Definição para o nome MARE COGNITUM: “O Mar que passou a ser conhecido” – Planície basáltica da lua terrestre nomeada em 1964, em homenagem aos astrônomos arcaicos que confundiram a paisagem da região com a de mares e oceanos.
Esse projeto intenso e produtivo de Black Metal Melódico / Atmosférico está localizado, neste momento, no estado do Oregon, nos Estados Unidos. Foi fundado em 2011, e permanece desde então como uma One-Man Band, pelo californiano “Jacob Buczarski”.
O ano atual representa o décimo de existência do projeto, e vem sendo celebrado com o lançamento do seu quinto álbum Full, intitulado “Solar Paroxysm”. A data mundial ocorreu em 19/03/21, pelos selos Extraconscious Records (EUA) e I, Voidhanger (Itália). Além dos outros quatro antecessores de estúdio, já houve o lançamento de três Splits, dois com o SPECTRAL LORE (Grécia) e um com o AUREOLE (EUA).
A linda arte da capa foi produzida pelo italiano “Francesco Gemelli”, artista parceiro do selo europeu da banda. A imagem ilustra um planeta vivendo seus derradeiros momentos, sendo consumido em chamas pela sua estrela. Segundo análises científicas, este será inevitavelmente o destino do nosso sistema solar daqui a aproximadamente 5 bilhões de anos, quando o Sol iniciar a sua transição para tornar-se uma Gigante Vermelha, esgotando o hidrogênio, expandindo imensamente em tamanho e engolindo os planetas mais próximos (Mercúrio certamente) e extinguindo a vida na Terra.
Gravar um disco de quase uma hora de duração, e que conta com apenas cinco músicas pode soar como loucura num primeiro momento. Mas “Jacob Buczarski” é um mestre na criação de músicas extensas cheias de variações, o que não as torna cansativas. Pelo contrário, é um som tão interessante que prende logo de cara o ouvinte. O tema espacial com cara do jogo “Dead Space” incrementa em muito a experiência.
O Black Metal oferecido pelo MARE COGNITUM é primeiramente denso, melódico, atmosférico e progressivo. E gloriosamente épico. O som é conduzido fortemente pelos riffs de guitarra, fabulosos. Por se tratar de um som atmosférico, poderia esperar-se o uso mais constante de teclados e sintetizadores, o que não ocorre de fato. O uso é super restrito. A sonoridade é muito mais feroz e pesada que o da banda média de Black Atmosférico, há uma parede de som quase que impenetrável e dotada de beleza e brilho únicos. A bateria programada soa natural, e é executada brutalmente, com muitos blast beats e viradas espetaculares. O ritmo varia do midtempo às partes mais aceleradas (e mais constantes), são raros os momentos nos quais o som torna-se cadenciado.
Os dois pilares principais da banda estão nos vocais de “Jacob”, bem postados e que lembram, dentre outros, os de “Jon Nödtveidt”, do saudoso DISSECTION, e no trabalho fenomenal de guitarras, que criam a atmosfera, ditam o ritmo e criam belíssimas camadas com as harmonias melódicas e os solos técnicos e sofisticados do músico.
Hoje totalmente consolidada, a banda segue firme como um dos maiores nomes dentro do seu microcosmos. Impossível não o mencionar entre os maiores, como ULVER (Noruega), PAYSAGE D’HIVER (Suíça), DRUDKH (Ucrânia), THE RUINS OF BEVERAST (Alemanha), DARKSPACE (Suíça), BLUT AUS NORD (França), PANOPTICON (EUA) e NEGURÃ BUNGET (Romênia).
Apesar da impressionante duração de 56:08 minutos, o álbum divide-se entre apenas cinco faixas, todas acima de 10 minutos cada:
1 – “Antaresian”
2 – “Frozen Star Divinization”
3 – “Terra Requiem”
4 – “Luminous Accretion”
5 – “Ataraxia Tunnels”
Destaques: “Antaresian” abre o disco com perfeição, e demonstra um pouco de todas as qualidades da obra: Lindas guitarras, solos de muita técnica, muito bom gosto, bateria extrema e pesadíssima, vocais rasgados bem colocados, atmosfera tensa e marcante. “Ataraxia Tunnels” fecha o álbum magistralmente, e cativa pela qualidade de ponta a ponta.