Entrevistas

LITOSTH – Sentimento e frieza unidos na criação de um melodic black metal poderoso

Fomos trocar uma ideia com o músico gaúcho Maicon Ristow e ele nos contou um pouco mais sobre a banda Listoth, e também sobre  seus outros projetos e sua contribuição com a banda Patria. Espero que apreciem essa longa conversa.

Saudações Maicon Ristow, sejas bem-vindo ao site The Old Coffin Spirit Zine! Obrigado por ceder essa entrevista para nós. Quando você descobriu o mundo do Rock/ Metal e o que mudou em sua vida?

Maicon Ristow: Saudações, amigo! Desde sempre me interessei pelo mundo do rock, a música, a atitude e a imagem. Nasci nos anos 80, no auge do heavy metal, mas como era de uma família pobre e morando em cidade pequena inicialmente tive poucas oportunidades de conhecer bandas novas. Então quando criança cresci ouvindo estilos que eram populares na época, como o grunge e o punk rock. Mas chegando na adolescência comecei a ter minhas primeiras experiências com banda e mergulhar mais no mundo do metal, com mais contato com pessoas mais velhas fui apresentado a muitas bandas, a primeira que me marcou foi o Sepultura, com o vinil do álbum Chaos A D.! A partir daí me aprofundei cada vez mais nesse universo que hoje faço parte!

Você consegue lembrar qual foi o primeiro disco/ cd que você comprou em sua vida?

Maicon Ristow: Lembro sim, foi o álbum Mondo Bizarro em cd, do Ramones. Paguei menos de 4 reais e é um dos meus álbuns preferidos até hoje!

E o primeiro show que você foi gringo e nacional?

Maicon Ristow: Como morava no interior não tinha também acesso a shows internacionais, só mais velho, quando comecei a frequentar o cenário de Porto Alegre, acho que o primeiro foi Rotting Christ. E shows nacionais não tenho certeza, mas deve ter sido alguma banda do cenário rock gaúcho, como Nenhum de Nós ou De Falla.

E quando foi que resolveu seguir carreira de músico e montar bandas e cair no Underground?

Maicon Ristow: Pra mim uma das principais características do Heavy Metal é que o público não se contenta em ficar apenas na plateia, ele quer participar, seja como banda, imprensa, organização, produção… E foi uma das coisas que me cativou, eu também poderia fazer. Desde de sempre quis participar, e não foi difícil encontrar amigos com a mesma disposição. Tivemos as primeiras experiências tocando juntos, mas eu queria mais, então senti a necessidade de estudar música pra poder fazer algo bem feito. Hoje pra mim é um hobby levado a sério, e é algo que morrerei fazendo, mas sem a pretensão de considerar uma profissão ou algo minimamente rentável. Faço por amor e porque posso!

Realmente cara, uma das coisas mais legal que eu acho dentro do verdadeiro underground é essa vontade de fazer algo, de está participando da cena, de está fazendo parte de algo e a união de todos em prol do estilo. Foi isso que me encantou também na época. Mas infelizmente, essa união e essa participação parece que meio que acabou nas novas gerações. Eu não sou radical ou truezão, saca. Mas lá por volta de 1997 até 2004, era meio dono da verdade, mais por embalo de outros. Porém, passou! Mas eu acho que certas regras ou código devem existir para manter certos aspectos do metal/ underground, ou seja; um radicalismo consciente. Por exemplo, hoje vejo uma briga entre a nova geração que chama os metalheads mais antigos de “tiozão” e os antigos chamando os novos de poser ou pior geração mimimi. Qual sua opinião sobre tal assunto?

Maicon Ristow: Não existe ninguém mais “mimimi” que metaleiro velho, reclama de tudo, os caras fazem drama por qualquer coisa! hehehe  Mas o “no meu tempo que era bom” tem menos a ver com música e mais com nossas limitações psicológicas, o saudosismo é o refúgio perfeito pro canalha fracassado, viver de um passado que só ele viveu e o novo não alcança é o único lugar em que ele se torna especial e não se sente deixado para trás pela geração nova. Isso acontece em qualquer área, não só no metal. E como o metal é um recorte da sociedade, tudo de bom e de ruim dela também vai estar presente nele.

