Entrevistas

ORTHOSTAT – Escavando o velho metal da morte a cada nota executada

Fomos  trocar uma ideia com a banda de Death Metal Orthostat e eles nos contam um pouco mais sobre a história da banda.

Saudações arqueólogos do Death Metal ! É um prazer tê-los no The Old Coffin Spirit Zine & Portal. Para começar, o nosso bate – papo, destampe o velho caixão e apresente a banda e seus integrantes.

 Olá! É sempre uma honra participar da grande The Old Coffin Spirit Zine!

A Orthostat é uma banda de death metal de Jaraguá do sul, formada em 2015. Sua sonoridade remete ao death metal old school dos anos 90, como Incantation, Autopsy e Malevolent Creation; com adição de elementos de Doom Metal e Tempos Complexos. Conta com David Lago como guitarra e vocal, Rudolph Hille, guitarra, Eduardo Rochinski Arbigaus, baixo, e Igor Thomaz na bateria.

Em 2015, a banda surgiu na cidade de Jaraguá do Sul (SC), como um power trio formado por : Eduardo Rochinski, no baixo, Márcio Coelho, na bateria e David Lago, nos vocais e guitarras. Todos músicos com vários outros projetos / bandas dentro da cena catarinense.  De onde veio a necessidade de montar outra banda e por que escolheram o “velho Death Metal” ?

Orthostat virou banda por acaso. Era um projeto sem pretensões de ensaios regulares ou de lançamento de discos. A demo saiu depois de alguns pedidos de amigos que frequentavam o ensaio do Impiedoso e ouviam algumas das músicas. A escolha do estilo também foi consequência da compatibilidade musical entre os membros do projeto naquele estágio, era o que mais ouvíamos desde sempre.

Em 2016, o trio entra em estúdio e grava a demo tape “Into the Orthostat”, contendo 4 faixas. Como foi a aceitação desse artefato no submundo ?

Foi surpreendente, e foi decisiva para mudar o escopo do projeto e investir em um full-length. As cópias da demo esgotaram bem mais rápido do que imaginávamos e hoje temos várias solicitações para relançar aquela demo, e temos expectativa que em algum momento isso se concretize também.

Em 2019, vocês lançam o matador Debut – CD “Monolith of Time” que, na minha opinião, é um matador álbum de estréia. São 8 faixas de um fudido Death Metal com uma pegada Old School.  Com riffs poderosos e vocais cavernosos, mesclando fúria e técnica, sem soar demasiado chato. Vocês ficaram satisfeitos com a produção, arte gráfica e layout ? E como foi recebido esse artefato na mídia especializada e pelos malditos Metalheads ?

 Com certeza ficamos muito felizes e orgulhosos com o produto final do nosso debut, a capa e a arte foi feita por Carlos Bercini e foi muito bem recebido pela mídia nacional e internacional, sendo muito elogiado.

Neste  trabalho vocês adicionaram o guitarrista (e fotógrafo underground) Rudolph Hille na outra guitarra. O que mudou na dinâmica das composições e como foi adaptação dele na banda?

 Rudolph Hille veio em 2017 por indicação do Edson (estúdio abrigo nuclear). Na época estávamos somente com uma guitarra e já trabalhando no primeiro disco. Já no primeiro contato os estilos convergiram e imediatamente já começamos a trabalhar juntos. Cada um dos membros da banda possui tendência a trabalhar em temas com diferentes estruturas musicais, o que contribui consideravelmente para turbinar a criatividade e originalidade na composição das músicas, e naquele momento a parceria encaixou como uma luva, porém a forma mais avançada do resultado da combinação será apresentada no próximo disco, que sairá na primeira metade de 2023. Algumas músicas como Gravity e Radioactivity já possuem registros ao vivo no youtube para quem não se importar com spoilers.

