Esse split CD traz duas bandas do cenário black metal pernambucano, mostrando que aquela cena continua produzindo suas blasfêmias. A primeira banda é o MOLOCH, de Recife. Os caras destilam um black metal rápido e direto, bem tradicional. Em alguns momentos é possível até mesmo perceber algo punk nos riffs e levadas de bateria. São quatro músicas nessa primeira parte do material: “Destruídores de Ídolos”, “Lágrimas de Sangue e Fogo (Moloch 666)”, “Filhos do Antigo Ódio” e “Vomitando Heresias”. Todas as faixas mantém uma mesma pegada, não havendo tantas diferenças estilísticas entre elas. Há velocidade, riffs ríspidos, vocalização direta. Black metal rápido e em português. A produção do MOLOCH é boa, facilitando a audição do seu trabalho.
Na sequência vem o HARDEGON, de Camaragibe/PE. A gravação é melhor mixada, mas o volume geral cai bastante, sendo necessário aumentar o volume do aparelho para poder ouvir. O black metal da banda é mais lento, mais cadenciado, mais com a cara do black metal nacional do subterrâneo. O som dos caras é bem feito, com uma boa dose de melodia quando necessário. A primeira faixa “Ao Longo das Eras Infames” me lembrou um pouco a construção harmónica do velho Awake the Mighty Dragon, apesar de menos épica. “Geena” é a próxima e começa com um pouco mais de velocidade e um riff melódico bastante calcado no black metal nórdico noventista. Música muito boa.
“A Noite Permanece Eterna” segue a mesma linha e é uma boa música. O split fecha com “Ventos Nefastos”, uma música mais rápida e com alguns momentos mais melódicos muito fudidos. O único ponto negativo da parte que cabe ao HARDEGON é a produção vacilante entre as músicas. Há pelo menos três diferentes níveis de volume nas músicas dos caras e isso atrapalha um pouco, mas musicalmente o HARDEGON é de longe a melhor banda do split. Uma gravação realmente poderosa deixaria a música deles em outro nível. De qualquer forma temos aqui duas boas bandas representando um estado que já produziu grandes nomes do underground nacional.