Eu te entendo, o jovem é sempre burro mesmo, quer ser o dono da verdade, o obvio descontentamento com o mundo que não corresponde as expectativas e a falta de experiência somado ao mundo agressivo do heavy metal é o lugar perfeito pra ser cabeça dura e radical. Talvez daí venha o choque e a falta de união, um dilema a mais para ser resolvido. Mas o jovem até dá pra entender, uma hora ele ainda pode aprender, mas tiozão fazendo drama é bem mais ridículo. Sabe como é, cachorro velho não aprende truque novo. Por outro lado, eu acho que nós mais velhos que começamos a ouvir metal nos anos 80 e 90, eu comecei no início dos 90, precisamos apoiar a nova geração porque o metal precisa de renovação para continuar existindo, né? Eu vejo nas redes sociais uns caras com 40/50 anos discutindo, brigando e desrespeitando as novas gerações. O que você acha sobre redes sociais e músicas em plataformas digitais? A internet ajuda ou atrapalha a cena?

Maicon Ristow: Exatamente. O velho chato de hoje também já foi o jovem “poser” na sua época. E isso não tem nada a ver com gosto ou qualidade, eu também gosto mais do metal antigo, mas não acho que eu seja melhor que ninguém, e muito menos tento cagar regra. É preciso ter perspectiva, são tempos diferentes, com parâmetros diferentes impossíveis de comparação. Pega o exemplo do new metal, um movimento que já tem quase 30 anos, muitas bandas gigantescas e um público fiel, diziam que seria uma moda passageira, que o metal “moderninho” não iria durar, mas continua firme e forte, lotando estádios e sendo headline de festivais. Claro que tudo tem seu ápice, sua época áurea, como foi o rockandroll no anos 60 e 70, o heavy metal nos anos 80, grunge nos anos 90… e depois a coisa fica estável. É a gente que passa, é o velho que fica ancorado e logo morre, as boas ideias continuam, é assim desde sempre. As redes sociais e a internet trouxeram vários problemas novos, como qualquer nova ferramenta, mas o lado positivo é sem dúvidas, muito maior. Provavelmente eu não teria bandas hoje se não fosse pela facilidade de acesso a informações, contatos e praticidade de divulgação. Isso incentivou muita gente boa a sair do mundo do seu quarto e mostrar suas ideias para o mundo. Eu sou totalmente a favor das bandas disponibilizarem suas músicas de forma gratuita em plataformas, duvido muito que alguém deixe de comprar o álbum físico de sua banda preferida porque agora tem a opção de ouvir por streaming, senão comprou, é porque não iria comprar mesmo.

Concordo com você. Isso não ajuda em nada! Pelo contrário, só atrapalha. Se não concorda, não comenta e guarda para si suas opiniões. Maicon, como você mesmo citou mais acima, é um músico que entrou de cabeça e alma na música. Tem formação musical. Estudou música. E como você consegue “se virar nos 30” participando de tantas bandas? 

Maicon Ristow: Dá um pouco de trabalho sim, às vezes a produção de um álbum leva mais de um ano de muito trabalho. Mas, por outro lado, as bandas não acontecem simultaneamente, e só faço ao vivo com PATRIA, que também faz shows muito eventualmente. Então estou sempre envolvido em algum dos projetos, tem sempre algo acontecendo! E penso que justamente essa variedade de trabalhos que fortifica e dá mais qualidade, uma banda acaba influenciando e aprimorando a outra.

Gostaria que antes de nos aprofundarmos na história do Litosth você comentasse sobre as bandas que você tem ou participa… “Y Gather your Grief”, é sua banda e como ele está hoje em dia?

