CD/EP/LP

NECROMANTIA – To The Depths We Descend (CD 2021)

NECROMANTIA (Grécia)
“To The Depths We Descend” – 2021
The Circle Music/ Rabauw/ Hell’s Fire Records – Importado
9/10

O retorno dos lendários gregos do NECROMANTIA com o lançamento de um disco completo de estúdio era algo muito aguardado, que não ocorria desde 2007, quando saiu o bom “The Sound of Lucifer Storming Heaven”. Pois vivemos para presenciar o memorável “To The Depths We Descend”, trabalho que faz jus ao nome e discografia da entidade.

 Também homenageia e honra com total justiça o falecido “Baron Blood” (morto em 2019), um dos fundadores da banda em 1989 e responsável pelo som único de baixo (normalmente de oito cordas), extremamente pesado e marcante nos álbuns primordiais, algo que sempre diferenciou o NECROMANTIA na cena.

 O novo álbum segue o legado da banda, que nunca se preocupou em copiar, e buscou sempre pela criação de uma identidade própria por meio de um som pioneiro e ousado. Surpreendentemente, desta vez o trabalho conta com guitarras, algo que não acontecia desde os anos 90. E a adição de guitarras fez muito bem ao som, porque o trampo é magistral e faz dupla perfeita com o baixo insano do Sr. “The Magus”.

 Vamos à análise faixa a faixa:

 “Daemonocentric” tem uma intro atmosférica bem curta (pontos pra banda), o Black Metal Helênico de primeira linha explode nos falantes com muita melodia, baixão dominante, riffs de guitarra matadores e cativantes, percussão brutal e vocal certeiro. As guitarras são o ponto alto, com duelos e solos belíssimos, extremamente bem compostos e executados. Acho que não poderiam ter aberto o álbum com uma faixa melhor. 

 “And the Shadows Wept…” soa bem mais épica, seus momentos iniciais liderados por bateria e baixo criam uma atmosfera difícil de copiar, coisa típica da genialidade do Black grego. Os teclados dão toque mágico ao som. O que dizer dos riffs? Simplicidade somada à criatividade e experiência, gerando uma sonoridade de clima e tensão únicos. Esse som é perfeito, clássico automático (desafio qualquer um a mudar minha opinião…haha).

 “Give The Devil His Due” Instrumental de pouco mais de dois minutos, fundamentada no som do baixo e em efeitos sintetizados. Ponto baixo do álbum.

 “Inferno” é impecável, agressiva e intensa, bem mais do que a banda costuma apresentar. Mantém-se brutal, em ritmo mega acelerado na maior parte do tempo, e com toques muito legais dos teclados.

 “Eldritch” tem mais a cara da banda, com ritmo cadenciado e investindo em riffs superpesados, complementados pelo som espetacular de baixo, uma de suas marcas registradas. Os teclados brilham intensamente durante a seção mais atmosférica da faixa. Seu final é marcado por uma aceleração simplesmente foda, impiedosa e sinistra, que a finaliza com impacto fulminante. 

 “To The Depths We Descend” a faixa título é outra instrumental, dessa vez contando com a participação de mais elementos, incluindo um instrumento de sopro (creio ser um saxofone), além de percussão e teclados bem tétricos e densos. 

 “Lord of The Abyss MMXXI” é a releitura do clássico lançado na DemoVampiric Rituals” de 1992, no Split do mesmo ano com o VARATHRON e no disco de estreia “Crossing The Fiery Path”, de 1993. Normalmente, eu torço o nariz pra essas regravações, ou novas versões de sons clássicos. Mas, neste caso, fica difícil criticar negativamente. A banda teve o cuidado de recriar o som com ótima pegada, toques moderadamente modernos, e mantendo as qualidades do original, sem descaracterizá-lo.

 “The Warlock MMXXI” encerra o álbum com outra releitura de um clássico do primeiro disco. Assim como a anterior, é mais uma versão atualizada com sucesso. Som épico, magnífico e gigantesco, de mais de treze minutos. Não curto tanto a parte final, que é meio Dungeon Synth por uns bons minutos, e que ficou ligeiramente mais extensa que a original, mas é fato que não diminui o brilho.

 O NECROMANTIA dispensa apresentações, referências e comparações. Qualquer um que curta Black Metal, ou Metal Extremo de uma forma geral, deverá ouvir na íntegra esse novo álbum da lenda helênica, permanecendo por um bom tempo com um largo sorriso na cara.

 Segue a relação das oito faixas, que somam a duração de 52:00 minutos:

1 – “Daemonocentric”

2 – “And the Shadows Wept…”

3 – “Give The Devil His Due”

4 – “Inferno”

5 – “Eldritch”

6 – “To The Depths We Descend”

7 – “Lord of The Abyss MMXXI”

8 – “The Warlock MMXXI”

Destaques: Recomendo a primeira, a segunda e a quarta como os maiores destaques individuais do disco. São três faixas monstruosas. As duas últimas são versões atualizadas de músicas clássicas de 1992 e 1993, que ficaram excepcionais e valem muito uma atenção especial. 

Related posts

CROM DUBH – Firebrands and Ashes (CD 2019)

Daniel Bitencourt

VULCANO – Stone Orange (2022)

Fábio Brayner

OPHIS – Spew Forth Odium (2021)

Daniel Bitencourt