Toda banda Underground no Brasil sofre muito com trocas e saídas constantes de integrantes. Vocês gravaram a demo tape com o Márcio Coelho na bateria. No Monolith Of Time ele já não fazia mais parte da banda. O que houve para sua saída ? E como foi contar em estúdio com Thiago Nogueira, na bateria ? Músico baiano que tocou também na entidade Headhunter DC entre outras bandas lendárias da terra sem salvação.

 Márcio Coelho é um grande baterista e peça chave no underground norte catarinense, se retirou da banda em 2018 por motivos profissionais. Às vezes é difícil conciliar todas as responsabilidades com os compromissos musicais. O Márcio fez parte da fundação da banda e contribuiu muito com a identidade sonora da banda. A experiência com Thiago Nogueira foi excepcional, ele trouxe uma técnica absurda e elevou ainda mais a brutalidade do nosso som, e foi muito proveitoso ter toda essa experiência no underground participando no nosso Debut.

Eu estive na cidade de Jaraguá do Sul no festival “Nehell fest”, inclusive, saiu uma resenha deste evento no site do The Old Coffin Spirit. Neste evento vocês fizeram uma grande apresentação. Foi o primeiro show da banda “pós – pandemia”, certo ? Nesta data vocês contaram com o grande baterista Igor Thomaz (ex – Carrasco – sc / Offal) e ele foi integrado à banda oficialmente? Como está sendo trabalhar com ele ?

Antes do evento Nehell já havíamos tocado em outros dois eventos, um em Corupá e outro em Rio Negrinho. Igor Thomaz entrou na banda no final do ano de 2018, justamente durante a finalização do Monolith Of Time, onde tocou em todos os shows de divulgação do álbum. Trabalhar com o Igor é maravilhoso, ele é um excelente baterista que consegue misturar potência, técnica e ainda adicionar um feeling a tudo isso, tendo uma maneira de tocar muito própria e original, que trouxe ao Orthostat uma identidade sonora muito única.

Vocês lançaram o Debut – CD “Monolith Of Time” pelo selo mineiro do batalhador Leandro Fernandes que faz um ótimo trabalho em prol do Doom Metal com o Eclipsys Lunarys. Ele criou outro selo chamado “Underground Voice Records”. O trabalho de vocês saiu por esse novo selo dele, certo? Vocês ficaram satisfeitos com o trabalho dele com a banda no submundo?

 Isso mesmo! Nosso disco foi lançado por vários selos, entre eles o Underground Voice Records. Ficamos muito satisfeitos com essa parceria. Leandro é um grande apoiador e divulgador do estilo na cena. Graças aos esforços dele, conseguimos um lançamento do disco no formato K7 na Indonésia, ajudando muito na divulgação da banda ao redor do mundo. Também lançamos na Europa com o selo Darzamadicus records da Macedônia.

A banda lançou em 2020 um single nas plataformas de streaming para a música Null. Um poderoso Death Metal com riffs agressivos, bateria poderosa, baixo pulsante e vocais cavernosos. Como o submundo aceitou esse single? Vocês já estão trabalhando em um novo álbum?

 Este single foi composto durante a pandemia, e é uma amostra do novo direcionamento da banda com a sua formação atual. É uma música com tempos bastante complexos e um andamento muito pesado, foi o primeiro trabalho gravado do Igor e funciona como spoiler para o nosso novo álbum que está em andamento. Também lançamos um vídeo-clipe do processo de gravação.

Poderia nos dar mais detalhes sobre esse trabalho? Produção, estúdio e se continuarão com o mesmo selo?

A produção foi totalmente independente, gravamos em nossos estúdios em casa e fizemos a mixagem e masterização sozinhos, o lançamento do single foi somente por plataformas digitais, e vamos sim continuar com o selo.

A banda aborda em suas letras temas de civilizações antigas e os conflitos violentos que sempre estiveram presentes na história da Humanidade. Nas novas músicas e, no próximo disco, continuarão abordando esses mesmos temas?