Maicon Ristow: O I gather you Grief surgiu numa pausa do PATRIA, estávamos sem shows agendados e o Marcelo Vasco me falou da vontade de voltar a tocar bateria, então pensamos em fazer algo diferente das outras coisas que costumamos fazer, uma banda mais voltada para o doom e dark metal, estilos que eu gosto bastante. Então compus algumas ideias, convocamos alguns amigos e começamos a ensaiar. Logo gravamos nosso primeiro EP, Dystopian Delusions. Mas aí nossas outras bandas voltaram a ativa, o PATRIA, principalmente, e tivemos que deixar o projeto um pouco de lado. Mas não terminou, assim que possível iremos finalizar nosso primeiro álbum!

Você participou da “Swords at Hymns” e contribui nos lançamentos  da banda e porque não faz mais parte dela ?

Maicon Ristow:  O Swords at Hymns era um projeto também one man band que iniciei em 2012, ele foi o embrião para o nascimento do Litosth. Lançamos um EP e um álbum, mas decidi encerrar para me dedicar mais ao Litosth e PATRIA. Mas quem sabe no futuro, com tempo, eu retome e faça mais algum lançamento!

“Rotten Filthy” eu não conheço e nunca ouvi falar dela. Confesso que é a primeira vez que ouço esse nome. Você também participou da banda e nos diga mais sobre a mesma ?

Maicon Ristow: Participei da Rotten Filthy ao vivo, fizemos muitos shows. E depois participei das composições do primeiro álbum, Inhuman Sovereign. É um baita álbum de Thrash/Death Metal, recomendo! Mas infelizmente por ser de outra cidade e o trabalho acabou de atrapalhando, então tive que deixar a banda.

 E por último, como é participar como “músico live” do Patria? Você chegou a gravar com a banda em estúdio ou sua participação na banda é só mesmo em apresentações ao vivo?

Maicon Ristow: Sempre fui fã do PATRIA, já frequentava ensaios e conhecia todos há muito tempo, então foi muito legal participar desse projeto, tocar por ai em grandes festivais com outras bandas que também sou fã! Entrei no PATRIA em 2016, durante a produção do álbum Magna Advseria, então participei pouco das gravações. Já no álbum Hexerei eu ajudei mais nas composições. Algo que vai acontecer mais no futuro!

Em 2016, você deu a vida ao Litosth, certo. De onde veio a vontade de montar uma banda e tocar um “melodic death black metal” ? De certa forma é um som contemporâneo e muito bem executado, com uma produção acima da média em termos de Brasil,né. Quais são as influências da banda em termos líricos e sonoros ?

Maicon Ristow: No começo de 2016 eu estava parado, tinha recém lançado um álbum do Swords At Hymns, e ainda não havia começado a trabalhar com o PATRIA, então tive a ideia de começar algo novo. Há muitos anos já vinha com essa ideia, queria fazer um projeto sem rótulos, fazer música de uma forma mais livre, sem limitar a ideia a um estilo. Daí surgiu o LITOSTH. Os temas líricos quase sempre ficam a cargo do meu colega baixista do PATRIA, Wendel Siota, e variam desde filosofia, quase sempre de uma forma pessimista e niilista, até temas científicos, e muita coisa vem da literatura e cinema. A parte sonora tem principalmente influência do Black Metal, bandas clássicas, como Emperor, Bathory e Borknagar, das bandas suecas, como Dissection e Dark Tranquillity, do Doom Metal, como My Dying Bride, Anathema e Empyrium. Mas sempre há espaço para coisas fora do mundo metal, adoro bandas dos anos 80, como Depache Mode, por exemplo, e até neofolk. Então às vezes alguma dessas coisas acaba também influenciando. Daí o principal desafio do LITOSTH, fazer todas essas influências caberem numa música só, ficar boa e não soar como uma salada de frutas. Mas acho que tenho chegado a uma fórmula boa, que ainda pode mudar com o tempo, como mesmo gosto.

