Tem algumas bandas e linhas de som que eu automaticamente associo a diversão, noites de bebedeira, ressaca, quebra-quebra, inevitáveis bad trips, risco de overdose e situações do tipo. O MIDNIGHT é uma dessas bandas.
Pra quem não conhece, trata-se de uma one-man Band de Cleveland/Ohio do músico “Jamie Walters”, também conhecido como “Athenar”, que vem trabalhando desde 2003 o seu Black / Speed Metal / Black n’ Roll. Em 2011 houve o lançamento do primeiro e cultuado disco de estreia “Satanic Royalty”, recomendo conferir.
Não indico tentar colecionar os itens da banda. O cara lança Splits, Demos, EPs, Compilações e Singles com fúria que chega a lembrar a insanidade de nomes como NUNSLAUGHTER (EUA), SABBAT (JAP) e o inigualável AGATHOCLES (BEL).
A fórmula divertida e descompromissada, que prova que muitas vezes menos é mais, deu muito certo. Tanto que a gigante “Metal Blade” assinou com a banda para o lançamento do álbum anterior “Rebirth By Blasphemy” de 2020, e o recém-lançado quinto álbum de estúdio “Let There Be Witchery”. O selo anterior era o não menos significativo “Hells Headbangers Records”.
O novo disco está sendo promovido na turnê norte-americana do MAYHEM (NOR), que começou no dia 07/03 e que contaria também com o WATAIN (SUE) no lineup. Contaria, porque houve problemas com os vistos, e os suecos não puderam participar. O MIDNIGHT já estava na programação, evem fazendo a abertura dos shows.
Apresentação devidamente concluída, vamos ao álbum: Sonoridade clássica, de fácil assimilação e muito divertida, imagine um híbrido envolvendo MOTÖRHEAD, VENOM, DISCHARGE, HELLHAMMER e BATHORY dos primeiros álbuns. Um caldeirão que une Black Metal da primeira onda, Speed e Thrash Metal e fortes elementos Punk. Os vocais de “Athenar” harmonizam perfeitamente com a proposta.
Sons como “Frothing Foulness” e “More Torment” representam o que há de melhor no chamado “Black n’ Roll” e soam como a trilha sonora de uma festa infernal, em meio a orgias heréticas regadas a absinto e entorpecentes letais, contando com a presença e participação do próprio Príncipe das Trevas.
“Nocturnal Molestation” é agressiva, de riffs persistentes e agradavelmente redundantes, com refrão grudento, outra excepcional faixa.
É possível ainda notar elementos de bandas clássicas de NWOBHM no som, algo natural pra quem já teve uma banda de Heavy Metal tradicional (BOULDER – inativa desde 2005). As guitarras de “Athenar” são a força motriz da entidade, e disparam riffs imundos e irresistíveis, como os de “In Sinful Secrecy”, “Devil Virgin” e da subsequente “Snake Obsession”. Os solos são sempre bem sacados e de boa técnica, fugindo da aparente simplicidade estrutural das músicas.
O MIDNIGHT entrega em “Let There Be Witchery” mais um disco excelente e cativante, que passa voando ao longo dos pouco menos de trinta e cinco minutos. Recomendável a qualquer um que curta Metal Extremo, em especial aos fãs de TOXIC HOLOCAUST (EUA), VENOM (GBR), MOTÖRHEAD (GBR), HELLHAMMER (SUI), CHAPEL (CAN), ABIGAIL (JAP), DEATHHAMMER (NOR), SABBAT (JAP) e NOCTURNAL (ALE), além da fase Crust/Punk do DARKTHRONE (NOR).
Tracklist a seguir, duração total de 34:44 minutos:
1 – “Telepathic Nightmare”
2 – “Frothing Foulness”
3 – “In Sinful Secrecy”
4 – “Nocturnal Molestation”
5 – “More Torment”
6 – “Let There Be Sodomy”
7 – “Devil Virgin”
8 – “Snake Obsession”
9 – “Villainy Wretched Villainy”
10 – “Szex Witchery”