Os espanhóis do selo Memento Mori são especializados em lançamentos de Death Metal, abrangendo boa parte de seus subgêneros. Uma das suas mais recentes adições ao cartel de bandas é o HEXORCIST, da Flórida (EUA).
O quarteto é uma formação recente, de 2019, e não se sabe muito a seu respeito. Os membros identificam-se apenas pelo próprio nome da banda, seguido de um número romano. No ano passado houve uma breve degustação do som com a Demo “Bestiarum Vocabularum”. Neste final de julho, acabaram de lançar o primeiro álbum “Evil Reaping Death”.
Em termos de sonoridade, o ataque da banda é absolutamente brutal. A base é Death Metal tradicional, que se mescla ao Thrash e ao Black.A pegada lembra o estilo brasileiro de fazer Metal Extremo dos primórdios, de SARCÓFAGO e VULCANO, misturado ao estilo de bandas norte-americanas extremamente agressivas como o MORBID ANGEL dos primeiros discos e o saudoso ANGELCORPSE, além do proto-death metal do POSSESSED.
Atenção para a capa do álbum, uma das mais impressionantes (senão a melhor) entre os lançamentos desse ano. Ilustração do polonês “Johny Prayogi”. Exemplo brilhante de como produzir arte blasfema, visualmente impactante, e ao mesmo tempo colorida e agradável aos olhos.
“Exulting the Adversary” tem sinos e um trecho de uma música sinistra da abertura do clássico filme de horror “O Iluminado”. A devastação se inicia, e o que se ouve é Death Metal oldschool, extremamente sujo e com vocais mórbidos, perfeitos para a proposta.
Os riffssão consistentes, bem construídos e variados, boa parte deles contendo toda a ferocidade do Thrash. Solos de guitarra aparecem com frequência a cada faixa, soando sempre caóticos, frenéticos, dissonantes e profundamente doentios (imagine algo como “Kerry King + “Trey Azagthoth”). O trabalho de bateria se destaca em meio ao instrumental, tanto no volume alto no mix quanto pela performance furiosa e certeira ao longo de toda a obra.
Não há muita preocupação em criar atmosfera, a banda faz questão de proporcionar um som o mais direto e cru possível, isento quase que completamente de modernidades. Também não ocorrem muitas variações rítmicas, em dado momento pode-se até ter a impressão de que o álbum está tocando algumas das músicas no repeat.
Em geral, um disco de estreia muito bom do HEXORCIST, que apela ao ouvinte pela energia e sua hostilidade pungente, compactada em trinta e cinco minutos nostálgicos do metal extremo primitivo dos anos 80. Um próximo álbum um pouco mais variado, e com som de baixo mais nítido na produção seria incrível.
A seguir, as dez faixas do disco que totalizam 35:28 minutos de duração:
1 – “Exulting the Adversary”
2 – “Sentryat the Seven Gates”
3 – “Unblessing the Reverent”
4 – “Proverbs of Pestilence”
5 – “Denouncing the Immaculate”
6 – “Evil Reaping Death”
7 – “Unrighteous Ceremony”
8 – “Accursed Affirmations”
9 – “Praising the Most Foul”
10 – “Crucifixion” (Devastator Cover)
Destaques: A primeira faixa “Exulting the Adversary” é empolgante, e contém algo de todos os elementos empregados pela banda. A quinta “Denouncing the Immaculate” tem início tétrico, com órgão típico de igrejas. A seção a partir de sua metade é interessante, fugindo com inteligência da velocidade constante do play e trazendo variação no andamento, com trabalho de percussão espetacular e ótimos riffs.