Pois é, cara, eu ouvindo os trabalhos lançados pela Litosth eu consegui achar a maioria das bandas citadas por você como influências, mas sem ser chupação e sim influências e que você agregou muito mais com tua personalidade. Já que você citou temas científicos também na lírica da banda, gostaria de saber o que é, ou melhor, o que significa o nome dessa música “400 – 790 Terahertz Landscapes” ? E realmente essa parceria nas letras com teu parceiro de Patria Wendel Siota tem realmente funcionado porque traduzindo as letras são muito boas.

Maicon Ristow:  Muito obrigado! Eu nem tento esconder minhas influências, muitas bandas forçam para soarem totalmente originais e normalmente o resultado não é legal, fica chato, extremo demais ou forçado na técnica, ou experimentação exagerada. Tento deixar a coisa sair naturalmente. Todas as bandas que me influenciam também foram influenciadas por outras, sempre foi assim. Eu acho importante pegar a influência e dar um passo adiante, adicionar algum novo tempero na receita, daí sim a coisa fica original, mas não tentar reinventar a roda. “400 – 790 Terahertz Landscapes” é uma das minhas letras preferidas. Essa letra foi escrita pelo Wendel e faz uma metáfora sobre existencialismo e como somos preconceituosos e rasos nos julgamentos, usando paralelos de como a luz se forma dentro do arco íris. 400 – 790 terahertz é a frequência que o humano consegue ver, todo o resto deixamos passar. “Minha difração através de seus olhos mostra apenas sete variáveis minhas, existe um mundo entre o violeta e o vermelho” não enxergamos o ultravioleta ou o infravermelho, somente o pequeno intervalo entre as duas frequências de luz, esse trecho da letra explica bem a ideia.

Em 2016, você lançou o single “Universe of Me” e de novo voltamos ao assunto internet. Se nos anos 80 e 90 as bandas gravavam uma demo tape e muitas vezes mal produzida exatamente pelas dificuldades da época. Hoje grava – se uma música com ótima produção e posta nas plataformas digitais e o mundo tem acesso. Desde um fã de metal e também chega aos donos de selos, produtores de eventos, não só no Brasil, mas no mundo todo.  Foi por isso que você lançou o single e como foi a aceitação do mesmo?

Maicon Ristow:  Exatamente! O single “Universe of Me” foi feito como um cartão de visitas do que estava por vir, para que eu tivesse algo sólido para mostrar para o meu público e também para gravadoras e imprensa. Compus ele com esse propósito, mostrar um pouco da ideia geral do que eu queria para o projeto. Ele foi um pouco tardio em relação à internet e mídias sociais, apesar dessa facilidade de produzir e lançar, nos últimos anos a internet limitou muito o alcance de artistas pequenos, em todas as áreas de arte. É preciso investir muito dinheiro na internet para ter resultados, falando de divulgação, no começo do advento da internet a coisa era mais fácil que hoje.

Em 2019, você lançou o full álbum “Crossed Parallels of Self Refraction” e porque demorou 3 anos desde o lançamento do single para o debut – cd em estúdio? 

Maicon Ristow: O álbum foi na gravado quase todo no mesmo ano, em 2016, logo após o single “Universe of Me”, mas acabei me atrapalhando muito na sincronização dos eventos, gravação, edição, arte do álbum, e a bateria foi gravada em SP pelo Leonardo Pagani (Mysteriis) e ele também teve alguns contratempos, depois ainda teve mais o tempo de esperar a janela de lançamentos da gravadora. Então demorou bem mais do que eu imaginei, mas hoje tenho mais experiência e consigo lidar bem melhor com tudo isso.

Nos fale como foi aceitação dos metalheads e mídia especializada? E também fale um pouco da produção e da arte e layout?

Maicon Ristow: A aceitação do público sempre foi ótima, Litosth não é um projeto grande e muito conhecido, mas a proporção entre quem conhece e gosta é bem alta. Nunca atingimos muito a grande mídia, revistas e sites, ficamos quase sempre no underground, que é uma mídia mais receptiva e faz a coisa basicamente por amor, assim como fazemos nossa música. Foi ela que nos deu muita força desde o começo. Todas as produções do Litosth foram feitas pelo Dave Deville, do Dead Marshall Records, aqui de Caxias do Sul mesmo. Ele é muito bom e faz milagres para chegar na qualidade que o projeto precisa. A arte do primeiro single foi feita pelo Marcelo Vasco, ele também fez todos os layouts, já a arte da capa dos álbuns eu mesmo criei.

