CD/EP/LP

LUCIFER — Lucifer IV (Adv.2021)

LUCIFER (Suécia)
“Lucifer IV” — CD 2021
Century Media Records — Importado
10/10

DATA DE LANÇAMENTO/RELEASE DATE: 29/10/2021

Ainda com mais elegância, coesão e claro, ainda emulando a aura soturna dos anos 70 os suecos do LUCIFER, capitaneados pela competente e singular Johanna Sadonis, chegam finalmente ao seu quarto registro de estúdio. O sucessor do aclamado “Lucifer III” (2020) será oficialmente lançado amanhã (29) pela Century Media Records e Hellion Records Brazil. Senhores, senhoras e seres providos de bom gosto e intelecto, sejam muito bem-vindos ao fabuloso universo de “Lucifer IV”.

O álbum, a princípio causa três grandes e benquistos impactos. O primeiro é a produção fabulosa — simplesmente perfeita! Moderna, mas mantendo intocado o aspecto vintage e retrô que sempre permeou a sonoridade da banda. O segundo é o repertório, simplesmente irretocável, denso, suculento e deliciosamente acessível, mas sem rendições ou clichês. O terceiro impacto, que bem poderia ser o primeiro, é a sua apresentação visual, forte, audaciosa e totalmente provocativa. Literalmente uma (bem-vinda) afronta a esses tempos obsoletos e patriarcais.

Uma das minhas fotógrafas favoritas, Ester Segarra, captou para a capa, com maestria, a cena que veio da minha ideia, que consistia em um Jesus de madeira em um crucifixo incendiado por baixo para simbolizar o fogo ardente da estaca. Se você vê esta capa como uma zombaria do Cristianismo, ótimo, como quiser. Mas é muito mais do que isso. E essa é apenas a capa. Mal posso esperar para deixar a música falar.” (declarou Johanna).

Recado dado vamos à música.

O repertório é formado por 11 composições singulares e altamente hipnóticas, divididas num espaço de pouco mais de 45 minutos. Espaço esse, aberto a diversas possibilidades e também a um intenso cruzamento de emoções e sensações, que criam desde momentos mais enérgicos e quase dançantes até outros marcados pela visceralidade e tensão. Sempre oscilando de humor, mas nunca perdendo o norte sombrio que guia a obra e nem sua postura de enfrentamento.

Abrindo com força total “Archangel Of Death”, que cresce muito em seus pouco mais de 03:35 minutos. Johanna soa perfeita em sua categórica interpretação. O corpo instrumental é puro poder em riffs banhados nas auroras setentistas e nos solos inspirados. “Wild Hearses”  vai da sensualidade ao mais puro Hard Rock sem qualquer dificuldade. “Crucifix (I Burn for You)” revela-se muito similar a faixa anterior, com um refrão bem moldurado e novamente com guitarras sendo tocadas tendo a alma como paleta. “Bring Me His Head” é palco para uma performance simplesmente absurda de Johanna. Quanta maestria e domínio ela demonstra, indo de tons altos e personalizados até outros mais baixos e melodiosos. O refrão mergulha nos neurônios e lá fica por horas e horas. Os vídeos de “Bring Me His Head” e “Crucifix (I Burn for You)” são homenagens à clássica película “Carrie, A Estranha” (1976), de Brian De Palma.

Mausoleum” direciona o álbum ao Occult Rock — com guitarras fluidas e linhas fortes de bateria. Novamente a voz soberana de Johanna leva o ouvinte em mais um refrão viciante. “The Funeral Pyre” é um interlúdio misterioso e um tanto melancólico que serve de trilha para a evocativa e “bluesy” “Cold As A Tombstone”. “Louise”, por sua vez, orienta-se às guitarras enquanto “Nightmare” apresenta um “appeal” mais melodioso e  uma refinada dose de suspense. “Orion” é sofisticada, cadenciada e envolvente. As guitarras — bases, solos e os sutis teclados disputam com os vocais o posto de destaque. No final todos ganham. “Phobos” alavanca o disco ao fim e coroa o mesmo com o entrosamento e a criatividade do LUCIFER. Final apoteótico para um trabalho igualmente apoteótico de uma banda que chegou (ao menos momentaneamente), a sua plenitude musical. Se os céus pertencem às divindades, a terra é integralmente do LUCIFER. Sem mais argumentos, apenas apreciem!

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