O NIGRAE LUNAM vem de Salvador/BA e tem em suas fileiras o músico Kastiphas (ex-Mystifier), que toca todos os instrumentos e Paulo Brasil que faz os vocais. Esse material foi lançado ano passado e traz quatro longas músicas de um black/doom da mais alta qualidade. Me surpreendeu a maneira como as faixas fluem e o uso do vocal mais épico encaixou muito bem ao som.
É difícil apontar influências, mas é totalmente perceptível que a música dessa dupla soa como o black doom metal nacional dos anos 90, com a diferença aqui em relação à execução e a qualidade da produção desse material, que é bem superior ao que era feito naquela época. É possível ouvir algo da sua antiga banda, o Mystifier e também do Samael, em sua fase “Blood Ritual”. Essas características estão bem presentes na excelente faixa de abertura “Samael´s Bride (Lascivious Demon Woman)”.
A segunda faixa “Paradise Lost (Satan spake – Part 2: Kingdom of the Fallen” aposta em um clima mais tétrico e teatral em sua construção musical e até mesmo em sua execução. As partes de guitarra me chamaram bastante a atenção. Há muito daquela pegada do Black Sabbath mais obscuro, inclusive até uma gaita aparece nesse som. “Ouroboros” é a terceira e traz em seu início o som dos filhos da noite, como diria o personagem Drácula no clássico “Drácula, de Bram Stoker”. Os vocais que vem na sequência trazem uma abordagem muito semelhante aos álbuns da fase viking do Bathory, ainda que musicalmente a música esteja bem distante daquela sonoridade.
A quarta e última faixa “Enchanted Bleed” é a música que mais gostei pois trouxe mais energia. Grandes bases de guitarra foram criadas nesse som. Muito foda é que a partir dos 9 minutos o pouco começa a ecoar no som uma versão muito foda de “Freezing Moon”, do Mayhem. Ficou realmente muita boa, pois traz a cara da banda a um clássico do black metal nórdico. Em geral o trabalho do NIGRAE LUNAM é muito bom e mais do que isso, muito promissor. A produçao do álbum é boa, assim como a versão em digipack, que ficou excelente.