Em 2021, nós ainda vivíamos em um mundo pandêmico e fora o negacionismo que o antigo presidente do Brasil propagou no país. Neste mundo louco e caótico, você lançou mais um single, “Raven’s Circle”. Como surgiu essa música e ela já deu pista do que viria ser o primeiro trabalho da banda. Você ficou satisfeito com ela?

Maicon Ristow: O álbum “Farther from the sun” foi todo escrito e produzido durante a pandemia de covid. Uma infeliz coincidência, eu queria mesmo fazer um álbum temático sobre a morte, de formas diferentes e filosóficas de morrer. Então todo o caos sanitário e político que vivemos acabou influenciando ainda mais no tema do álbum. O Brasil nunca foi um lugar muito saudável, mas nos últimos anos a coisa escalou para um nível caricato de estupidez. Elegeram como presidente e exemplo de cidadão de bem, um completo mentecapto, negacionismo e explorador da fé para uso político, ou seja, um esboço de tudo que sempre tivemos de errado no nosso país. E o resultado só poderia ter sido o desastre que foi a pandemia. Então com o álbum pronto comecei a divulgar, na verdade a música Raven’s Circle foi o segundo single do álbum. Gosto muito desse som. Ele tem uma pegada um pouco mais Black Metal e menos melódica, é uma música mais ríspida, para combinar os tempos sombrios em que ela foi lançada.

E você já aproveita e nos diz mais sobre quem produziu “Farther From The Sun”, que estúdio você escolheu para gravar esse trabalho, quem fez a capa/ layout e como os blackmetallers e mídia especializada receberam  esse trabalho no submundo?

Maicon Ristow: O álbum foi produzido por Dave Deville, aqui em Caxias do Sul, no estúdio Dead Marshall. A capa foi feita por mim mesmo, é uma mistura de desenho nanquim com acabamento digital. O layout ficou a cargo de Marcelo Vasco. Esse álbum teve um alcance maior que o anterior, principalmente pela postagem do canal Black Metal Promotion, maior canal de Black Metal do Youtube. Tivemos uma resposta maior também em nossas redes sociais, um fluxo maior de seguidores e comentários. E a mídia também nos ajudou bem mais nesse álbum, saiu em várias revistas e zines, também participamos de alguns podcasts e entrevistas online, devido à pandemia.

Você teve suporte de duas gravadoras  para o lançamento de seus dois primeiros trabalhos. Como foi o contato com os selos: Sulphur Records e Cold Art  Industry? Ficou satisfeito com o trabalho deles em relação à divulgação e suporte ao vosso trabalho?

Maicon Ristow:  Quem assumiu os dois lançamentos foi a Sulphur Records, do Rudimar Trentin, amigo de longa data. No primeiro álbum ele fez uma parceria com a Cold Art Industry, e no segundo álbum ele fez uma parceria com a Black Heart Records. Fiquei muito satisfeito, todos eles foram super profissionais e a qualidade do material ficou impecável. Tivemos uma boa divulgação também, o material ficou esgotado muito rápido, e muito material foi exportado.

Você já está trabalhando em um novo lançamento da Litosth? Poderia nos adiantar algo mais? Esse futuro trabalho continuará com o suporte dos mesmos selos?

Maicon Ristow: Na verdade o novo álbum já está gravado, agora estamos terminando os testes de mixagem e masterização. Será lançado ainda em 2023. Desta vez será lançado por outra gravadora, ao menos inicialmente ele sairá somente no exterior. Em breve nossa assessoria começará a divulgar mais informações sobre o novo álbum. Ainda em setembro sairá um single com vídeo de divulgação do álbum. Adianto que sem dúvidas é o melhor álbum que já fiz, o que mais me contentou. Então quem curtiu os anteriores, tenho certeza que irá gostar ainda mais deste!

