O PHRENELITH é parte de uma “máfia” dinamarquesa do Death Metal old school, que tem colocado o pequeno país escandinavo em destaque como uma das cenas mais vibrantes, produtivas e ricas em talento dos últimos anos.
Seu quarteto divide membros (atualmente ou com passagens anteriores) com nomes como UNDERGANG, SULPHUROUS e HYPERDONTIA, dentre outros menos conhecidos. O primeiro e excelente álbum “Desolate Endscape”, de 2017, causou impacto imediato no underground mundial e gerou grande expectativa pelo sucessor, que será finalmente lançado no dia 10/12, por intermédio do selo grego “Nuclear Winter Records”.
“Chimaera” é o nome do novo trabalho, voltado à figura híbrida monstruosa da mitologia grega, que possuía cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente. A palavra também ganha significados adicionais: Pode ser algo utópico, fruto da imaginação e impossível de realizar-se; e pode ser um organismo com células e/ou tecidos de duas ou mais espécies (como a ciência já vem testando há anos, células de animais diferentes para regeneração e transplantes de órgãos).
“Awakening Titans” é a peça de abertura, que cumpre com maestria seu papel de encantar o ouvinte desde a primeira audição. O instrumental é impecável, e cresce em meio a uma atmosfera carregada e enigmática. Destaca-se o trampo irrepreensível do batera “Tuna”. Os riffs e leads da dupla de guitarras “S.D” e “David Torturdød” são abrasivos, e de timbre irresistível. Este último é também o encarregado pelos ótimos vocais abissais. O baixo de “J” soa correto, e se sobressai em boa medida no mix (escutem esse som com bons fones, amiguinhos). Inegavelmente, isso aqui é Death Metal tradicional excepcional, do mais alto nível.
“Chimaerian Offspring – Part I” a agressividade e a velocidade escalam. O duo de guitarristas consegue produzir um número absurdo de riffs certeiros, que se conectam e evoluem a cada passagem, tornando-se cada vez mais viciantes.
“Phlegethon” é basicamente instrumental, e tem seu início atmosférico, com guitarras acústicas, as quais são rapidamente atropeladas pelas guitarras imundas, brutalmente altas e distorcidas. Os riffs aqui ganham uma pegada tipicamente Doom, criando algo diverso das músicas anteriores, mas igualmente matador.
“Gorgonhead” configura outra faixa hedionda e brutal, tal qual a figura mítica que inspira seu título. Trabalho especialmente brilhante de bateria, finamente complementado por guitarras criativas e totalmente podres, com sonoridade perfeita para o subgênero.
“Kykytos“ vê a banda retornar ao ritmo médio, com algumas passagens até bastante cadenciadas. O Death Doom foi uma das grandes estrelas de 2021 em termos de lançamentos de qualidade, e esse som aqui é muito foda, remete a vários deles.
“Χίμαιρα” é um interlúdio acústico, de teclados sombrios e belas guitarras acústicas. O título está em grego, e quer dizer exatamente Quimera, o nome do álbum e da criatura mítica já mencionada acima.
“Chimaerian Offspring – Part II” chega para concluir o disco. Mescla com extrema habilidade os riffs assassinos, disparados em meio à velocidade insana, com os momentos ultra pesados e morosos, onde as guitarras soam ainda mais colossais, como se englobassem a massa de um buraco negro.
O segundo álbum do PHRENELITH é nada menos que excelente, compacto e direto ao ponto. Faz jus ao forte disco de estreia, e ao material que a banda lançou ao longo dos seus primeiros anos de atividade. É mais um trabalho digno das tradicionais listas de final de ano (já entrou no meu top 20 de 2021).
Altamente recomendável a quem goste de DEAD CONGREGATION (GRE), NECROT (EUA), MORTIFERUM (EUA), UNDERGANG (DIN), HYPERDONTIA (DIN/TUR), TEMPLE OF VOID (EUA), CEREBRAL ROT (ALE), TOMB MOLD (CAN) e CRUCIAMENTUM (ING).
Tracklist abaixo, totalizando 31:21 minutos de duração:
1 – “Awakening Titans”
2 – “Chimaerian Offspring – Part I”
3 – “Phlegethon”
4 – “Gorgonhead”
5 – “Kykytos”
6 – “Χίμαιρα”
7 – “Chimaerian Offspring – Part II”