Finalmente os coveiros malditos violaram os túmulos ao seu redor e desenterraram as carcaças musicais que formam esse primeiro álbum de estúdio de um nome que pode ser novo na cena nacional, mas que traz em sua formação Cláudio Slayer, um veterano da cena death metal natalense e nordestina, que já passou por bandas como Insane Death, Expose Your Hate (banda atual), entre outras podreiras do mesmo nível. O OPEN THE COFFIN surgiu como um projeto de Claúdio e agora mostrou suas presas com um sensacional álbum. “The World is a Casket” é um trabalho que do seu início ao fim tem uma única fonte de inspiração: o mais pútrido e tradicional metal da morte. Aqui não há brutalidade desmedida. O foco é o peso, riffs carregados, andamentos cadenciados e rápidos em vários outros momentos, vocais ríspidos.
O OPEN THE COFFIN tem evidentes influências de delicadezas como o próprio Insane Death (banda natalense que existiu no início dos anos 90 e que deixou fãs maníacos, inclusive esse que vos escreve), o velho Gorefest, o maldito e perfeito Invocator da Dinamarca, traços do death sueco, o saudoso Death em seus primeiros anos e há muito do death metal mais climático que varreu a Finlândia nos primeiros anos da década de noventa. Ou seja, temos aqui uma seleção de faixas que se destacam por uma qualidade alta em suas linhas melódicas, sua estrutura e na execução. A produção do álbum é muito boa, suja, mas com tudo em seu devido lugar. O riff de abertura da faixa “Don´t Bury the Dead” já evidencia o que vem na sequência e o OPEN THE COFFIN não deixa o cadáver ser recomposto em momento algum. É uma faixa para shows, isso ao vivo deve soar como uma marreta. As partes mais lentas são realmente poderosas.
A próxima é a singela “Let Me Rot Alive” tem uma atmosfera que me trouxe à lembrança o Entombed, Nirvana 2002 e Dismember. Headbanging riffs sem vergonha alguma de ser assim. A faixa título é uma das melhores do álbum e um grande cartão de visitas já que reúne todas as características que fazem do OPEN THE COFFIN um nome que vai dar o que falar nessa cena extrema. A simplicidade dos arranjos é um contraste com o impacto das escolhas melódicas. Mr. Slayer colocou suas influências e sua alma nessas faixas.
O velho death metal quase splatter que o Carcass mandou após seus dois primeiros álbuns tem um papel fundamental em uma música como “Cannibalized Exhumation”. E aquele death metal grudendo e ríspido do Death também. Na mesma pegada segue a próxima composição intitulada “Curse of Empty Graves”. Não há como não citar o fato de que em momento algum as faixas desse material descabam para brutalidade. O andamento focado em um meio tempo é sensacional e pede por um trabalho de guitarra potente para não soar cansativo ou repetitivo e aqui isso não ocorre. Não há monotonia. O peso e a melodia invocadas por “Coffin Maniac” são envolventes e preparam o ouvinte para uma faixa que segue o caminho de forma lenta, mas efetiva. Outra perfeita manifestação da mais pura necrolatria musical vem com a energética “Cold as Corpse”, mais rápida, mas não menos assassina.
E finalmente o OPEN THE COFFIN guardou a última dose da trioxina para libertar o morto em “Symphony of Death”, faixa que remonta aos tempos do lendário INSANE DEATH. Sinceramente eu ouvir os velhos tapes com gravações de ensaio da banda e ficava impressionando com a qualidade que aquele grupo tinha. Poder ouvir uma faixa daquela época com essa produção e identificar os detalhes que passavam batidos por conta da imundície clássica dos tapes, é catártico. Enquanto os idiotas criticavam e/ou ignoravam a nós, da cena nordestina, bandas como essa estavam criando música de qualidade muito, mas muito acima da média. Não poderia deixar de tirar o chapéu para a bela arte da capa desse material, resultado do trabalho do artista Marcos Miller. Agora é esperar a versão em CD sair e trazer o mais rápido esse caixão para a coleção. Matador é o mínimo que posso dizer.
O tracklist do álbum é:
- Don’t bury the dead
- Let me rot alive
- The world is a casket
- Cannibalized exhumation
- Curse of empty graves
- Coffin maniac
- Cold as a corpse
- Symphony of death