O NOCTURNAL GRAVES chega neste início de 2022 ao seu quarto álbum completo de estúdio, e pode-se dizer que bem pouco havia mudado desde 2007, quando saiu o primeiro “Satan’s Cross”. Significa que eles seguem entregando aquele Blackened Death / Thrash de primeira linha, direto e cheio de rispidez, com guitarras que bebem diretamente da fonte dos clássicos supremos “Altars of Madness” e “Blessed Are the Sick”, com som fundamentado em riffs e leads impactantes.
“An Outlaw’s Stand” foi lançado no dia 07 de janeiro internacionalmente, via “Season of Mist Underground Activists”, o segundo em sequência da parceria com a gravadora e distribuidora francesa. São trinta e seis minutos de metal extremo old school, e mais uma vez os caras não decepcionam. Porém, houve mudanças sutis na sonoridade, principalmente no novo disco, e sendo assim, prevejo alguns narizes torcendo no underground.
A produção é mais limpa em relação ao material antigo. Não há excessos, portanto não compromete. Outro ponto é que o trabalho atual possui mais variações rítmicas, e algumas desacelerações incomuns pro histórico da banda. Algo que também joga a favor, já que torna o álbum mais diverso, e menos linear.
O som em geral continua direto, franco e agressivo. Perdeu-se algo da imundície dos primórdios. A mim, não incomodou. Prefiro enxergar como parte da evolução dos caras ao longo dos quase dezoito anos de carreira.
Considerando o que eles mantêm intacto da sonoridade original, somado às características agregadas, qual é o saldo? Positivo, sem dúvidas. Sons como a caótica e intensa “Death to Pigs” e a vibrante sequência “Command for Conflict” são empolgantes, e queimam com intensidade. Essa segunda, inclusive, contém os melhores riffs do álbum.
Em “Ruthless Fight” o trampo de guitarras segue excepcional. Vale um destaque ao batera “Nuclear Exterminator” ou “J.R.”, que já tocou e/ou ainda toca em umas 300 bandas. O cara é bom demais, e a qualidade do trabalho dele no disco salta aos ouvidos de ponta a ponta. Já em “Across the Acheron”, a atmosfera mais Black e a pegada midtempo persistente não funcionam tão bem. Fica muito melhor quando ganha ímpeto e acelera, confronta.
A pegada bruta retorna triunfante na forma da impiedosa “No Mercy for Weakness”, que atinge a fuça do banger como uma rajada tórrida das tempestades sulfúricas do próprio inferno. “Law of the Blade” desacelera inicialmente, e investe na atmosfera. É o som mais extenso do disco, com cinco minutos. Os solos mais legais do álbum estão aqui, dosando perfeitamente agressividade, dissonância e técnica.
“Beyond the Flesh” soa implacável, densa e ultra pesada, mas desfila guitarras exuberantes e que solam com técnica refinada. No entanto, teria se beneficiado se fosse um minuto mais curta. “An Outlaw’s Stand” finaliza de forma mais crua e direta. Imediatamente remete às origens bestiais e blasfemas da banda.
Mais um excelente álbum do NOCTURNAL GRAVES. Comparável ao primeiro? Acredito que não, mas ainda assim totalmente relevante e necessário. Nota-se que é um disco que cresce com as seguidas audições. A quem não os conheça, recomendável se você curte o som extremo da Austrália de bandas como DESTRÖYER 666, GOSPEL OF THE HORNS, DENOUNCEMENT PYRE, DESTRUKTOR, MONGREL’S CROSS, ou coisas como ARES KINGDOM (EUA) e NOCTURNAL (ALE).
Álbum composto pelas oito faixas a seguir, totalizando duração de 36:31 minutos:
1 – “Death to Pigs”
2 – “Command for Conflict”
3 – “Ruthless Fight”
4 – “Across the Acheron”
5 – “No Mercy for Weakness”
6 – “Law of the Blade”
7 – “Beyond the Flesh”
8 – “An Outlaw’s Stand”