Coletâneas são sempre uma montanha russa de emoções, algumas incríveis e outras um verdadeiro pesadelo, mas quando estamos falando de uma banda como o NOMINON isso muda de figura. 27 anos depois de formada, essa banda sueca tem uma discografia invejável e de qualidade indiscutível e “Yesterdeath” mostra isso sem pestanejar.
Trazendo músicas raras de vários compactos o material faz um apanhando da música da banda entre 2003 e 2014 e não se engane. Ainda que o material tenha um grande intervalo temporal e músicas gravada em locais diferentes isso não interfere no objetivo final do NOMINON como banda: tocar e oferecer death metal puramente old school. O álbum começa com “Rigor Mortis” e “Of Ancient Craft”, ambas de 2014 e você percebe a qualidade de produção. Curiosamente as duas músicas trazem uma produção que deu uma pegada meio Obituary às guitarras, mas musicalmente são ambas bem diferentes, tendo apenas o death metal como elemento que as une. “Rigor Mortis” é uma puta composição. Mistura partes mais cadenciadas e outras rápidas de forma matadora. “Of Ancient Craft” é destruidora e uma música muito mais suja e porrada. É perfeita.
Do já longínquo 2011 vem as faixas “Manifestation of Black”, “Burnt Human Offering” e “Black Chapel” e musicalmente não se distanciam tanto das duas primeira músicas. A gravação é um pouco inferior, mas é mais orgânica, criando uma atmosfera ainda mais underground. Death metal sueco na sua cara, direto e violento. “Black Chapel” parece uma gravação de ensaio e soa podre. Lindo ! Essas gravações tem o poder de soar mais poderosas que a melhor produção do mundo. As próximas músicas, “Through Dead Door” e “Release in Death” trazem uma pegada mais diferente, mas tão fudida quanto as outras músicas. O NOMINON soa mais sujo e até mesmo brutal. “Realease in Death” mesmo é mais cadenciada e suja.
Ao vivo a banda não perde o seu poder de fogo como pode ser percebido durante a audição das duas pedradas intituladas “Hordes of Flies” e “Condemned to Die”. Fechando o material vem a trinca “Blaspheming the Dead”, “Invocations” e “Blessed by Fire“, cuja gravação remonta ao ano de 2003. A produção é bem underground, mas as músicas são muito boas, como tudo que o NOMINON cria. Os vocais tem uma pegada diferente, mais rasgados, mas ainda assim muito bons. Há uma pequena influência de thrash metal aqui e ali, como na música “Invocations” (e uma das músicas mais legais desse CD) e isso dava mais energia ao som dos caras.
Destacaria a capa maravilhosa de “Yesterdeath” que lembra velhos quadrinhos de terror. Isso no vinil deve ser um belo espetáculo de se observar. “Yesterdeath” é uma compilação que realmente merece estar na coleção de quem aprecia o trabalho do NOMINON e gosta de death metal sueco, já que é um registro testemunhal de uma evolução poderosa e uma total devoção ao metal da morte. Que venham muitos mais anos para sua música. Uma avaliação tão alta dada a uma coletânea tem uma explicação muito simples: isso aqui é matador. Ponto final.