A proposta inicial do Orthostat era falar sobre civilizações antigas, inclusive o nome da banda remete a um termo histórico para monumentos de civilizações antigas, como os esculpidos em rocha na Mesopotâmia, e o primeiro disco foi um álbum conceitual sobre este tema. A banda continuará a lançar discos conceituais, sempre abordando um tema específico, porém o tema do próximo disco será diferente do primeiro: O tema é história do universo, início, meio e fim.

É bem importante que os assuntos abordados nas letras tenham fundamentação teórica adequada e validação em pares de especialistas, isso garante que as letras tenham forte embasamento científico e que possam representar detalhes e características de toda a história do universo, respeitando critérios técnicos da física. Também é interessante pensar neste ambiente espacial com uma perspectiva mórbida e abordar estes diversos conceitos da cosmologia usando um leque de palavras com contextos mais obscuros e soturnos.

Com o fim da pandemia, a cena Underground voltou com tudo! Rolando vários festivais no estado catarinense. Mas também muitos shows gringos e isso acaba afetando a cena do estado. Qual a visão de vocês sobre a atual cena catarinense, em relação a festivais e bandas?

 O cenário atual é incrível, diversas bandas muito boas e com excelentes trabalhos, para quem aprecia, é sempre um prato cheio. O underground sempre se sobressaiu diante a união de todos, tanto bandas, quanto produtores de eventos e ao público que apoia comprando material e indo aos shows. Aos poucos os eventos estão voltando e existem muitas pessoas dispostas a fomentar o underground. Tivemos muitos eventos incríveis produzidos pelo Jhonny Igor de Souza; Gilli Lopes; Bruce Baiochi; Fábio Tschoeke e Diego Tschoeke do Magos Bar.

Como já citamos mais acima, todos os músicos envolvidos com a Orthostat estão envolvidos com outras bandas da cena catarinense. Quais bandas de Santa Catarina têm o apoio e respeito da banda e quais indicariam aos nossos leitores, para que possam conhecer um pouco melhor o metal catarinense?

Bandas excelentes que indicamos: Volkmort, Tressultor, Flesh Grinder, Face do Horror, Bomba no Porão, Os Diabo a Quatro, Khrophus, Puttrefication, Alocer, Ar Da Desgraça, Fly-X, Zombie Cookbook, Impiedoso, Osculum Obscenum, Häuser, Battalion, Rotten Soul, Betriastellar, Chronon, Sacrilegium, Violent Curse, Precipício, Necronation, Profana, Revocate, Warhell, Retaliate, Antichrist Hooligans, Homicide.

E sobre o Underground brasileiro, qual a visão de vocês do que está rolando no submundo daqui ?

Estamos vivendo uma ótima fase, diversas bandas incríveis surgindo e muitas bandas antigas que continuam na ativa sendo prestigiadas do jeito que merecem, queremos inclusive fazer uma menção a banda paraibana Papangu que debutou em 2021 com aclamação da crítica, unindo metal progressivo a elementos da cultura regional, que nós curtimos muito.

E gostaria de saber de vocês 5 plays essenciais do Death Metal que não podem faltar na coleção de um fanático por metal da morte.

Vamos responder de uma maneira diferente, vamos citar 6 ótimos álbuns do underground que todos devem ouvir:

  • Obliteration – Nekropsalms
  • Disincarnate – Dreams of the Carrion Kind
  • Headhunter DC – And the Sky Turns to Black
  • The Chasm – Farseeing the Paranormal Abysm
  • Diskord – Degenerations
  • Cerebral Rot- Odious Descent Into Decay

Chegamos ao fim da entrevista. Obrigado pela atenção e pela participação neste artefato. Considerações finais. Um abraço &  força – Sempre!!!

Muito obrigado a The Old Coffin Spirit Zine & Portal e principalmente a você Walter Bacckus por sempre apoiar a cena e fomentar as bandas do submundo ao longo de todas as décadas! Muito obrigado pelo espaço e consideração!

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