Na última vez que trocamos uma ideia com o R. Inkubus,ele e a Imperador Belial, estavam divulgando o aclamado segundo álbum “Curse of Belial” (2018) e o retorno da banda ao velho continente. Eles acabaram de lançar o EP “Daemonolatry” (2024) e vamos saber um pouco mais sobre o que está rolando com a banda e planos futuros.
Saudações, grande amigo R. Inkubus! É um prazer tê-lo nas páginas do The Old Coffin Spirit Zine. Meu caro, você continua morando na serra gaúcha e como funciona a formação da banda e como você trabalha com os outros integrantes?
R.Inkubus: Fala Waltinho! Tudo tranquilo brother? O prazer é meu! Então, quando eu vim morar na Serra gaúcha em 2017, eu montei uma formação com músicos daqui do RS para fazer shows pela região Sul e tocamos em alguns eventos no RS e em SC, e com a formação do RJ faríamos os demais shows em outras regiões além de dar continuidade com as gravações. Isso funcionou durante um tempo. Atualmente só trabalhamos com formação principal da banda, comigo aqui no Sul e os demais integrantes no RJ e a logística para gravações é tranquila, eu gravo minha parte num estúdio aqui na minha cidade, o restante da banda grava suas partes no RJ e enviamos tudo para mixagem e masterização e aí vamos lapidando junto com o produtor até chegar no resultado final. Já para os shows, quando temos alguma proposta interessante, eu vou para o RJ ensaiar com os caras e daí partimos para espalhar o caos em forma de música.
Em 2019, vocês lançaram o segundo trabalho”Curse Of Belial” e esse trabalho foi bem aceito pela mídia especializada e pelos fanáticos metalheads. A banda ficou feliz com os resultados deste trabalho e você mudaria algo nele hoje ou está satisfeito com os resultados obtidos por ele?
R.Inkubus: Na verdade ele foi lançado no final de 2018, nós ficamos muito felizes na época com o resultado, principalmente com as indicações de melhor álbum do ano que recebemos em alguns veículo e com o rápido esgotamento das duas prensagens européias, uma em jewel case pela Nercoleptica Productions e outra em digipack pela Mara Productions. O álbuns também saiu em pequenas tiragens em tape na Colômbia, Venezuela e Indonésia que se esgotaram rapidamente, e durante a turnê europeia em 2020 para promoção do disco o público nos recebeu muito bem no velho continente, então sim, estamos satisfeitos com os resultados que obtivemos por parte do público e da crítica mas se eu pudesse mudar algo , eu mudaria a captação da bateria e deixaria ela com uma timbragem mais quente e orgânica, coisa que corrigimos no nosso novo álbum Daemonolatry que tem a melhor produção de toda nossa discografia.
Pois é, já que você citou a passagem pelo velho continente, aproveita aí e nos diz como foi “Return Of The Beast European Tour- 2020”, e como foi a recepção dos metalheads aos shows de vocês?
R.Inkubus: Nossa segunda turnê européia foi uma experiência fantástica, em 2020 retornamos ao velho continente e dessa vez eu praticamente fiz todo o booking e logística da tour, aproveitando a experiência adquirida em 2017. Passamos por mais países dessa vez , com mais datas e menos dayoffs, voltamos a alguns lugares em que tocamos antes e conhecemos muitos outros, vendemos uma quantidade de merchandising absurda e tivemos uma ótima recepção do público, em alguns lugares os metalheads locais conheciam o refrão de algumas músicas, foi insano! O ponto negativo foi para uma das datas na Polônia onde o promotor local e dono do selo Mara Productions nos deu um calote e ainda se revelou um porco nazista, boicotem esse selo!
Bah cara, que foda! Então, calote de produtor não é uma coisa que acontece só no Brasil. E pior, o filho da puta é nazista. E como vocês reagiram a isso? Perderam grana e seguiram em frente, mas chutaram o rabo desse desgraçado?
R.Inkubus: Bro, começou com nossa hospedagem, ele fez a reserva no hotel mas não pagou, o contatei e ele disse que acertaria comigo no show, então passei meu cartão confiando em sua palavra, depois no local do evento ele chegou no meio da terceira banda, mas não veio falar conosco, então fui ao seu encontro e o perguntei sobre a grana do hotel e nosso cachê, ele disse que pagaria depois do show, subimos no palco e quando terminamos nosso set descobri que ele tinha ido embora e não atendia nossas ligações. No dia seguinte seguimos para nosso último show em Berlin e ele me mandou mensagem dizendo que pagaria pelo PayPal, nunca mais e quando intensifiquei a cobrança ele ainda usou frase “fuck the negros”. Engraçado que ele lançou nosso álbum que foi sold out, então ele pode ganhar dinheiro com banda de negros mas não pode honrar acordos com essa mesma banda?! Filho da puta nazista de merda!
