MORTIFERUM – Preserved in Torment (2021)

O MORTIFERUM é uma daquelas bandas especiais, que estreiam com um primeiro disco em nível absurdo de qualidade, e de cara se distanciam da média, colocando-se em posição destacada e gerando enorme expectativa por novos lançamentos. O primeiro álbum de estúdio “Disgorged from Psychotic Depths” de 2019 recebeu uma versão nacional especial da “My Dark Desires Records”, e chamou muita atenção no cenário nacional pela qualidade estupenda.

Após o primeiro álbum de estúdio bem-sucedido, a banda retornou esse ano com um sucessor à altura, o grandioso “Preserved in Torment”, lançado internacionalmente no início de novembro via “Profound Lore Records”, a fantástica gravadora canadense. Fiquem tranquilos, fãs brasileiros. A “My Dark Desires Records” fará as honras novamente aqui no Brasil, para alegria geral da nação. A capa super old school de “Chase Slaker” não deixa nenhuma dúvida sobre a orientação musical do álbum. 100% Death Doom Metal.

“Eternal Procession” é o som que abre o Play, mantendo toda a potência do disco anterior, seguindo no mesmo ritmo ameaçador, cadenciado e matador do primeiro álbum. Sério, que timbre de guitarras é esse? Espetacular. O ritmo sufocante prossegue, mas dessa vez as guitarras parecem soar ainda mais singulares, com leads formidáveis. É o tipo de som que poderia constar de um dicionário como definição do significado para o termo Death Doom Metal.

“Incubus of Bloodstained Visions” é construída a partir de riffs monolíticos, absolutamente gigantescos. O ritmo dá uma acelerada em relação ao som de abertura, e retoma a cadência com sabedoria, em momentos escolhidos com todo cuidado. A banda criou e demonstrou ao mundo rapidamente uma expertise notável em relação ao subgênero. Novamente, temos ótimos leads e solos, caóticos e insanos como seria de se esperar num álbum do estilo.

“Seraphic Extinction” O riff inicial é de extrema simplicidade, mas funciona bem demais. Prova cabal de que muitas vezes, menos é mais. A primeira aceleração do som é brutal, e conduzido com toda a eficiência e malevolência que poderia se esperar dos norte-americanos. A segunda aceleração é ainda mais espetacular, virulenta e desafiadora. Que banda, senhores e senhoras.

“Exhumed from Mortal Spheres” abre com violência extrema, de peso absurdo e velocidade muito acima da média para um som do MORTIFERUM. Aos poucos, o som vai retomando a característica de cadência da banda, aumentando em muito o peso e reduzindo a velocidade. Ouçam com cuidado os riffs desse som, pois são diferenciados. A velocidade retorna com toda contundência, fazendo dessa a faixa mais letal do novo álbum. Faixa fantástica! Sinceramente, eu queria morar nos riffs finais dessa música, PQP.

“Caudex of Flesh” pra variar, riffs dos mais doentios, e constituídos com total sabedoria abrindo a faixa. Os vocais monstruosos que perfazem o álbum por completo se destacam no mix. A faixa soa tão old school que faz o ouvinte sentir-se em casa, acolhido pelas entidades maléficas apresentadas pelo Play, que não há como escapar do abraço letal das faixas. Quanto menos se percebe, o ouvinte está totalmente enfeitiçado pelas músicas do álbum.

” Mephitis of Disease” finaliza o trabalho com grandiosidade, mantendo o ritmo médio em evidência, e desfilando riffs venenosos e letais. Talvez essa faixa soe como o esforço mais brutal e sombrio da formação, num nível nunca atingido até aqui.

O MORTIFERUM prova que é possível surgir com níveis inéditos de malevolência e peso, e manter a letalidade num segundo álbum de estúdio, sem perder absolutamente nada em termos de agressividade e morbidez. Elite do Death Doom mundial, aqui e agora. Ao alcance do fanático brasileiro, que aguardará o lançamento da “My Dark Desires Records” com toda ansiedade, assim como o redator que vos escreve para o portal “The OId Coffin Spirit”.

Tracklist abaixo, duração total 39:49 minutos:

1 – “Eternal Procession”

2 – “Incubus of Bloodstained Visions”

3 – “Seraphic Extinction”

4 – “Exhumed from Mortal Spheres”

5 – “Caudex of Flesh”

6 – “Mephitis of Disease”