“Heldentod” – 2021
Iron Bonehead Productions – Importado
8/10
Black Metal alemão oldschool, com gravação lo-fi e inspiração medieval, no universo “Tolkien”? Difícil dizer não a uma combinação como essa.
“Heldentod” (ou Morte Heroica em português) é o título do primeiro álbum completo de estúdio dos alemães do GRABUNHOLD, lançado em janeiro desse ano pelo selo “Iron Bonehead Productions” em vinil, CDs, fitas cassete e em formato digital.
A banda existe desde 2016, foi formada em Dortmund, e já havia lançado uma Demo em 2017 e oEP “Unter dem Banner der Toten” (Sob a bandeira dos Mortos) em 2019.
O som é basicamente Black Metal tradicional da segunda onda, com as características teutônicas: boas melodias, muitas passagens em tremolo, consideravelmente cru e direto, tecnicamente honesto e de gravação um tanto tosca,fórmula que casa bem com a proposta da banda. Apesar da falta de refinamento na produção, os instrumentos são plenamente audíveis. As letras e os vocais quase sempre ríspidos mantêm o alemão como língua base.
Qualquer fã das obras do mestre “J.R.R. Tolkien” se identificará com a temática do disco, apesar da língua distante e hostil aos falantes do português. Na relação das faixas ao final da resenha, constam os nomes traduzidos de cada música, para facilitar ao leitor.
“Wolkenbruchüber Amon Sul” é, ao mesmo tempo, a intro com efeitos sonoros de tempestade, e a primeira mostra da linha de Black Metal destilado pela banda. A faixa é ótima, tendo como único detalhe negativo o vocal limpo em alguns pontos. “Hügelgräberhöhen” se inicia atmosférica, transformando-se em um som agressivo e de ótimas melodias, com vocais excelentes.
“Trommeln in der Tiefe” é um interlúdio bacana, com jeitão de Dungeon Synth. Momento de relembrar aquele “Hobbit” tonto,curioso e desajeitado, que quase coloca tudo a perder para a “Sociedade do Anel” nas tumbas de “Moria”. “Flammenund Schatten”, som que faz alusão ao “Balrog”, odemônio das profundezas, é uma das melhores do álbum. Black melódico empolgante.
“Morgenröteam Pelennor” o som que anuncia a batalha de “Pelennor” soa tão épica quanto a cena do filme, e carrega na atmosfera. Os vocais em coro funcionam bem. “Fangorns Erwachen” a marcha dos “Ents” rumo à batalha é uma faixa veloz, potente, de percussão destacada em meio ao instrumental.
“In tiefen Verliesen” também soa direta e agressiva, com percussão menos variada e doses equilibradas de fúria e melodia, distribuídas no trampo de guitarras. “Der Einsamkeitletzter Streiter” fecha o trabalho com outra peça epopeica. Outro grande destaque do álbum, com seus quase nove belos minutos, de atmosférica bélica e clima de consternação.
O álbum de estreia do GRABUNHOLD é ótimo, trabalho sólido e que cria expectativa positiva por lançamentos futuros. Indicado aos fãs de HULDER (EUA), MEFITIS (EUA), ODAL (ALE), NAGELFAR (ALE), VARGRAV (FIN), HAVUKRUUNU (FIN), EMYN MUIL (ITA).
Relação das oito faixas do álbum, totalizando os 46:40 minutos de duração. Tradução livre dos títulos do alemão para o português entre parênteses:
1 – “Wolkenbruch über Amon Sul” (Chuva Torrencial sobre Amon Sul)
2 – “Hügelgräberhöhen” (Altura das Catacumbas)
3 – “Trommeln in der Tiefe” (Tambores nas Profundezas)
4 – “Flammen und Schatten” (Chamas e Sombras)
5 – “Morgenröte am Pelennor” (Aurora Vermelha em Pelennor)
6 – “Fangorns Erwachen” (O Despertar de Fangorn)
7 – “In tiefen Verliesen” (Em Masmorras Profundas)
8 – “Der Einsamkeit letzter Streiter” (O Último Lutador da Escuridão)
Destaques: A quarta “Flammenund Schatten” e a última “Der Einsamkeit letzter Streiter” soam bastante épicas e trazem aquele clima tenso das batalhas dos livros e filmes do universo “Tolkien”, em meio à pegada sombria e carregada do Black Metal tradicional e melódico.