Meu amigo, para o europeu, o alemão ou italiano, ou polonês que tem descendência brasileira, ele é preto, ou melhor, é sul-americano e eles não estão nem aí com o “europeu pardo”.(hahaha) O novo trabalho acabou de sair do forno e existem planos para uma nova tur no exterior ou algo pelo Brasil, passando pelo norte/sul de nosso país?
R.Inkubus: Pois é meu brother, e aqui no Brasil ainda tem uns imbecis que chupam o saco dessa corja, bando de tupinivikings morenazis hahaha. Temos propostas para alguns shows no Brasil e estamos estudando com cuidado, quanto a uma nova turnê européia, no momento está em stand by, nosso baterista não tem disponibilidade para ficar tanto tempo fora do país e ainda não temos um session drummer que tope essa empreitada.
Como já citado, acabou de sair nas plataformas digitais o novo trabalho da Imperador Belial chamado: Daemonolatry. Por que vocês resolveram lançar um EP e não um álbum completo? E hoje, felizmente, ou não, é a nova realidade soltar primeiro nas plataformas de streaming e depois no físico. Já tem data para o lançamento físico?
R.Inkubus: Quando gravamos o cover do Mystifier no Curse of Belial, eu já tinha decidido que o próximo cover seria Guerreiros de Satã do Vulcano, as demais músicas do Daemonolatry são fruto de contratos que fiz em ritos de goétia luciferiana e demonolatria com os Daemones homenageados, totalizando um total de 6(66) faixas de puro Black Metal Old school, não havia espaço, conceitualmente falando, para outras músicas. O álbum foi lançado fisicamente em 09/04/2024 mas acho que atualmente é quase uma praxe lançar primeiro digitalmente e acho até interessante para o público já conhecer o material, e quem realmente gosta, sempre adquire a versão física quando possível.
Aqui no Brasil, o álbum foi lançado pelo seu próprio selo, o Nigthmare Productions (Brasil) e na gringa sai pelo WP and Ro Productions. (Bélgica) Como foi o contato com o selo dos Países Baixos? Provavelmente, o selo WP espalhará a praga, o caos e a blasfêmia no velho continente e nas Américas do Sul e Norte, já tem alguma possibilidade de o imperador contaminar esses continentes também?
R.Inkubus: O selo WP and RO Productions é capitaneado por duas pessoas, Wesley Pluin, um metalhead belga com quem mantinha contato pela internet e que conheci pessoalmente na nossa primeira turnê européia quando tocamos na cidade de Haia, e Renata Oliveira aqui do Brasil, um dia em uma das nossas conversas Wesley me perguntou sobre nosso próximo lançamento e acabamos chegando num acordo para fazermos um lançamento em conjunto entre nossos selos, fizemos uma prensagem de 1000 cópias, sendo 500 cópias para a Nightmare Productions distribuir aqui no Brasil e 500 cópias para a WP and RO Productions distribuir na Europa. Estamos em contato com alguns selos para lançar em outros mercados e em breve pretendemos anunciar lançamentos na Ásia e América do Sul e Central.
O Imperador Belial lançou o EP “Daemonolatry”. Qual é o significado e a inspiração por trás da escolha desse nome para o álbum e que conotações ele evoca?
R.Inkubus: Daemonolatry é um neologismo formado das palavras “Daemon” que em grego significa espírito, e que originou o significado moderno de demônio, embora o sentido fosse outro em sua origem, e “Demonolatry” do inglês que significa demonolatria, a adoração e culto aos demônios, dessa forma Daemonolatry resgata o sentido de culto a essas entidades mas sem a demonização medieval cristã, uma forma de homenagear algumas das entidades com quem trabalho e honrar essas divindades.
Como foi o processo de gravação e produção deste trabalho? Como foi o nascimento dessas novas músicas?
R.Inkubus: Depois de pedir autorização ao grande Zhema para gravar o cover do Vulcano, nós fizemos um arranjo para que nossa versão de Guerreiros de Satã tivesse um pouco da nossa pegada. Para as nossas músicas, eu compus duas músicas no baixo, Bitch Hünter compôs uma, e Chaos as demais. Os instrumentos foram todos gravados no RJ no AM estúdio que hoje não existe mais, eu gravei os vocais aqui em Farroupilha e depois juntamos tudo e fizemos a mixagem e masterização com o Bitch Hünter que já produziu várias bandas do nosso underground, sempre procurando uma sonoridade suja e orgânica, como entendemos que o Black Metal deve soar.