E uma curiosidade, fui pesquisar no Google o significado ou a história por trás do nome Litosth e não encontrei nada! O que representa essa alcunha e qual o significado dela? De onde você tirou esse nome?

Maicon Ristow: Litosth vêm da palavra litost, que só existe na língua tcheca para expressar o sentimento de quando alguém imagina o estado de sua própria miséria no futuro e fica agoniado com a possibilidade. Acho que o nome casou perfeitamente com a proposta lírica do projeto.

A cena no Rio Grande do Sul sempre foi muito forte. O que anda rolando na cena gaúcha? Quais bandas você indicaria aos nossos leitores e  que tem seu apoio?

Maicon Ristow: Pós-pandemia tem acontecido muitos shows internacionais, boa oportunidade para as bandas locais participarem, recentemente o PATRIA abriu show para o Watain em Porto Alegre. Parece que há um ar novo na cena, também estão acontecendo festivais menores e no interior do estado. Estão surgindo bandas novas, e a volta de algumas antigas, destaco a Evilcult (Speed Thrash Metal), a Fullrage (Thrash Metal) e a  Symphony Draconis (Black Metal).

Nota do Entrevistador: Realmente a cena aqui em SC também pós – pandemia voltou muito forte! Muitos shows de grande e pequeno porte.

E da cena em geral, o que você anda ouvindo em relação ao metal nacional e gringo, o que tem chamado sua atenção?

Maicon Ristow: A base do metaleiro é sempre o passado, estou sempre revisitando bandas antigas de vários estilos e tamanhos , famosas ou desconhecidas, mas falando de bandas novas, tenho ouvido muito o The Troops of Doom, acho que eles acertaram na veia com essa ideia de trazer um som do passado que muita gente sente falta, mas com um roupagem mais moderna de acordo com os padrões atuais. Internacional eu tenho gostado muito dessa nova fase do Black Metal, bandas sérias com temas líricos menos caricatos, destaco os poloneses do Mgla.

Provavelmente por você ser um projeto “one man band” a Listoth não faz apresentação ao vivo, certo? Ou existe essa possibilidade? Olhando para trás, você está satisfeito com esses 7 anos de história da banda?

Maicon Ristow:  Shows não estão descartados, mas será muito difícil acontecer, o projeto precisaria de um grande alcance e interesse do público para acontecer. E na realidade brasileira está cada dia mais difícil produzir algo de qualidade e financeiramente viável. Estou muito satisfeito sim! Sempre digo que o Litosth não é um projeto famoso, mas de muito sucesso. Minha ideia deu super certo, e o resultado é o que eu esperava. Claro que eu gostaria que o Litosth chegasse a mais ouvidos, acho que o projeto merece ser ouvido e divulgado para quem possa gostar, também gostaria que ele desse retorno financeiro ao menos para se sustentar por si só, mas esse não é a nossa realidade, e tenho que jogar com as cartas que temos. Mas sinto que minha parte eu faço.

Maicon, obrigado pela sua disposição em bater um papo conosco do portal The Old Coffin Spirit .  Que as vossas almas fiquem mais longe do sol e da luz.  Espaço para suas considerações finais. Abraço e força – sempre!!!

Maicon Ristow:  Eu que agradeço pela oportunidade de trocar essa ideia, amigo! Fica meu convite para quem não conhece nossa música, você encontra facilmente em todas as plataformas digitais! Muito obrigado!

Related posts

LOS MALES DEL MUNDO – Black Metal e filosofia num trabalho impactante, intenso e melódico.

Fabio Miloch

FORSMÁN – Acordes da escuridão vindos da distante Islândia

Daniel Bitencourt

HOODED MENACE – A entidade encapuzada ressurge mais letal que nunca, com o impecável “The Tritonus Bell”

Daniel Bitencourt