CD/EP/LP

KOSMOKRATOR – Through Ruins… Behold (2019)

KOSMOKRATOR (Bélgica)
“Through Ruins… Behold” – CD 2019
Ván Records – Importado
8/10

KOSMOKRATOR é o nome dessa entidade doentia e sádica, originada em 2013 na Bélgica. Há poucas informações sobre os integrantes, que já mencionaram publicamente que os nomes dos envolvidos não agregam valor algum à música. Sendo assim, temos J. (Vocais), T. (Baixo), C.M. (Guitarra), D.V. (Guitarra) e P.R. (Bateria).

A curta discografia dos belgas conta com uma Demo, um EP, um álbum ao vivo, o primeiro disco completo de estúdio “Through Ruins… Behold” de 2019 que aqui dissecamos, e um Split do ano passado, com o HADOPELAGYAL, banda recente da Alemanha. Os alemães hiperativos e certeiros da Ván Records lançaram o álbum em Vinil (cópias numeradas à mão)e CDDigipack (500 cópias), ambos sob edições limitadas.

Musicalmente, o grupo produz Black / Death Metal cavernoso, sufocante, claustrofóbico. Há uma predileção pela dissonância, pela atmosfera caótica e a sensação de apocalipse iminente. A performance conjunta dos músicos é excelente. As letras têm como foco a morte, o desprezo pela humanidade, o Niilismo (doutrina filosófica pessimista e cética perante os valores humanos; consiste na negação ou descrença absoluta em relação a princípios, sejam eles religiosos, morais, políticos ou sociais – do Latim Nihil, que significa Nada).

Acredito que dificilmente poderia haver uma arte de capa mais adequada à linha conceitual da banda. O trabalho mostra um local em ruínas, sem viva alma, cercado por chamas e fumaça espessa. A ilustração foi assinada pelo finlandês “Timo Ketola”, falecido em 2020 vítima de leucemia. O talentoso artista ilustrou as capas de inúmeras bandas nos últimos anos.

The Push Towards Daath” inicia o massacre, o Black Death despejado é brutal a maior parte da duração da faixa. Exceção feita a uma passagem atmosférica que divide as duas seções extremas. O peso é esmagador, de produção um tanto abafada (certamente proposital), clima de desesperança, morbidez e visões do fim do mundo.

 “Ruins” as guitarras dão o clima inicial, e evoluem para um belo conjunto de riffs malevolentes. O baterista destrói o kit e lidera uma aceleração absurdamente extrema, ele é o destaque individual da música. Até porque, as guitarras aqui concentram-se mais em criar as dissonâncias e em manter a atmosfera carregada. O ritmo posterior mais cadenciado dá enorme brilho à faixa.

Irreversible Pathways” é insana e brutal, mais compacta e direta que as anteriores. Som de baixo fenomenal, um dos pontos altos do disco.

I Am the Utterance of my Name” abre mais lentamente, conduzida por riffs desoladores. É um som de início bem FuneralDoom, mas o caos Black Death reaparece e a redefine com veemência perturbadora. Mesmo durante a seção final da música, mais atmosférica, a sonoridade mostra-se obscura e maléfica.  

Kosmokratoras I – In his Name Shineth the Sun” Provavelmente a melhor do álbum, retoma a sonoridade da banda do EP First Step Towards Supremacy”, de 2016. Linhas excepcionais de baixo misturam-se às guitarras onipresentes e à percussão demolidora, enquanto um coro de vozes femininas ao fundo tece uma formidável desarmonia junto aos vocais doentios da banda.

Nathir” tem ritmos quebrados e ganha uma aceleração empolgante do meio para o final, liderada por um riff bestial que se mantém hipnoticamente presente. Reverte um início não tão interessante, e termina muito bem.

Gestorben muss sein” possui uma longa abertura atmosférica que a direciona a um abismo de escuridão e negatividade. Após uma brutal tempestade em ritmo médio, entra a passagem final quase que acústica, com lindas vozes femininas (que contraste…) e os sons de labaredas que consumem algo (a arte da capa veio à cabeça novamente).

Ótimo trabalho, prato cheio para quem curte o Death/Black de bandas como ABYSSAL (Reino Unido), MALTHUSIAN (Irlanda), MITOCHONDRION e ANTEDILUVIAN (ambas do Canadá), IRKALIAN ORACLE (Suécia) e VASSAFOR (Nova Zelândia).

Relação das sete que compõem o disco, somando 46:59 minutos:

1 – “The Push Towards Daath”
2 – “Ruins”
3 – “Irreversible Pathways”
4 – “I Am the Utterance of my Name”
5 – “Kosmokratoras I – In his Name Shineth the Sun”
6 – “Nathir”
7 – “Gestorben muss sein”

Destaques: A quinta música é certamente uma das melhores do disco. Além dela, a segunda e a terceira também se destacam pelos níveis elevados de qualidade e brutalidade. 

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