CD/EP/LP

HULDER – Godslastering: Hymns of a Forlorn Peasantry (CD 2021)

HULDER (Estados Unidos)
“Godslastering: Hymns of a Forlorn Peasantry” – CD 2021
Iron Bonehead Productions – Importado
9/10

A descoberta dessa banda ocorreu no ano passado, por indicação de um amigo americano. Foi uma ótima indicação, após uma breve pesquisa adquiri a compilação “De oproeping van middeleeuwse duisternis”, nome que pode ser livremente traduzido do holandês para “A convocação da escuridão medieval”. A compilação possui o material das duas primeiras demos, e agradou em cheio.

HULDER é um projeto recente (fundado em 2018), liderado por uma única mulher, a “Marz Riesterer”, uma Belga de nascimento vivendo atualmente nos Estados Unidos, no estado do Oregon. Essa One-Woman Band desenvolve uma espécie extremamente instigante de Black Metal, que inclui muitos elementos Atmosféricos, Folk e de DungeonSynth e trata liricamente de temas medievais e folclore Belga.

 O som da banda é muito específico, soa atual e cheio de personalidade. Difícil compará-lo ao de outros artistas. Tem algo do Dark Metal dos americanos do “MEFITIS” e algo do Black Sinfônico do “VARGRAV” da Finlândia.

A artista, que utiliza o pseudônimo “Hulder”, compõe todo o material, executa os vocais (muito bons por sinal, tanto o extremo quanto o limpo) e toca todos os instrumentos, exceto a bateria. Para isso, contratou omúsiconorte-americano “Sam Osborne” creditado como “Necreon” no material do HULDER.

 Após a apresentação de duas demos em 2018, uma compilação e um EP no ano seguinte, chegou finalmente o momento de lançar o primeiro álbum de estúdio, nomeado “Godslastering: Hymns of a Forlorn Peasantry”, já sob o selo alemão Iron Bonehead. A estreia ocorreu em janeiro desse ano, e desde então as críticas têm sido bastante positivas mundo afora.

Upon Frigid Wind “inicia o álbum com um Black cru, direto e veloz. É um som mais calcado nos riffs, até uma curta passagem atmosférica que o direciona a um ritmo médio cativante. Finalizada com riffs excepcionais e aceleração vertiginosa, um dos destaques do álbum.

 “Creature of Demonic Majesty“é mais cadenciada de início. Aqui os ótimos teclados no estilo Dungeon Synth ficam mais evidentes, o som torna-se mais atmosférico (mas não menos pesado). A retomada do ritmo acelerado é épica, comtrampo conjunto majestoso de bateria, baixo, guitarras e teclado ao fundo. “Sown in Barren Soil” segue com a pegada agressiva, interrompida por um curto interlúdio de som medieval, a música oscila entre os momentos brutais e atmosféricos com muita competência. Um riff gigantesco leva ao clímax do som, uma grande faixa.

De Dijle”é a quarta faixa, de título (O Dique) e letra em holandês, e tema bucólico. Essa é Dungeon Synth de fato, totalmente climática (teclados e violão), com o texto sendo declamado de forma sinistra. Dá uma quebrada boa no ritmo do álbum.

Purgations of Bodily Corruptions” retoma com o Black, porém mais melódico, cadenciado e com pegada mais Folk. Som menos variado do álbum, porém igualmente efetivo. “Lowland Famine” vem na sequência, e devolve a pegada mais brutal à obra, bem como a rispidez e a frieza típicos da sonoridade escandinava, amenizada em parte pelos sintetizadores. Uma mudança abrupta no ritmo traz uma seção mais sombria e pesada, que a finaliza.  

A Forlorn Peasant’s Hymn” mistura letras em inglês e holandês, e apresenta os vocais limpos, etéreos e surpreendentemente angelicais da artista, dando nova dimensão à obra. Pontos pela ousadia, resultado excelente. Após a parte limpa inicial, o caos toma conta novamente. Esse som possui alguns dos melhores riffs e as levadas mais empolgantes do disco. Genial.

From Whence an Ancient Evil Once Reigned” encerra em ritmo médio, mantendo o nível elevadíssimo dos riffs e dos teclados contrastando e adicionando atmosfera mórbida, sempre com extremo bom gosto. 

 A única dúvida que fica, a esse ponto, é o que a artista produzirá a seguir, tamanha qualidade do disco de estreia.

 Relação das oito faixas que totalizam 39:10 minutos:

1 – “Upon Frigid Winds”

2 – “Creature of Demonic Majesty”

3 – “Sown in Barren Soil”

4 – “De Dijle”

5 – “Purgations of Bodily Corruptions

6 – “Lowland Famine

7 – “A Forlorn Peasant’s Hymn

8 – “From Whence an Ancient Evil Once Reigned

Destaques: A primeira faixa, a terceira e a sétima são ótimas amostras da qualidade do trabalho, para aqueles que quiserem ter uma noção apenas, ou por qualquer motivo não possam conferir a obra completa.

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