CD/EP/LP

HAUSER – Cinza

HAUSER (Brasil)
“Cinza” – CD 2020
Black Hole Productions – Nacional
9,5/10

Não conhecia a banda catarinense HAUSER e que erro foi cometido. Para aqueles que apreciam o grindcore esses caras realmente são algo a ser conferido. Musicalmente falando a banda traz um som diversificado, ainda que totalmente violento e sem meias palavras. É possível perceber muito do que os caras ouvem e trazem para sua música. Brutal Truth, Messuggah, Terrorizer, a complexidade nas seis cordas do Hate Eternal em alguns momentos. Talvez até mesmo nem ouçam tudo isso, mas transparece na sua música uma qualidade ímpar e uma brutalidade empolgante.

Com letras em português “Mar de Árvores” abre o álbum como um tsunami. Música bruta feita por quem entende da coisa. Se entendi bem a música aborda o suicídio e o tal mar de árvores seria a famosa floresta japonesa de Aokigahara onde centenas vão para cometer suicídio. A pancadaria se intensifica e fica mais nervosa com a excelente “Transgride”, que traz alguns bons momentos de mais peso. “Morte por Perdão” reflete bem demais o nosso país atual. E isso tudo é muito bem descrito com a trilha sonora do caos sendo o pano de fundo. “Erro” é um soco no estômago. Grind e algo de industrial se unem aqui, com mais ênfase ao tradicional. Posso dizer que “Ato de Jurar” é minha faixa favorita nesse álbum, já que traz à mente aquela pancadaria que apresentou ao mundo o Brutal Truth. Velocidade e peso se destacam aqui.

“Predadores” tem uma pegada mais moderna e uma excelente letra. Não entra nas minhas favoritas com certeza. Tudo entra novamente nos eixos com a incrível “Sétimo”. Todos os músicos são excelentes, mas tiro o meu chapéu para o baterista Roger Loss, que detonou nesse álbum. A velocidade é mantida alta em “Odioso”, enquanto há mais groove em “Besta”, apesar do seu andamento ultra brutal. A última faixa é “Todos Fracassam”, com um início mais death metal, algo meio Six Feet Under, realmente pesado.

A produção de “Cinza” é excelente. O peso se destaca em todo o álbum, assim como o trampo de batera. Não esquecendo, é claro, a qualidade das letras. Gostei muito da maneira como os temas são abordados. Isso é um baita diferencial em uma banda que opta por usar o nosso próprio idioma. Definitivamente uma banda que precisa ter mais espaço. Trampo fudido já tem.

Related posts

GLEMSEL – Forfader (2022)

Daniel Bitencourt

CRUCIFIER – Say Your Prayers (Adv. MCD 2022)

Daniel Bitencourt

CHRONIC ASHES – “Cursed Existence” (2020)

Fábio Brayner