CD/EP/LP

GRAVE MIASMA – Abyss of Wrathful Deities (CD 2021)

GRAVE MIASMA (Inglaterra)
“Abyss of Wrathful Deities” – CD 2021
Sepulchral Voice Records – Importado
9/10

Os ingleses do GRAVE MIASMA já não podem ser considerados “novatos” nessa negócio. Os cara já vem há alguns anos chutando bundas em se tratando de criar death metal carrancudo, pesadíssimo e fora da caixinha. Em 19 anos de atividade (incluindo aí seu tempo como Goat Molestör), “Abyss of Wrathful Deities” traz uma banda muito mais madura, com uma sonoridade totalmente sólida e que se recusa a sentar à mesa dos que procuram estar confortáveis com a música que criam.

Nesse novo álbum, o quarto de sua carreira a banda procurou uma produção muito mais cristalina do que todas as suas outras gravações. Ao mesmo tempo tempo que a sua sonoridade perdeu em crueza, ela cresceu em termos de composição. Ainda que não vejamos aqui o GRAVE MIASMA mais carregado, o som desses caras ainda é algo surpreendente de ser ouvir. Aquele clima opressivo cedeu lugar a uma abordagem mais técnica, mais afiada, e aliado a uma narrativa focada na adoração dos misteriosos rituais de enterramentos tibetanos, temos aqui um baita álbum de death metal.

A primeira faixa traz riffs que lembram o velho Death e isso foi uma surpresa, pois essa junção entre o velho e o novo criou uma composição muito forte. É um som que demanda mais audições devido à suas várias camadas musicais. Mas é uma faixa de abertura que abre o apetite para o que vem a seguir. “Rogyapa” foi um dos singles de trabalho do novo álbum e é uma das melhores faixas desse trabalho. Após um início pesado o que vem é um death metal que me lembrou demais o clima dos primórdios do Morgoth e que música matadora. Música perfeita para os palcos. Mais técnica e quebrada é “Ancestral Waters”, uma faixa que deixa o ouvinte meio torto, o que eu sempre gostei em músicas assim.

O som fica um pouco mais reto com a travadona “Erudite Decomposition” e seu riff que é uma volta direta aos bons tempos de descobertas musicais clássicas. Obviamente há uma boa dose de caos também, o que apimenta a composição. A sonoridade pela qual o GRAVE MIASMA se tornou conhecida está presente em “Under the Megalith” e apesar da produção mais polida fica claro que essa música merecia um som mais sujo e podre para mostrar toda a sua maldade.

“Demons of the Sand” mantém a qualidade lá em cima e após a faixa “Interlude” (uma curta peça de violão), vem uma pancada em forma de distorção e clima intitulada “Exhumation Rites”, outra grande composição.

A última faixa do álbum é “Kingdoms Beyond Kailash”, uma música que flui em maldade e tempos mais cadenciados. “Abyss of Wrathful Deities” é um passo adiante na carreira da banda e mostra que os anos não abalaram a sua capacidade de criar puro e sórdido metal da morte. Destruidor !

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