lo – eu não poderia pedir mais que isso.
Que tipo de atmosfera você procura capturar quando você está trabalhando na sua música obscura e infernal? Aproveitando, quais são suas influências principais como compositor e guitarrista?
Eu tenho uma imagem mental clara do cenário desejado, e procuro descrever isso sob forma de som. É um processo intuitivo, e, portanto, bastante difícil de explicar. O QRIXKUOR é o som das fibras dos véus distorcidos da realidade, rasgando-se à medida em que eles se expandem lentamente, sob estados de consciência alterados, tanto auto induzidos quanto o contrário. É o que é visto através desses portais que inspiram a imagem, que se torna a atmosfera. Minhas influências como guitarrista variam desde “TreyAzagthoth”, “Rob Vigna” e “Rick Cortez” a “Marty Friedman”, “George Lynch” e “David Murray” a “Shawn Lane”, “Django Reinhardt” e “Steve Lukather”. Para compositores, você pode listar “Penderecki”, “Shostakovich” e “Stravinski”, ou até mesmo artistas como “Pauline Oliveros”, “Lustmord” ou “Elend” pela maneira como expressam de forma eficaz e única suas narrativas e atmosferas pretendidas. A lista é infinita. O importante é dizer alguma coisa, seja o que for.
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O álbum é um trabalho altamente complexo, repleto de camadas e rico em detalhes. A produção também é excelente, e certamente se encaixa à proposta do álbum. Como foi o processo de gravação, e quem ficou responsável pelo belo trabalho de produção?
O álbum foi gravado, mixado e masterizado pelo “Greg Chandler” do ESOTERIC (OBS: Banda de Funeral Doom/Death Britânica) nos estúdios “Priory Recording Studios” em Birmingham, Inglaterra, e aconteceu ao longo do período de dez dias em novembro de 2020. A paciência e os insights do “Greg” foram inestimáveis para alcançarmos o resultado – eu já havia trabalhado com ele antes, e sabia que ele, ao mesmo tempo, compreenderia o que seria necessário para materializar a visão do disco, e teria o conhecimento técnico para fazê-lo. O processo de gravação foi intenso, mas é assim que eu queria – desconectar-me completamente do mundo por um breve período e capturar a espontaneidade do momento de alguma forma, saindo do estúdio com o álbum completo ao final. A natureza da música é complexa, e houve um número enorme de partes para se gravar, mas, sob o olhar atento do Diabo, tudo correu muito tranquilamente, e nós não tivemos que fazer mais que poucas tomadas de nada. Havia, obviamente, muito tempo para se preparar, física e mentalmente.
O álbum está sendo lançado pela “Dark Descent Records” na América do Norte e pela “Invictus Productions” na Europa. Você está feliz com as parcerias até este momento?
Sim, eu mantenho bom relacionamento pessoal com os proprietários de ambos os selos – o que é importante para mim – e confio que ambos têm feito, e farão o melhor para auxiliar com os detalhes mundanos de realizar minhas criações, e na sua proliferação ampla e irrestrita, com dedicação impecável e entusiasmo inabalável. Não tenho reclamações, absolutamente.
A formação atual certamente seria um problema com relação às performances ao vivo, uma vez que o “VK” mora na Nova Zelândia. Existem planos para shows do QRIXKUOR daqui em diante? Acredito que você provavelmente precisaria de uma formação maior, para reproduzir apropriadamente o som da banda ao vivo…
Há muitos obstáculos no caminho de se fazer shows ao vivo no presente momento, e você está correto na sua suposição de que a localização do “Phil” é um deles, com outro sendo o número de músicos e a quantidade de tempo que seria necessário investir para tornar isso uma realidade. Eu preferiria não tocar mais ao vivo a fazê-lo com qualquer tipo de compromisso, então esse não é um plano imediato por enquanto. Porém, nunca diga nunca. Eu tenho certeza de que as estrelas se alinharão em algum momento.