Ah, sim. Realmente, o cover de Guerreiros de Satã ficou matador! Seguindo a pegada original, mas mantendo a cara de vocês. Eu gostei muito das cores e da capa deste trabalho, ficou insana e bem profana. Vocês gostaram do trabalho da artista/artwork de Tatiana Bellini e o layout de Alcides Burns?
R.Inkubus: Fico feliz que tenha curtido! A ideia realmente era essa, dar um pouco da nossa cara, porém mantendo a essência intacta. Eu sempre procuro artistas com uma pegada obscura para produzir nossas capas e a Tatiane Bellini fez um trabalho fantástico, eu disse pra ela o que queria e ela criou uma arte incrível, melhor do que esperava, ela também criou o brasão da banda que estreou nesse trabalho. E o Alcides fez um layout matador! O cara é fera demais, fez o melhor encarte que já tivemos em um trabalho, sem falsa modéstia, ficou uma verdadeira obra de arte profana!
Mais acima, você citou que a produção deste EP Daemonolatry ficou matadora e que foi a melhor produção que vocês tiveram até agora em um trabalho de vocês. Bicth Hunter, além de fazer parte do Imperador Belial e muitas outras bandas cariocas, realmente o cara tá evoluindo muito atrás dos botões de estúdio. Gostaria de saber de você qual é a diferença deste último trabalho para os outros?
R.Inkubus: Nada muito diferente dos trabalhos anteriores, nós baixamos a afinação para D#, mas as maiores diferenças pra mim talvez sejam a captação da bateria, que ficou com uma sonoridade bem encorpada e pesada, e as guitarras que ficaram ainda mais sujas, porém nítidas, você entende todas as notas sem “embolar” e ao mesmo tempo tem aquela agressividade e peso característicos do Black Metal. Além disso, tem a evolução natural do Bitch Hünter em produzir esse tipo de som. Pequenos detalhes que juntos fizeram uma grande diferença.
R. Inkubus você é um cara que está muito tempo no submundo e é um cara que cultua o Black Metal e vive o metal negro como filosofia de vida. Gostaria de saber o que o Black Metal representa em sua vida e se o amigo segue ou estuda, correntes da mão esquerda?
R.Inkubus: Eu sou praticante de diversos sistemas mágicos, como iniciado no culto aos Orixás, no candomblé ketu há mais de 20 anos, eu pratico a magia iorubana, mas também pratico magia cerimonial através da goétia luciferiana, demonolatria e magia planetária, porém não misturo tudo numa salada, tenho altares e templos específicos para cada prática. O Black Metal é a expressão artística onde transborda não só o reflexo da minha filosofia de vida, como também meus sentimentos mais obscuros.
Você é um carioca e todo mundo sabe que o carioca ama o sol e a praia. Como você conseguiu adaptar-se na serra gaúcha ao frio sulista? E o que você mais gosta no Rio Grande do Sul?
R.Inkubus: Não me adaptei rsrs, o RS é um Estado agrário e atrasado, principalmente aqui na serra gaúcha. Daqui só gosto mesmo da minha esposa, do churrasco e dos meus cães e gatos.
E quais os planos da banda para o futuro depois desse trabalho lançado no submundo?
R.Inkubus: Divulgar o máximo possível, licenciar em mais mercados estrangeiros como fizemos com os trabalhos anteriores e paralelamente já estamos trabalhando em novas músicas para um próximo lançamento.
Meu amigo, obrigado por você mais uma vez ceder seu tempo para conosco. Obrigado pela entrevista! Suas considerações finais, porém queria que você nos indicasse 5 álbuns de metal que influenciaram sua vida como músico e Metalhead ? Abraço e força – sempre!!!
R.Inkubus: Eu é quem agradeço pelo apoio do meu irmão, foi uma honra pra mim e para o Imperador Belial! Espero um dia te encontrar em algum boteco sujo pra tomar umas geladas! Batam suas cabeças por Satã!! Sex, Drinks & Metalllllllllll
1 Sarcófago – Inri (o disco que mais ouvi na minha vida)
2 Vulcano – Live!
3 Black Sabbath – Heaven and Hell
4- Judas Priest – Painkiller
5 Iron Maiden – Killers
6(66) Venom – Black Metal, 5 é muito pouco