DATA DE LANÇAMENTO/RELEASE DATE: 13/08/2021
O álbum de estreia do QRIXKUOR é um dos que gerou maior expectativa de minha parte esse ano, porque as Demos de 2014 e 2015, relançadas em 2017 na Compilação “Incantations from the Abyss” somadas ao EP “Three Devils Dance” de 2016, contêm alguns dos melhores registros de Blackened Death Metal Experimental dos tempos recentes.
A entidade foi formada em 2011 em Londres, no Reino Unido, mas passou por reformulação recente. Hoje, é composta por uma espécie de “Dream Trio do Inferno”: O fundador e cérebro “S.” na composição musical, lírica, vocais e guitarras (membro do ADORIOR), “VK” no baixo (VASSAFOR, TEMPLE NIGHTSIDE, ex-DIOCLETIAN, ex-IRKALLIAN ORACLE) e “DBH” na bateria (ADORIOR, GRAVE MIASMA).
O Death Black praticado pelo QRIXKUOR é perturbador, claustrofóbico e enervante. A musicalidade é genial, emanando insanidade num formato único, e contemplando a morte por meio da conjuração de uma tríade profana: Agressividade exorbitante, Atmosfera opressora e sufocante, Dissonância caótica eonipresente.
Seu primeiro álbum de estúdio “Poison Palinopsia” será finalmente lançado em 13/08/21, conjuntamente pelos selos “Dark Descent Records” nos Estados Unidos e “Invictus Productions” na Europa.
O espetáculo começa pela capa, obra esplêndida e enigmática do chileno “Daniel Corcuera”, que além de ilustrador é músico e membro do ótimo SLAUGHTBBATH. Procure ampliar a imagem, e observe a riqueza de detalhes e beleza das cores.
A primeira impressão gerada pelo álbum é a de sentir-se preso em um longo e traumatizante pesadelo, o qual não se pode evitar, e do qual se lembra desconfortavelmente ao despertar. É importante enfatizar que o trabalho é extremamente intenso, desafiador e audacioso. Divide-se entre apenas duas músicas, cada uma com vinte e quatro minutos.
A construção das músicas é brilhante, cercada de psicodelia blasfema, com elementos progressivos e experimentais. As guitarras apresentam timbres soberbos. As melodias estão presentes, mas soam distorcidas e repletas de perversidade, utilizadas com o propósito único de reforçar a experiência doentia em meio à dissonância convulsiva. Os riffs são sempre fantásticos, e comandam levadas memoráveis. Exemplos por volta de 7:35 e aos 9:40 da primeira faixa “Serpentine Susurrus – Mother’s Abomination”.
Os vocais são demoníacos, inumanos e quase unidimensionais, normalmente presentes no Death Metal de bandas como DEAD CONGREGATION e TEITANBLOOD. Cumprem perfeitamente seu papel.
A percussão do batera “DBH” é precisa, hostil e de tom beligerante em diversas passagens. Há muita variação, desde os momentos mais cadenciados e cheios de tensão até os blast beat sem ultra velocidade. O baixo de “VK” se faz presente ao longo do álbum, soando cru e agravando em peso e potência, complementando com eficácia o trabalho de guitarras.
Apesar dos quase cinquenta minutos de tempo total, as duas faixas fluem organicamente, com estranha naturalidade. Há passagens transacionais entre as mais lentas, onde a atmosfera infernal ganha elementos Doom, e as acelerações coléricas e atordoantes. Os caminhos trilhados pelos músicos não dão pistas dos passos seguintes, deixando-o refém de uma jornada calculadamente desgovernada e surreal.
Em raros momentos, há a adição de teclados e piano, como na passagem entre uma música e outra. Mesmo sem os instrumentos tradicionais, a banda consegue manter a aura pavorosa.
Não se trata, absolutamente, de uma obra para ser ouvida em partes. É aquele disco que requer tempo e foco, oferecendo por outro lado grande recompensa. Pela natureza complexa e intimidadora, necessita uma série de audições para completa absorção. Fica melhor a cada vez, entorpecendo e viciando a vítima.
A expectativa era grande, e o QRIXKUOR de fato representou. Seu primeiro disco de estúdio é majestoso, uma obra-prima da imundície e da virulência, item obrigatório a qualquer fã de concepções abjetas como TEITANBLOOD (ESP), IRKALLIAN ORACLE (SUE), GRAVE MIASMA (UK), ABYSSAL (UK), PORTAL (AUS), VASSAFOR (NZL), DEATHSPELL OMEGA (FRA) e ANTEDILUVIAN (CAN). Certamente, estará em destaque na minha lista de melhores do ano.
Relação das duas faixas, que totalizamos 48:42 minutos de duração:
1 – “Serpentine Susurrus – Mother’s Abomination”
2 – “Recrudescent Malevolence – Mother’s Illumination”