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Vamos falar um pouco sobre a arte de capa impressionante do “Daniel Corcuera”, a segunda obra dele com o QRIXKUOR após a igualmente ótima ilustração da capa do “Three Devils Dance”. Você sente que ela captura bem as suas ideias e conceitos para o álbum?
Sim, o “Daniel” trabalhou a partir das letras e dos rascunhos da música para criar algo que especificamente refletisse o conteúdo, e eu sinto que ele atingiu isso perfeitamente. Agora que o álbum está em circulação, tenho visto muitos comentários também observando que a aparência da pintura e o som da música combinam com perfeição. É literalmente a representação visual da música e letras. O “Daniel” nunca deixa de me impressionar – estou completamente satisfeito com essa colaboração. A arte da contracapa também é linda – eu apenas pedi a ele um sigilo do tamanho de um vinil!
A banda tem estado ativa por dez anos agora, com lançamentos bem-sucedidos, músicos experientes e selos de metal extremo de primeira linha no suporte. O que vem a seguir? Podemos esperar ouvir mais dessa entidade? Quais são os seus objetivos movendo-se adiante com o QRIXKUOR?
Objetivo, como sempre, é levar tudo mais longe. Mais é mais até que não seja, e nós ainda não chegamos lá. Já estou com os trabalhos consideravelmente avançados para o próximo lançamento, então na ausência de performances ao vivo, esse é o objetivo imediato. Com foco renovado e menos incertezas em relação à formação da banda, eu gostaria de dizer que isso levará menos que outros cinco anos para concretizar-se. Ainda não acabei, longe disso.
Como você vê o estado atual do Death Metal, e do metal extremo como um todo?
Eu meio que me desconectei disso um pouco ao longo dos anos recentes, e me peguei ficando totalmente obcecado por alguns poucos lançamentos a cada ano, ao invés de buscar como um maníaco por centenas e de fato não absorver nenhum, e nesse campo restrito eu encontrei maior apreciação pelo estranho e maravilhoso do estilo. Não tenho tempo a perder com bandas que não se destacam. Da explosão superpovoada do Death Metal de alguns anos atrás (da qual éramos parte, claro), muitas entidades realmente únicas e perturbadas emergiram vitoriosas, e estão explorando sua própria loucura em novos lançamentos. Você também ainda tem muitas da velha guarda seguindo mais fortes que nunca. Certamente, não há escassez de inspiração ou concorrência. O mesmo se aplica ao cenário do metal extremo, independentemente de rótulos, os quais estão se tornando ainda mais nebulosos e, de qualquer forma, nunca foram particularmente úteis.
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Quais são os seus álbuns favoritos de todos os tempos? Algum brasileiro de sua preferência?
Reduzir os meus favoritos de todos os tempos a uma lista seria uma tarefa impossível, sinto muito. Vamos com alguns poucos álbuns que estão me possuindo neste exato momento:
1 – NEGATIVE PLANE – “Terceiro Álbum ainda não lançado”
2 – SINISTROUS DIABOLUS – “SinistrousDiabolusII”
3 – RICHARD MOULT – “Chamber Music Vol. 2”
4 – MANOWAR – “Into Glory Ride”
5 – DEAD CAN DANCE – “Garden oftheArcaneDelights EP”
6 – HELLVETRON – “TridentofTartarian Gateways”
Meus brasileiros favoritos são provavelmente bastante óbvios – Hail MYSTIFIER, VULCANO, SEPULTURA dos primórdios, SARCÓFAGO, IMPURITY, HOLOCAUSTO, GOATPENIS… alguns dos melhores de todos!
Muito obrigado pelo seu tempo e atenção, “S.”. Esperamos ouvir mais de você no futuro próximo, seja com o QRIXKUOR ou o ADORIOR. Fique à vontade para deixar uma mensagem aos nossos leitores:
Obrigado pela entrevista esclarecedora, e espero que você e seus leitores tenham apreciado o breve vislumbre do nosso mundo. Vocês ouvirão mais de ambas as entidades mencionadas muito em breve. Hail to Brazil!