LINEUP
DEATH FILE RED (Austin/TX – EUA)
MORTIFERUM (Olympia/WA – EUA)
IMPERIAL TRIUMPHANT (New York/NY – EUA)
IMMOLATION (New York/NY – EUA)
Data: 26/02/2022
Local: Come and Take It Live – Austin/TX – EUA
Horário de abertura da Casa: 19:00 Horas (Primeiro Show às 19:30hs)
Comprei o ingresso para a turnê do IMMOLATION com antecedência, pelo celular. O valor de US$ 23.50 aumentou para uns US$ 27.00 com a taxa de conveniência (essa praga maldita), ou seja, custou aproximadamente R$ 140,00 considerando o câmbio atual. No mesmo dia da compra, baixei o app gratuito da empresa responsável e o ingresso digital, com o QR Code, já estava no meu fone.
O sábado foi chuvoso, de ventos fortes e céu cinza, sensação térmica bem mais baixa que os 4 graus indicados no celular. Garoa típica da minha São Paulo, se não fosse pelo frio próximo aos zero graus, eu teria me sentido em casa.
O “Come and Take It Live” é uma casa das mais simpáticas, localizada no bairro Riverside, na zona leste da belíssima Austin, capital do Estado do Texas. Bem próxima ao Centro, com fácil acesso de carro.
Fiz questão de chegar bem cedo, umas 16:40 (Waze é vida) pra pegar uma vaga no estacionamento da casa (gratuito, de vagas limitadas). Assim que o pessoal começou a chegar, os primeiros contatos começaram a rolar, as primeiras cervejas na loja de conveniência do posto vizinho, papo sobre as bandas, saudades dos shows… a fila foi se formando, e a expectativa, naturalmente, crescendo.
Como previsto, a casa abriu as portas às 19:00 em ponto. Revista rigorosa, com detector de metais daqueles que vemos em aeroportos, por exemplo. Rapidamente, estava explorando o ambiente interno e tomando uma cerveja. Belíssimo bar, com balcão gigante, banheiros limpos, palco tímido, porém bem montado, pista e camarotes pequenos e uma área reservada para a venda de merchandising, área externa para fumantes. Aparelhagem de luz e som fantástica, equipe amigável e bem treinada.
Sem perder tempo, comprei camisetas e CDs novos das três principais bandas, voltei ao carro pra guardar tudo e corri de volta para a casa, pois os alto-falantes já explodiam com os primeiros acordes brutais do DEATH FILE RED.
A banda novata de Austin é um quinteto de Death Metal imundo, brucutu e pesadíssimo. Ainda não possuem nem o seu perfil no Metal Archives, mas a qualidade do som dos caras surpreendeu positivamente. Tocaram músicas autorais por trinta minutos, com muita garra e peso. Eles se intitulam, com razão, uma banda de “Ignorant Death Metal”. Destaque para os dois guitarristas, habilidosos e nitidamente fãs do “Trey Azagthoth” do MORBID ANGEL. Já passei a seguir os caras no “Facebook”, pra acompanhar os lançamentos. Ótimo show e ótima promessa.
Eram aproximadamente 20:15 quando o MORTIFERUM subiu ao palco, após rápida troca dos equipamentos e backdrop. Primeira impressão: Puta que pariu, avassalador. O som mais alto e estupidamente pesado que eu me lembro de ter ouvido ao vivo. Foram 45 minutos esmagadores, de qualidade absurda. O set foi focado no novo álbum “Preserved in Torment”, com uma música da primeira Demo abrindo e uma do primeiro álbum fechando, a estupenda “Funereal Hallucinations”, que rendeu algumas das melhores rodas da noite. Os caras são, de fato, uma das melhores bandas de Death Doom Metal da atualidade. Sorte nossa termos a “My Dark Desires Records” lançando esse material no Brasil.
Setlist:
– Altar of Decay
– Eternal Procession
– Incubus of Bloodstained Visions
– Exhumed from Mortal Spheres
– Funereal Hallucinations
Pausa rápida para mais umas cervejas (Hopadilla, uma IPA da Karbach – Recomendo), e mais ou menos às 21:20 os nova-iorquinos do IMPERIAL TRIUMPHANT já estavam no palco para rápidos ajustes. Conhecia bem pouco do som dos caras, um Death/Black bem técnico e Avant-Garde, com efeitos sonoros ao fundo, interlúdios meio jazzísticos e abusando do peso e da dissonância. O trio usa máscaras douradas que dão um aspecto teatral interessante ao show (o guitarrista toca uma parte em meio ao público, e distribui vinho espumante pra galera da grade). Gostei do show, apesar de às vezes embolar um pouco o som. Gostaria de vê-los com uma segunda guitarra.
Setlist:
– Sodom
– City Swine
– Transmission to Mercury
– Cosmopolis
– Rotted Futures
A preparação do palco para o IMMOLATION levou um pouco mais de tempo, bem como os ajustes dos instrumentos. Eram 22:10 quando os caras, trajando seu típico “Uniforme All Black” começaram a apresentação, abrindo com “Abandoned”, intro instrumental seguida de “An Act of God”, ambas do novo álbum “Acts of God”. Os novos sons ficaram excelentes ao vivo.
O show de uma hora e dez minutos deu uma amostra das diversas fases da carreira, incluindo duas músicas do clássico absoluto “Dawn of Possession”, de 1991, duas do excepcional “Atonement” de 2017 e seis do novo trabalho.
Impressionante a energia que “Ross Dolan” transmite à plateia, tocando seu baixo com fúria imensa, urrando e agitando como um maníaco. O batera “Steve Shalaty” é um monstro, eu o considero um dos bateristas mais criativos e diferenciados da cena. A dupla de guitarristas é bem distinta: “Robert Vigna” é genial e teatral, jogando para o público o show inteiro. “Alex Bouks” é introspectivo, muito mais na dele, mas o cara segura todas as bases com precisão extrema e ótima técnica, além de ser uma figura extremamente simpática fora do palco.
Dois destaques grandiosos foram “Father, You’re Not a Father”, do álbum “Close to a World Below” de 2000 (tido por muitos fãs como o melhor da banda), e “Rise the Heretics”, do já citado “Atonement”.
Para o Bis, “Immolation” foi apresentada como uma celebração pelos trinta anos do lançamento do primeiro álbum, completados em julho do ano passado, e materializou-se como um verdadeiro tour pelo inferno, a sensação é que faltou bem pouco para a casa ruir. Enfim, uma experiência fantástica, e um real privilégio testemunhar um evento dessa qualidade, com tamanha organização, zero improvisos, respeito total ao público e profissionalismo.
Setlist:
– Abandoned
– An Act of God
– The Age of No Light
– Majesty And Decay
– Noose of Thorns
– When the Jackals Come
– Father, You’re Not a Father
– Into Everlasting Fire
– Blooded
– Rise the Heretics
– Broken Prey
– Unholy Cult
– Immolation (Bis / Encore)