Essa resenha tem por objetivo principal fazer justiça a um dos melhores e mais intensos discos de Black Metal lançados em 2021. Os britânicos de Liverpool do NINKHARSAG vêm trabalhando com total seriedade desde 2009, e em abril último saiu o excepcional “The Dread March of Solemn Gods”, seu segundo disco de estúdio.
E que disco, meus amigos leitores do “The Old Coffin Spirit”… A banda começou como um projeto solo do monstro “Paul Armitstead”, que é o líder, compositor e guitarrista até hoje. Se a aposta dele gerou bons frutos com o primeiro álbum “The Blood of Celestial Kings”, de 2015, com o atual trabalho a banda atingiu um patamar ainda mais elevado. O salto de qualidade no disco atual os destacou como um dos atos mais relevantes da fundamental cena do Black / Death Metal Britânico.
O Black Metal do NINKHARSAG tem forte apelo melódico, da melhor forma possível. Imagine as referências DISSECTION, SACRAMENTUM e NECROPHOBIC desenvolvidas com identidade própria e maestria, de forma a agregar ao legado delas, e não plagiar ou atuar como clone.
“Night Wrath” é a intro de pouco menos de três minutos, inicialmente de guitarras limpas e teclados tétricos. Torna-se uma ótima instrumental a partir de 1:10 minutos, com belíssimos riffs, bateria e baixo poderosos. “The Dread March of Solemn Gods” pega o gancho dos riffs da intro, e dá aula de como compor um som de Black Metal Melódico potente, soando vigoroso e destrutivo. Sonzão direto, na cara, com a bateria arrebatadora à frente, liderada por guitarras de qualidade incontestável, desfilando riffs de fácil assimilação e que grudam desde a primeira audição.
“Under the Dead of Night” mesmo sendo a mais extensa, segue a característica primordial do álbum, de contar com faixas diretas ao ponto, zero enrolação. As harmonias e leads das guitarras nesse som são lindas demais, de fazer qualquer fã do DISSECTION se emocionar. Os vocais se encaixam perfeitamente ao tipo de som que a banda conjura, tornando a experiência ainda melhor.
“Lunar Hex; The Art of Mighty Lycantropy” já começa com um riff monstruoso, de cair o queixo. Ainda mais quando chega a dobra com a segunda guitarra. Aliás, o trampo de guitarras aqui é notável como um todo. Fechando um conjunto perfeito, trabalho de percussão acima da média e sonzão de baixo memorável.
“The Necromanteion” tem aquela pegada agressiva que fica perfeita quando aplicada em conjunto com as melodias certas, isentas de qualquer traço de doçura. Pelo contrário, melodias que acenam com total convicção ao lado negro da força, marchando e demonstrando orgulhosamente o estandarte do “Caminho da Mão Esquerda”. Desafio ao ouvinte: Preste atenção às harmonias de guitarras desse som e me digam que não são espetaculares.
“Discipline through Black Sorcery” outra aula de agressividade no Black Metal Melódico, mais uma faixa retirada do single homônimo de 2020. Quer empregar melodias no seu som permanecendo brutal, preciso e irresistível? Escute isso aqui. Destaque para o trampo do batera “J.P.”. Som que vicia de primeira, bom demais.
“The Tower of Perpetual Twilight” mantém o ritmo acelerado, fundamentado nos riffs melódicos certeiros, de alto nível, de “Paul Armitstead”. Impossível não bangear ao ritmo desse som. “Spectres of the Ancient World” segue brutal, com harmonias incríveis e bateria de ótima técnica, indo muito além dos blasts tradicionais. Mais guitarras épicas, que culminam em um segmento atmosférico raro na obra, e extremamente bem encaixado à proposta da faixa.
“Strigoi Diabolicum” Última faixa da versão mais simples do álbum. Fecha o trabalho com total inspiração e convicção, mantendo o nível altíssimo de agressividade. Talvez seja, inclusive, a mais colérica da obra. Conta com trabalho invejável dos vocais de “Kyle Nesbitt”. Som que custa a sair da cabeça, tamanha sua efetividade; “The Lord of Death And Midnight” é uma faixa bônus que também saiu no Single “Discipline Through Black Sorcery”, de 2020. Som que não perde em nada para as músicas anteriores, exemplo perfeito de Black Metal Melódico, executado com toda a qualidade que se espera de uma banda de primeira linha.
Espetacular segundo álbum de estúdio do NINKHARSAG. Alô selos brasileiros!!! Precisamos com urgência de uma edição nacional caprichada desse álbum, e, se possível, do anterior também! Não dá pra imaginar que a gente vai ter que se aventurar no exterior pra contar com esse trabalho na coleção. Essencial!!
Tracklist abaixo, duração total 44:43 minutos:
1 – “Night Wrath”
2 – “The Dread March Of Solemn Gods”
3 – “Under the Dead of Night”
4 – “Lunar Hex; The Art of Mighty Lycantropy”
5 – “The Necromanteion”
6 – “Discipline through Black Sorcery”
7 – “The Tower of Perpetual Twilight”
8 – “Spectres of the Ancient World”
9 – “Strigoi Diabolicum”
10 – “The Lord of Death And Midnight”