“Occult Sins, New Unholy Dimension” – CD 2021
Osmose Productions – Importado
7/10
Data de Lançamento/Release date: 26/11/2021
A França sempre foi campo fértil para a produção de bandas de metal extremo, sobretudo de Black Metal. O MORGUILIATH é fruto dessa tradição, banda originada em Montpellier e capitaneada por um único integrante, de pseudônimo “Rats”, desde a fundação do projeto, em 2004.
Apesar do bom tempo decorrido, existem apenas duas Demos perdidas da primeira era do projeto, e desde a retomada em 2019, o artista lançou no ano passado seu primeiro álbum “Age of Misanthropia, Human Blood & Chaos” por meio de um selo francês de menor porte.
Este ano as coisas parecem ter se encaminhado bem melhor, pois houve a assinatura com a “Osmose Productions”, um dos selos franceses mais longevos, tradicionais e sólidos do metal extremo internacional. Essa nova parceria resultou no segundo álbum – “Occult Sins, New Unholy Dimension”, que será lançado no final deste mês de novembro.
A linha de som trabalhada pelo “Rats” é um Black Metal ortodoxo, depressivo, misantrópico, cercado de crueza e centrado nas guitarras, fundamentado na construção de riffs sólidos e percussão bem trabalhada, de vocais certeiros para a proposta, soando autodestrutivos e completamente insanos.
“Occult Sins, New Unholy Dimension” a música que dá nome ao álbumé apenas uma intro, de pouco mais de dois minutos, e que não sai do lugar. Sons sintetizados com uma batida simples e arrastada ao fundo, com vozes murmurando algo ininteligível.
“Pass Away” depois de uma intro sem graça, o álbum precisava mostrar força. Aqui sim, temos um Black Metal interessante, de ritmo acelerado e boa pegada, com bons riffs, vocais doentios, bons graves e bateria honesta. As melodias contêm índice zero de felicidade, totalmente adequadas ao que o artista propõe.
“Black Pearl” se inicia em ritmo médio, mas a construção e progressão dos riffs a direcio na a ótimas passagens uptempo, tendendo a uma linha envenenada e desgracenta de Black n’ Roll, que funciona muito bem. O trampo de bateria é bem diferente do usual, de boas variações e contendo traços da simplicidade eficaz do Punk/Hardcore. Os sintetizadores retornam ao final da faixa.
“Ad Mortem Festinamus” tem início lento, de guitarras limpas, baixo e bateria marcantes. A entrada dos vocais marca a virada do som, tornando-se virulento e extremo. Aliás, os vocais, que eram unidimensionais até aqui, demonstram uma face inesperada, com segmentos diferenciados, oscilando entre imundos e limpos, quase que declamando as letras.
“Aborted Inquisition” retorna ao Black Metal por excelência, dessa vez mantendo-se em ritmo mais lento, abusando do peso e da demência dos vocais. Destaque para as linhas de baixo desse som, fugindo da monotonia e deixando-o muito mais encorpado.
“Venom and Vomit” é a música que foi escolhida para divulgar o trabalho, já está disponível para streaming no Bandcamp do MORGUILIATH e em plataformas como o “YouTube”. É um ótimo som, muito mais visceral e extremo que as anteriores, veloz, de riffs e atmosfera gélidos e de efeito hipnótico, que chegam a lembrar alguns dos melhores atos da LLN (Les Légions Noires) da era de ouro dos anos 90.
“Glöria” som esquizofrênico, que começa se arrastando como uma peça profana de Black Funeral Doom. Os vocais mais uma vez servem como gatilho, elevando o ritmo a um andamento médio. Outra faixa em que o baixo de destaca, com boas linhas melódicas. Após um segmento atmosférico (chato), os riffs sólidos e criativos voltam a dar as caras, retomando o pique.
“Ghouls Sphere” encerra o álbum apostando no clima extremamente doentio, criado pelos dois tipos de vocais que se intercalam. É outra de ritmo lento, que tem passagens derivativas e repetitivas. Teria ficado mais interessante com uma estrutura mais objetiva.
Não conheço o primeiro trabalho da banda, mas esse segundo de estúdio é um bom disco, que oscila em qualidade, trazendo ótimos momentos misturados a algumas faixas que acabam se arrastando além do que deveriam (principalmente na segunda metade da obra). Deve interessar aos fãs de bandas como CELESTIA (FRA), ANGMAR (FRA), MÜTIILATION (FRA) e FORGOTTEN TOMB (ITA).
Tracklist a seguir, tempo total de duração é de 47:27 minutos:
1 – “Occult Sins, New Unholy Dimension”
2 – “Pass Away”
3 – “Black Pearl”
4 – “Ad Mortem Festinamus”
5 – “Aborted Inquisition”
6 – “Venom and Vomit”
7 – “Glöria”
8 – “Ghouls Sphere”
